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Relações abusivas ou tóxicas: qual é a diferença entre as duas?
As principais diferenças entre uma e outra estão na intensidade dos danos e nas consequências
No Big Brother Brasil 21, o envolvimento entre Arthur Picoli e Carla Diaz, eliminada do reality show na terça-feira com 44,96% de rejeição, deu o que falar. Segundo comentários nas redes sociais de fãs do programa e especialistas na área de saúde mental, a atriz foi vítima de ações tóxicas e abusivas por parte do instrutor de crossfit.
Ontem, em entrevista ao programa Mais Você, Carla assistiu às imagens com as atitudes de Arthur e se mostrou chocada e chateada. Ainda na conversa com Ana Maria Braga, atribuiu a eliminação ao relacionamento conturbado:
– Estou chocada, chateada, processando tudo o que estou vendo. Não desejo isso para mim nem para mulher nenhuma. Estou sendo julgada por algo que não vi. Me entreguei, me joguei, fiquei cega. Não é fácil ver esses vídeos, mas estou com a minha consciência tranquila. Se a pessoa não foi recíproca comigo, azar o dela.
Afinal, qual é a diferença entre as relações tóxicas e as abusivas? Adriana Ferreira Silva, professora da Faculdade Senac Porto Alegre e psicóloga clínica, explica as características de cada uma.
Desequilíbrio no relacionamento afeta a autoestima
Uma vez identificado o desequilíbrio no relacionamento, que pode trazer prejuízos para a qualidade de vida das pessoas envolvidas, é importante também saber se trata-se de uma relação tóxica ou abusiva.
A psicóloga Adriana aponta que as principais diferenças entre uma e outra estão na intensidade dos danos e nas consequências que cada uma pode causar no dia a dia de quem vive a relação, especialmente quem está mais vulnerável.
— Nas relações tóxicas, o prejuízo causado é de ordem psicológica. São capazes de minar a alegria e de contagiar com desânimo e pessimismo. Podem ocorrer nos mais variados contextos: entre namorados, familiares, pais e filhos, amigos e colegas de trabalho, entre outros. Despertam na vítima medo constante das questões de vida e disseminação de energia e pensamentos negativos. Ou seja, a vítima também pode se tornar uma pessoa tóxica, afetando outras — explica Adriana, que completa:
— Já nas relações abusivas, o prejuízo é psicológico e físico, pois a conduta do abusador tende a se tornar muito invasiva, até agressiva. A vítima, geralmente, se sente culpada por tudo, pois, ao olhar do abusador, tudo o que ela faz é errado. Esses relacionamentos despertam na vítima pânico, solidão, culpa, sofrimento, afastamento, prejuízos cognitivos, depressão e até pensamentos suicidas.
Ainda de acordo com a especialista, os sentimentos comuns a ambos os casos são baixa autoestima, medo e necessidade de afastar-se das demais pessoas com o intuito de não irritar o opressor.
Para Adriana, a relação que Arthur e Carla viveram dentro do BBB 21 tem características tóxicas:
— Por causa do relacionamento, Carla deixou de jogar. Ele a deixava insegura. Muitas vezes, esquecemos de cuidar de nós mesmos. Isso propicia que pessoas tóxicas se aproximem.
Fique atenta!
Para identificar se você está em um relacionamento tóxico ou abusivo, a psicóloga alerta que é necessário prestar atenção aos sinais.
— O relacionamento abusivo ou tóxico é comandado por um sedutor, que faz o verdadeiro "morde e assopra"! Se você está enfrentando limites impostos pelo cônjuge ou situações desconfortáveis provocadas pelo par, você é vítima de abuso psicológico — alerta Adriana.
Sinais de alerta
Observar comportamentos corriqueiros do outro no dia a dia, segundo a especialista, pode indicar prematuramente se você está participando de um relacionamento abusivo. Portanto, fique atenta se a pessoa tem as seguintes atitudes:
— Ignora ou evita a sua presença.
— Ofende você e diz que é só brincadeira.
— Fala mal de suas ações para os amigos.
— Diz que não quer uma relação séria, mas não se afasta.
— Questiona as suas amizades o tempo todo.
DEIXA EU TE CONTAR
Esse assunto é muito sério. Quando alguém vive uma relação tóxica ou abusiva, pode encontrar dificuldade para perceber isso. Então, apontar o dedo e apenas julgar as pessoas envolvidas não é a melhor forma de ajudar quem está vivendo algo assim.
Estenda a mão, seja a pessoa de confiança, procure ouvir, faça com que a vítima se questione sobre o tipo de relação que vive no momento. Incentive essa pessoa a buscar ajuda profissional, uma terapia para compreender o que sente, como se sente e se, realmente, aquela relação faz sentido para o seu futuro.