Tá bombando
Conheça a história de "Baile de Favela", funk que embalou a prata de Rebeca Andrade em Tóquio
Após ser a trilha sonora da apresentação da ginasta nas Olimpíadas, música de MC João voltou a ser sucesso
Lançada em 2015, a música Baile de Favela, composta e interpretada pelo paulista MC João, foi um sucesso na época e um dos hits do Ano Novo de 2016. O funk acabou voltando a receber holofotes, após mixado com a composição Toccata and Fugue, do alemão Johann Sebastian Bach, por ter sido a trilha que embalou a conquista da medalha de prata da ginasta Rebeca Andrade nas Olimpíadas de Tóquio, nesta quinta-feira (29).
Desde a primeira apresentação da atleta brasileira na competição, há quatro dias, o hit de MC João disparou nas pesquisas no Google. Apenas na plataforma Deezer, o funk teve um crescimento de 331%. O clipe da música, no canal do YouTube da produtora KondZilla, conta atualmente com 231 milhões de visualizações — agregando mais de 10 milhões de acessos em cinco dias. Nos comentários do vídeo, vários internautas contam que foram assistir à produção após a apresentação de Rebeca.
Conheça a história da música que voltou a bombar em cinco pontos:
Polêmica
Na época de seu lançamento, a música causou polêmica por conta de sua letra, que remete ao sexo explícito e foi acusada de promover a cultura do estupro. Em determinado verso, MC João canta: "Que ela veio quente e hoje eu tô fervendo/ Mexeu com o R7 vai voltar com a x... ardendo (vai)". Em outro ponto da canção, o músico diz: "E na rua 7 baile de favela/ E os menor preparado pra f... com a c... dela (vai)", diz outro.
Reescrita
Em entrevista ao G1, em 2016, MC João defendeu sua música, alegando que não incentivou a violência contra a mulher. Ele reforçou que diz, na letra, "ela veio quente". Esta frase, de acordo com o cantor, dá a entender que a mulher "está na mesma intenção que eu". Quando a música estourou, uma versão menos polêmica, no entanto, foi produzida, substituindo os versos "proibidões" por outros menos ofensivos: "Mexeu com Mc João vai ter que mostrar o seu talento (vai)" e "E os menor preparado tudo pra dançar com ela (vai)".
Foi no improvisado
MC João alega que o funk Caçador de Pererecas por pouco não estourou e, ao voltar para o estúdio para gravar outra música, esqueceu a letra. Baile de Favela, então, nasceu de um improviso. Ele começou a cantar a partir de um refrão que tinha pronto, "Ela veio quente, hoje tô fervendo". Na sequência, ele citou, no ritmo, os bailes pelos quais passou. Pronto, nasceu o hit.
Mudança de vida
Baile de Favela, em seu lançamento, dividiu o top 10 do Spotify e do iTunes no Brasil com Justin Bieber e Anitta. Antes do sucesso da música, MC João era office-boy e recebia um salário de R$ 620, valor com o qual cuidava da mãe, com problemas de saúde, e duas irmãs, após a morte do pai. Em março deste ano, o funkeiro lançou o Baile de Favela Records, escritório para lançar e orientar novos artistas. O artista, hoje com 30 anos, conseguiu comprar uma casa para ele e sua mãe, mesmo sem ter recebido dinheiro pelo sucesso da música no YouTube, por ter "assinado um contrato ruim".
"Funk do Bolsonaro"
Em 2018, Baile de Favela voltou a ser assunto por ter ganhado uma versão pró-Bolsonaro. O Proibidão do Bolsonaro, feito pelo apoiador do presidente MC Reaça (1994-2019), com a mesma batida da música original, defendia a eleição do então candidato à Presidência da República. MC João, várias vezes, tentou retirar a versão da internet e afirmou, em entrevistas, que não autorizou a adaptação, além de destacar que nela tem "coisas grotescas e ofensivas". Após a apresentação de Rebeca Andrade, circulou pela internet uma notícia falsa alegando que a música com a qual a ginasta se apresentou era o "funk do Bolsonaro", referindo-se à versão de MC Reaça. O compositor da trilha sonora apresentada em Tóquio, o produtor musical Misael Passos Junior, em sua conta no Instagram, destacou que a música era, de fato, Baile de Favela, de MC João.