Papo exclusivo
"Como formadores de opinião, temos a obrigação de conscientizar e de ajudar", diz Luan Santana, que completa 30 anos neste sábado
Cantor, que estará no Domingão do Faustão, neste domingo, lembra fatos importantes e fala do atual momento, no meio da pandemia
Quem acompanha a trajetória de Luan Santana - repleta de hits, números astronômicos e shows para milhares de pessoas - se surpreende com o fato de o jovem meteoro, que conquistou o Brasil em 2009, estar completando só 30 anos neste sábado (13). Neste domingo, ele estará no Domingão do Faustão, fazendo uma participação especial no quadro Ding Dong.
Um dos maiores astros da música sertaneja, o cantor é mais um exemplo de artista que começa a trabalhar muito cedo, segue um planejamento à risca e, claro, faz apostas certeiras em sua vida profissional. Conheça um pouco sobre a história de Luan, entenda os motivos para o seu sucesso e confira uma entrevista exclusiva com o aniversariante.
Talentoso e exigente
Neste sábado, um dos grandes astros da nova geração da música sertaneja completa 30 anos. Para quem acompanha a trajetória de Luan Santana, pode até causar surpresa o fato de ele ser tão jovem, frente à quantidade de sucessos que o artista emplaca desde que estourou nacionalmente no meio musical, em 2008. Desde então, o guri é considerado uma referência na música sertaneja nacional.
Ele integra, ao lado de nomes como Victor & Leo e Jorge & Mateus, uma turma que modernizou o sertanejo, trazendo ares da cena pop para o gênero. Em entrevista ao DG, em 2017, o veterano Xororó citou Luan como alguém que transformou os shows sertanejos em megaespetáculos.
No entanto, para chegar onde está hoje, Luan trilhou um longo caminho. Nascido em 13 de março de 1991, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, chamava a atenção da família ao cantar, ainda pequeno, clássicos do sertanejo, como Muda de Vida e Chico Mineiro. Do pai, Amarildo Domingues, ganhou o seu primeiro violão.
Disco quebrado
Com a insistência de amigos, aos 14 anos, comandou uma festa em Jaraguari, no interior de seu Estado, cidade natal dos pais. Lá, gravou de forma amadora a canção Falando Sério. Só que ele não aprovou o resultado final e acabou quebrando o CD, pois não gostou da qualidade do som. Porém, um amigo ficou com uma cópia da gravação e postou o áudio da faixa no YouTube. Rapidamente, a música se espalhou e foi aprovada por fãs de sertanejo, que passaram a pedir a canção nas rádios de Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia e Paraná.
Em agosto de 2007, aos 16 anos, subiu ao palco pela primeira vez, mas de forma amadora. Foi em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, por conta do sucesso que Falando Sério fazia nos rankings das rádios da região e no YouTube.
A explosão
Em 2008, com a produção do consagrado Ivan Myazato, Luan lançou o disco que viria a mudar sua vida: Tô de Cara, que trazia a faixa Meteoro, forma como o cantor ficou conhecido pela rapidez com que explodiu no mercado.
No começo da trajetória, a pouca idade e o fato de cantar sozinho despertou certa desconfiança sobre seu futuro musical. Alguns críticos especulavam se ele poderia ser mais um “cantor de um hit só”. Mas, em 2009, o guri dissipou essa nuvem de dúvidas: atingiu a marca de 300 shows por ano, lançou um disco ao vivo - gravado em Campo Grande, para um público de 85 mil pessoas - e emplacou outro hit: Sobrenatural.
A partir daí, Luan foi só colecionando sucessos (que sempre pontearam as listas de canções mais tocadas no país), como Você de Mim Não Sai, Nêga, Incondicional, Tudo que Você Quiser, Cê Topa?, Escreve Aí, Chuva de Arroz e Asas, um dos grandes hits de 2020.
Depois do projeto 1977 (2016), no qual homenageou as mulheres e dividiu o palco com estrelas como Ivete Sangalo, mostrou seu ecletismo ao gravar canções em parceria com artistas como Nego do Borel (a faixa Contatinho)
e a cantora pop paulista
Tiê Gaya (a canção Duvido).
Na vida pessoal, discrição
Uma das características mais marcantes da personalidade de Luan é a capacidade de se manter longe de polêmicas, embora a relação com a estilista Jade Magalhães tenha sido alvo de muita curiosidade. O casal se conheceu em 2012, quando a então fã subiu ao palco para dançar com o sertanejo em um show. Entre idas e vindas, ficaram noivos em 2019, mas se separaram definitivamente no ano passado.
Gente que faz
Com a chegada da pandemia, Luan, como todos os artistas, acabou sendo afetado em sua principal atividade: shows presenciais. Fez algumas lives em 2020. Duas ganharam mais destaque: em junho, em uma apresentação especial para celebrar o Dia dos Namorados, cantou na apresentação online batizada de Love em Casa, transmitida pela Globo.
Já em novembro, fez um show virtual para ajudar o Pantanal, região atingida por inúmeros incêndios.
– O Pantanal faz parte da minha vida. Nasci em Campo Grande. As minhas melhores memórias são neste local. Além de ser brasileiro, cidadão, nascido e criado no Mato Grosso do Sul, artista, formador de opinião, me senti no dever e na obrigação de socorrer esse meu pedaço de chão. A união faz a força - afirma Luan.
Novo projeto
A ideia para o seu mais recente trabalho surgiu de seu gosto por cantar e tocar junto aos seus, de forma intimista. O projeto Confraternização Família Santana é derivado de uma gravação que rolou em um momento de folga, em dezembro de 2019, em seu sítio em Porecatu, no Paraná.
Ele convidou alguns músicos para tocar e jogar conversa fora ao lado de seus familiares. No repertório, clássicos da música sertaneja, como Rastro da Lua Cheia, Foi Covardia, Um Homem Apaixonado e Eu Mereço.
O projeto, com 17 canções, tem lançamento previsto para o dia 27 de agosto. Será dividido em três EPs, sendo dois com seis faixas e um com cinco. Durante nove semanas, o público terá acesso ao material e, a cada quatro dias, um vídeo será disponibilizado nas plataformas digitais.
- É um audiovisual com clássicos que fazemos nas reuniões de família, que foi gravado quando nem imaginávamos passar por isso (a pandemia). Agora, resolvemos transformar em DVD - conta.
"A minha essência é a mesma”
Em entrevista exclusiva ao DG, Luan fala sobre ter atingido tantos objetivos mesmo sendo tão jovem e sobre os desafios de fazer música durante a pandemia.
Com apenas 30 anos, você já atingiu objetivos que muitos músicos demoram muito mais tempo para alcançar. Como enxerga isso?
Eu comecei a cantar com 11 anos. Aos 17, estava lançando Meteoro, uma grande explosão. Depois disso, graças a Deus, vieram outros hits que me fortaleceram ainda mais e me fizeram ficar e estar aqui hoje, buscando uma carreira internacional, depois de 13 anos e aos 30 anos de idade. Eu enxergo como um processo natural de alguém que sempre persistiu e buscou o seu sonho. Sou grato.
Já fez diversos trabalhos, gravou DVDs inovadores, como aquele captado em Itu, em 2013 (O Nosso Tempo É Hoje). O que tem em mente para os próximos anos?
Eu gosto do novo. De ser desafiado e desafiar. O meu último grande projeto foi o DVD Viva, gravado em Salvador, na Bahia (em 2019), que acredito ter sido um dos maiores (shows que já fez), com uma estrutura lindíssima: cenário high tech, 30 toneladas de equipamentos, pirotecnia, fogos de artifícios e painéis gigantescos. Infelizmente, a pandemia nos tirou muitos projetos. Penso em fazer algo bacana em 2021, já com a carreira internacional. Estamos no processo de produção e composição. Em breve, vem muita coisa boa por ai! O Luquinhas (Lucas Santos), que mora em Los Angeles (nos Estados Unidos), produz remotamente e o Gabriel Lolli, aqui do Brasil. Estamos fazendo um trabalho a três. Estou em estúdio direto, criei uma casa-estúdio, na região de Alphaville, em São Paulo.
Hoje, olhando para o começo da sua carreira, o que mudou em você? E o que acha que permanece igual?
A minha essência é a mesma. Continuo o mesmo menino sonhador de 17 anos. Claro que lapidado e muito mais forte. Eu amadureci na imagem e no som. É um processo natural. Parafraseando o Raul Seixas (1945 –1989), a gente é um ser mutante, uma metamorfose ambulante. Me sinto na melhor fase da minha vida e da minha carreira: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar, cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
Que papel acredita que o artista tem neste momento, em que a pandemia persiste? E como você mantém a organização da carreira com tanto tempo sem shows presenciais?
Como formadores de opinião, temos a obrigação de conscientizar e de ajudar. Fizemos lives para arrecadar alimentos. Foram diversas toneladas para muitas instituições. Em especial, para a Cufa (Central Única das Favelas). Teve também o meu pedido de socorro ao Pantanal. Tenho me dedicado ao projeto da carreira internacional.
Se pudesse listar alguns momentos inesquecíveis da sua trajetória, quais seriam?
A primeira vez que ouvi a minha música na rádio e fui a um programa de TV (em 2009) que, foi o da Hebe (Camargo, 1929 – 2012). A primeira vez que as pessoas me pararam em um lugar me reconhecendo como famoso e todas as vezes em que subo no palco. Mesmo em 13 anos, cada show é uma nova emoção, é diferente. E cada cidade, país ou Estado tem sua peculiaridade.