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Marvvila: "O movimento do pagode só tem a ganhar com mais mulheres nessa caminhada"

Cantora carioca é uma das poucas vozes femininas no gênero musical

27/04/2021 - 10h58min


Amanda Souza
Amanda Souza
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Bruno Fioravanti / Divulgação
Marvvila é a intérprete dos hits "Dizendo por Dizer" e "A Cada Beijo"

Desde a década de 1990 até a chegada de novos expoentes, como Ferrugem e Dilsinho, o pagode sempre foi um ritmo dominado pelos homens. Mas Marvvila, 21 anos, pretende interromper essa tradição e se impor como a nova voz feminina do gênero. 

A carioca, cujo nome de batismo é Kassia Marvila, começou a cantar aos cinco anos na igreja em que frequentava com a família. Na adolescência, se encantou pelo samba e pelo pagode por meio dos versos de Ferrugem, Péricles e Alcione. Em 2016, se inscreveu no The Voice Brasil e foi longe. A participação proporcionou à artista o primeiro contato com grandes palcos, onde conquistou diversas oportunidades e os primeiros fãs:

– Foi fundamental para começar a olhar o canto como profissão.

No palco do reality show musical da Globo, ficou conhecida por soltar a voz em clássicos do R&B e do pop internacional, mas a trajetória profissional no pagode começou em 2018, quando passou a divulgar vídeos no YouTube para mostrar sua potência vocal no estilo. De lá para cá, já fez dueto com Ferrugem e participou do EP de pagode de Ludmilla, Numanice, na faixa Não É por Maldade.

Neste bate-papo, a cantora, que é a intérprete dos hits Dizendo por Dizer e A Cada Beijo, conta detalhes de sua carreira e como pretende se firmar no meio musical.

Como começou a sua trajetória na música?
Eu canto desde os cinco anos. Cresci ouvindo muito gospel, porque acompanhava os meus pais na igreja próxima de onde a gente morava (no bairro Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro). Essa foi a minha influência até os 13 anos. Na escola, comecei a descobrir o pagode. Tinha dois amigos que levavam o cavaquinho para as aulas de música e, como não tinha ninguém para cantar, comecei a ouvir esse estilo para brincar com eles. Sempre tive isso como hobby até entrar no The Voice Brasil, em 2016.

O que a participação no The Voice Brasil acrescentou em sua formação artística?
O The Voice foi muito importante para mim. A partir dali, comecei a encarar a música como profissão. Foi fundamental para começar a olhar o canto como profissão. As pessoas sempre me chamavam para cantar em festas, casamentos, aniversários, e eu fazia tudo de graça, porque amava. Sempre gostei de cantar, mas saí do reality show com esse sonho se tornando cada vez mais real e sendo mais respeitada no meio da música.

Você é uma das poucas vozes femininas no pagode. Como é enfrentar essa realidade e ocupar um espaço dominado, até então, por homens?
Há muitas mulheres com esse mesmo sonho que eu, nessa mesma luta para dar mais representatividade a meninas mais novas e que sempre quiseram se aventurar no pagode. Fico muito feliz quando recebo mensagens de meninas que estão começando a botar a cara no gênero. Quando a gente se identifica com uma pessoa, o nosso objetivo fica muito mais claro. O movimento do pagode só tem a ganhar com mais mulheres nessa caminhada.

Sentiu medo de sofrer preconceito em um meio predominantemente masculino?
Já tive muito medo de não me encaixar em um gênero que tem tantos homens, mas quando entendi que era isso que eu queria seguir, que queria fazer, perdi esse medo. Quando perdi esse receio, foi libertador, porque soube que estava dando voz a outras mulheres.

Recentemente, a cantora pop Luísa Sonza lançou a canção Cansar Você, uma parceria com o pagodeiro Thiaguinho. Pensa em fazer uma dobradinha com artistas de outros gêneros musicais? Acha que rende uma mistura interessante?
Com certeza. Mulheres como a Luísa Sonza atraem mais ouvintes para o pagode. Tem que haver essa mistura mesmo.

Quais são as suas principais referências musicais?
Logo que eu comecei a ouvir pagode, eu me identifiquei muito com o Ferrugem. Achei a voz dele muito diferente de tudo o que eu já tinha escutado. Depois, fiquei apaixonada pelo trabalho do Péricles, a verdade que ele passa na voz é absurda. Me identifico muito com a força da Alcione na voz e nas letras, sempre cantando sobre o feitiço das mulheres. 

Como foi participar de trabalhos ao lado de Ferrugem e Ludmilla? Como rolou essa aproximação com eles?
Logo depois que saí do The Voice, eu comecei a postar vídeos, cantando pagode, no YouTube e no Instagram. Alguns viralizaram, e muita gente começou a mandar mensagens me parabenizando. Eles foram algumas dessas pessoas. E isso tudo foi muito importante para firmar o meu espaço no pagode. Me senti muito abraçada pelos fãs do gênero.

Quais são os planos para o futuro?
Já tenho algumas músicas inéditas gravadas, parcerias. O que eu mais quero é ver, um dia, o meu som sendo referência, ver a minha música tocando corações, mudando vidas. Meu sonho é ser respeitada pelo meu som.


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