Estrelas da Periferia
Batalha pela cultura hip hop: conheça Rai
Rapper de Alvorada fundou um estúdio para apoiar artistas e planeja criar biblioteca e centro comunitário.
Natural do bairro Stella Maris, em Alvorada, Rai Gutierrez, 25 anos, ganhou destaque na cidade como músico e produtor. Além disso, ele é o fundador do estúdio La Toca Records, no mesmo município, uma referência para os jovens artistas da Região Metropolitana.
- Comecei do zero, sozinho, sem nenhum apoio do governo ou algo parecido. Desde pequeno, me interesso pelo hip hop. Aos 15 anos, dei início aos trabalhos no rap, cantando em eventos no bairro onde resido. Mais tarde, já mais velho, passei a fazer apresentações em eventos em outros lugares. Tenho orgulho de manter a essência de resistência, revolução e crítica original do hip hop, escapando dessa nova vertente, que anda muito focada em ostentação, dinheiro, sexo e drogas - afirma o músico.
Além do estúdio, Rai tem uma sólida carreira artística. Em 2014, lançou sua primeira mixtape (conjunto de músicas sobre diversos assuntos, diferente de um álbum, que tem um conceito ou tema). A produção conta com 11 faixas autorais e participações especiais de nomes da cena local (como o grupo Foras da Lei e o produtor Maurício MDN), além do apoio de outro artista conhecido na região: DJ Ita.
Parcerias
Depois de divulgar vários singles, em 2020, lançou outra mixtape, batizada de Remanescentes, com 12 faixas e uma característica que se tornou sua marca registrada: parceria com músicos locais. Nesta oportunidade, ele chamou o MC DRK, de Guaíba, para a gravação.
Já neste ano, decidiu levar para o mercado o seu primeiro EP, Catarse, cheio de críticas sociais e mensagens importantes, como ele explica:
- Tento me colocar como a personificação da periferia que é invisível para o resto do mundo. Ao mesmo tempo, tento cobrar direitos básicos para as pessoas. Cobro da própria periferia, que não pode aceitar injustiças.
Entre as faixas do disco, que foi gravado no La Toca Records, claro, estão canções como Solteiro: Vou Fazer o Jogo Virar. Além de exímio compositor, Rai também tem paixão pela leitura, algo que ajuda o músico a enxergar o mundo de maneira mais clara:
- Meus sons, desde o início, trazem letras que retratam a realidade do bairro em que moro e de outros que visitei, narrando o cotidiano, apontando alguns problemas sociais e contando algumas histórias de amigos próximos. Com o passar do tempo, desenvolvi o hábito da leitura, que me ajuda nas letra e no entendimento de vários assuntos. Tenho um projeto para desenvolver, futuramente, uma biblioteca comunitária e um centro cultural aqui no bairro.
Pitaco
Diego Garcia, produtor artístico, fala sobre o trabalho de Rai:
- O artista faz um rap melody, explorando uma sonoridade dos efeitos de sua voz como destaque. A música dele tem uma letra pesada da realidade das periferias gaúchas.
Aqui, o espaço é todo seu
- Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.
- Para falar com Rai, ligue para 99580-3592