Reinvenção no setor cultural
"Tem que ver o lado cheio do copo", diz MC Jean Paul
Funkeiro, para tentar superar a crise criada pelo coronavírus, lançou uma marca de roupas
Até março de 2020, a agenda de shows de MC Jean Paul era uma das mais lotadas da música gaúcha. Em alguns meses, o artista tinha mais apresentações do que dias no calendário, já que o funkeiro trabalhava em dois ou três eventos na mesma noite: em casas noturnas, festas de formaturas, aniversários ou casamentos. Porém, veio a pandemia...
- Me pegou de surpresa, claro. Tínhamos várias formaturas, casamentos, festas de 15 anos, tudo agendado - lembra o músico.
No início da pandemia, como tudo era muito novo para todos, ele lembra que “existia uma perspectiva de que os eventos, e o mundo, pudessem voltar ao normal em alguns meses”.
- Na época, se falava em uma espécie de volta à normalidade quando a curva de contágios fosse achatada. Mas nada voltou ao normal. Em abril do ano passado, fizemos a primeira live, quando elas estavam no ápice, todo mundo estava gostando. Mas a gente começou a se preocupar, principalmente, quem vive só de eventos. Esses profissionais estão devastados. Acho que essa ilusão que foi criada, de que poderia acontecer uma volta ainda em 2020, fez com que a gente não pensasse em outras saídas - reflete Jean.
Sonho realizado
No ano passado, ele conta, "a palavra que mais ouvia era reinvenção". Com uma equipe que dependia, e depende, de seus shows, Jean Paul teve que colocar em prática uma ideia que tinha há anos: lançar uma marca de produtos com seu nome. Afinal, potencial e fãs, ele sempre teve.
- Quem você conhece, no Rio Grande do Sul, que tem mais de 200 fãs tatuadas com o seu nome (risos)? - lembra.
Com produtos, como chinelos e camisetas (que podem ser adquiridos neste link e que terão 10% da renda obtida destinada ao Instituto do Câncer Infantil),
Jean começou, como ele mesmo gosta de dizer, "a ver o lado cheio do copo". Mesmo que, há duas semanas, ele tenha perdido seu empresário e amigo, Otávio Frota Júnior, o Frotinha, ex-rei momo da Capital, morto de maneira violenta após um acidente de trânsito na BR-116.
- Você sempre escuta essa frase, não é? E acredito que chegou a minha hora de colocá-la em prática - diz ele.
Reflexão virou música
Durante a pandemia que se estende, Jean fez também uma reflexão sobre o papel fundamental que o artista tem na sociedade, o que o levou a compor a música Tudo Vai Dar Certo, cujo clipe já rola no canal do YouTube do cantor.
- Como artista, nós temos uma missão. Claro, tenho família, filho, preciso trabalhar. Mas, a gente nunca pode esquecer o nosso propósito: iluminar as profundezas da vida humana. Agora, o artista tem um papel fundamental. Essa música veio, justamente, em um momento no qual as pessoas estão desanimadas, só ouvindo notícia ruim. Ela vem com o objetivo de criar uma nova onda de fé, de esperança na garra, no amor. Fiz essa música por entender que as pessoas precisavam ouvir isso - explica.
Sobre o futuro dos shows, Jean ainda demonstra cautela. Ele acredita que alguns pequenos eventos começarão a ocorrer, mas só quando a maior parte da população estiver vacinada.
- Mesmo assim, acredito que os artistas terão que pensar além dos shows e da área de entretenimento - finaliza o cantor, que fará uma live para celebrar 19 anos de carreira nos próximos meses.