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Reinvenção no setor cultural

"Temos que pensar fora da caixa", diz Fernando, do Alma Gaudéria

Músico aposta em formatos diferentes para o setor, pós-coronavírus

23/04/2021 - 17h17min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Divulgação / Divulgação
Fernando convoca os músicos a pensarem fora da caixa

 Quem conhece o meio nativista sabe que Fernando Espíndola, líder do Alma Gaudéria, não perde uma chance de inovar, pensar positivo e passar boas mensagens para as pessoas.

Uma das iniciativas do músico foi criar o Espaço AG, uma espécie de estúdio - na Vila Jardim, zona norte da Capital - na casa em que Fernando mora e onde o grupo ensaia, para que artistas possam gravar suas músicas e transmitir suas lives. Outra, no fim de 2020, foi a realização pequenos shows itinerantes, feitos de cima de um caminhão, que passaram por bairros de algumas cidades gaúchas. O principal intuito era a distribuição de alimentos. 

 Covid-19 na família 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Gaúcho da Fronteira foi um dos artistas que gravou no espaço AG

 

Porém, até mesmo esse cara tão querido da música gaúcha passou pela experiência de perder familiares para a pandemia de coronavírus, a exemplo de milhares de brasileiros. 

- Faz 45 dias que venho lidando com a covid-19 na família. Levanto de um lado, caio de outro - relata. 

Há cerca de 15 dias, sua sogra, Rosana, 65 anos, morreu após poucos dias internada por conta da doença. Logo em seguida, ele e a esposa, Janaína, contraíram o vírus e foram internados. 

- Achei que ia morrer, precisei de oxigênio. Há cerca de 20 dias, minha irmã, Fernanda, que mora em Santa Maria, também pegou e está entubada - conta.

Postura firme

Mas Fernando retoma a postura pela qual sempre foi conhecido. É duro ao afirmar que o entretenimento não deve ser retomado neste momento.

- Claro que eu precisava e preciso que o entretenimento volte, mas não tem como voltar, não é seguro. As pessoas têm que entender que essa doença não é brincadeira. Quem viveu na pele sabe que não é seguro voltar - diz.

Na sequência, ele traça novos cenários para a área, convocando os colegas a pensarem "fora da caixa" e a entenderem que o setor nunca mais será o mesmo.

- Esse retorno tem que ser gradual. Vamos ter que pensar mais ainda fora da caixa, aliar cultura ao turismo, por exemplo. Que pontos turísticos das cidades tenham pequenos shows, sem a menor possibilidade de aglomeração. E as lives, por mais que os pequenos shows em bares voltem, seguirão presentes por um bom tempo. É um desafio. Não temos a perspectiva de esse formato (de shows presenciais) voltar. Temos que pensar diferente. Agora, é uma nova forma de fazer arte. Como monetizar esses novos trabalhos, as lives? Esse é o desafio - questiona Fernando, que completa:

- Se viabilizarmos as lives financeiramente, é possível que sigam fortes, junto com shows presenciais. E sempre é importante lembrar que os artistas terão demanda represada de shows, claro. Mas o povo terá dinheiro e se sentirá seguro para ir em um show com mil, duas mil pessoas?


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