"Tô certo ou tô errado?"
"Roque Santeiro" é relançada no streaming; veja curiosidades da novela
Folhetim de 1985 é lembrado até hoje por sua sátira à exploração política
A luta de classes e a sátira à exploração política são marcas de Roque Santeiro, novela de 1985 que é um considerada uma das tramas mais atemporais da teledramaturgia nacional. Nesta segunda-feira (21), o Globoplay ldisponibiliza todos os capítulos do folhetim na íntegra, seguindo com o projeto de relançamento de novelas no streaming.
Roque Santeiro é ambientada na fictícia cidade de Asa Branca e acompanha os supostos milagres de Roque (José Wilker), que teria morrido como mártir após defender o local de um bandido. O falso santo, porém, reaparece em carne e osso alguns anos depois e ameaça o poder e a riqueza das autoridades locais - como o conservador padre Hipólito (Paulo Gracindo), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bógus) e o temido fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte).
Sinhozinho é lembrado até hoje por ter sido o amante da viúva do santo, Porcina (Regina Duarte), e por personificar o poder econômico na trama. Ele faz uma estrada passar por sua fazenda e, por suas frases, representa a luta do empresariado com os governantes locais. Tudo isso sempre embalado com o bordão "tô certo ou tô errado?".
Abaixo, GZH destaca algumas curiosidades da novela, um dos sucessos da década de 1980. Confira:
- Roque Santeiro foi feita a várias mãos. Mesmo sendo a primeira novela na faixa da faixa das 20h de Dias Gomes, a trama foi assumida por Aguinaldo Silva a partir do capítulo 41. Ele contava com a ajuda de Marcílio Morais e Joaquim de Assis, e a pesquisadora Lilian Garcia. Depois, por volta do capítulo 163, Dias Gomes voltou para finalizar o roteiro.
- A novela contou com várias participações especiais, como Lilian Lemmertz, Dennis Carvalho, Marcos Paulo, Paulo César Pereio, Tarcísio Meira, Cláudio Gaya e Jorge Fernando. Os dois últimos interpretaram costureiros da capital que foram a Asa Branca fazer o vestido de noiva da Viúva Porcina. Ao mesmo tempo, Roque Santeiro também marcou as estreias de Maurício Mattar, Claudia Raia e Patrícia Pillar na dramaturgia.
- Regina Duarte marcou época por sua atuação como Porcina. Ela não foi o primeiro nome pensado para o papel. Segundo Lima Duarte, atrizes como Sônia Braga, Vera Fischer, Marília Pêra e Fernanda Montenegro foram sondadas.
- Matilde, vivida por Yoná Magalhães, garantiu uma experiência marcante para a atriz: por conta de seu personagem, ela vestiu pela primeira vez uma malha na televisão. As vestes e sua postura chamaram a atenção do público e, meses depois, a atriz, na época com 51 anos, foi convidada para posar para a Playboy.
- Roque Santeiro teve uma versão em 1975 que foi censurada - e vários atores voltaram para a releitura 10 anos depois com personagens diferentes. A atriz Elizangela, por exemplo, estava escalada para viver Tânia em 1975, mas foi retirada. Assim, em 1985, pediu ao diretor Paulo Ubiratan para integrar o elenco e ganhou o papel de Marilda. Marcos Paulo enfrentou o mesmo dilema: após ter sido cortado como Gerson na década de 1970, ele fez uma participação especial nesta versão final e dirigiu alguns episódios.
- A trilha sonora de Roque Santeiro é lembrada até hoje e fez história: pela primeira vez, a gravadora deixou de produzir a trilha internacional de uma novela para lançar um segundo volume da trilha nacional. O primeiro disco nacional vendeu mais de meio milhão de cópias em apenas três meses.