Noveleiros
Michele Vaz Pradella: O fim da "obra aberta"?
Com a pandemia, as próximas novelas devem estrear todas já gravadas até o final
Um dos grandes clichês sobre teledramaturgia é de que "novela é uma obra aberta". Isso quer dizer que, apesar de estrear com uma leva de capítulos já gravados, ao longo da história, o público tem um certo poder sobre o futuro dos personagens. Até o último capítulo, casais podem romper, vilões são capazes de se regenerar, tudo depende da aceitação dos telespectadores. Atentos aos sinais que o povo dá do lado de cá da telinha, autores e diretores recalculam a rota, ou seja, tudo pode mudar até o "FIM". Mas, por conta das dificuldades impostas pela covid-19, podem acontecer algumas alterações no jeito de fazer novela.
Amor de Mãe, gravada e finalizada no final de 2020, foi ao ar neste ano, totalmente pronta. O mesmo ocorre com Salve-se Quem Puder atualmente. As próximas produções, nos três principais horários da Globo, só vão ao ar depois de gravadas do início ao fim.
Nos Tempos do Imperador tem estreia prevista para agosto no horário das seis, já que foi a primeira a começar os trabalhos – e paralisar algumas vezes – há mais de um ano. Às 19h, a emissora já confirmou a reprise de Pega Pega (2017), que segura o horário até a finalização de Quanto Mais Vida Melhor.
O horário nobre, por enquanto, segue indefinido, mas já há rumores de que outra trama do passado pode ir ao ar, conforme o andamento das gravações de Um Lugar ao Sol.
Prós e contras
Exibir novelas gravadas na íntegra e sem possibilidades de alteração é controverso. Caso vire regra após o fim da pandemia, isso tirará do público o sabor de comentar a história "em tempo real", interagir com elenco e autores, dando indicações do que está ou não agradando. Tirar esse "poder" dos telespectadores é uma aposta arriscada.