Dose dupla
Relembre atores e atrizes que interpretaram gêmeos na telinha
Desafio dos intérpretes é dar características diferentes a cada personagem
Vida de ator não é fácil. Decorar textos, trocar de figurino, gravar várias sequências, repetir se não ficaram boas... Agora, imagine fazer isso tudo duas vezes? É o que acontece quando o mesmo intérprete se divide em papéis de gêmeos. Aí, há ainda a dificuldade de imprimir características próprias a cada personagem, a ponto de fazer o público pensar que são atores diferentes em cena.
Cauã Reymond já viveu essa experiência de trabalho dobrado na minissérie Dois Irmãos (2017), na qual viveu Omar e Yaqub. E a partir de novembro, o galã estará mais uma vez em dose dupla na telinha. Na próxima novela das 21h, Um Lugar ao Sol, ele será Christian e Renato, gêmeos que são separados ainda bebês.
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Surpresa em dobro
Tony Ramos já formou par romântico com várias Helenas de Manoel Carlos, mas em Baila Comigo (1981), ele interpretou os filhos da protagonista, aqui vivida por Lilian Lemmertz (1937 – 1986).
João Victor foi criado pelo pai, um rico empresário. Quinzinho, que nunca imaginou ter um irmão gêmeo, levava uma vida simples ao lado da mãe e do padrasto. Muitos anos se passaram até que os dois ficassem frente a frente, em uma cena emocionante. Vale a pena conferir no Globoplay, para quem é assinante da plataforma.
A boa e a má
Quando se fala em gêmeos de novela, a primeira dupla que vem à cabeça de muita gente é Ruth e Raquel. As personagens, interpretadas por Gloria Pires em Mulheres de Areia (1993). eram iguais na aparência, mas opostas na personalidade.
Já dizia Tonho da Lua (Marcos Frota):
– A Ruthinha é boazinha, a Raquel é má.
E era isso mesmo. Ao longo da trama, a vilã tentou se passar pela irmã e, por algum tempo, enganou o ingênuo Marcos (Guilherme Fontes), que chegou a se casar com a irmã errada. Mas como toda a farsa é desmascarada no final, Raquel teve um final à altura de suas maldades.
Para quem não sabe, a novela de Ivani Ribeiro (1922 – 1995) é uma adaptação da história que foi ao ar originalmente em 1973, na extinta TV Tupi, com Eva Wilma (1933 – 2021) na pele das gêmeas.
Duas faces da mesma moeda
Em Cara & Coroa (1996), o destino colocou na mesma cela as gêmeas Vivi e Fernanda, interpretadas por Christiane Torloni. Impressionadas com a semelhança física e com a coincidência de terem sido presas injustamente por crimes que não cometeram, elas nem imaginavam que a situação só pioraria: Fernanda teve um derrame e ficou em coma, enquanto Vivi foi obrigada pelo vilão Mauro (Miguel Falabella) a tomar o lugar da sósia.
Ao longo da novela, as duas trocaram de lugar várias vezes, em um jogo que confundiu até o telespectador mais atento.
Só Iemanjá na causa
Na novela Porto dos Milagres (2001), o vigarista Félix Guerreiro (Antonio Fagundes) não pensou duas vezes antes de passar a perna no próprio irmão, Bartolomeu. Adma (Cássia Kis) envenenou o cunhado, e Félix tomou o lugar dele na casa e nos negócios.
Somente anos depois, graças aos desígnios de Iemanjá, Rainha do Mar, o herdeiro legítimo de Bartolomeu foi encontrado: Guma (Marcos Palmeira) entrou na mira da titia do mal e enfrentou perigos para ter sua origem reconhecida.
Trabalho triplo
Murilo Benício uma, duas, três vezes na mesma novela? Só mesmo em uma trama de Gloria Perez! Atual reprise do Vale a Pena Ver de Novo, O Clone (2001) começa com os irmãos Lucas e Diogo, mas o segundo morre em um trágico acidente.
É essa perda que leva o cientista Albieri (Juca de Oliveira) a clonar o gêmeo que resta, dando origem a Léo, o clone do título. Maquiagem, figurino e a postura corporal ajudavam a diferenciar Lucas de Léo, já que havia 20 anos de diferença entre eles.
Vidas trocadas
A trama dos gêmeos separados no nascimento é um dos maiores clichês da teledramaturgia. Em Da Cor do Pecado (2004), foi a vez de Reynaldo Gianecchini encarar um papel duplo, como os irmãos Paco e Apolo. A trama está sendo reprisada pelo canal Viva.
Paco, criado pelo pai ricaço, Afonso (Lima Duarte), rejeitava a vida de luxo e sonhava com um futuro mais simples, que acabou encontrando ao lado de Preta (Taís Araujo). Apolo, criado pela mãe, Edilásia (Rosi Campos), seguia os passos da família de lutadores, até que sumiu no mar. Por coincidência, Paco também sofrera um acidente no mesmo dia, que o levou a assumir sem querer o lugar do irmão, cuja existência até então desconhecia.
Intrigas, paixões, planos de vingança, muita água rolou na novela até o final feliz e a revelação: Apolo, dado como morto, estava vivo em uma ilha deserta.
A fofa e a pilantra
No ar atualmente no canal a cabo Viva, Paraíso Tropical (2007) traz duas irmãs de índoles e mbições diferentes, vividas por Alessandra Negrini. Generosa, simples e inocente, Paula foi criada pela mãe, a cafetina Amélia (Susana Vieira), na Bahia. Taís, por sua vez, exalava malandragem por onde passava. Criada pelo avô, Isidoro (Othon Bastos), a vilã cresceu aplicando golpes no Rio.
As gêmeas não se conheciam, até que Paula, após a morte da mãe, foi à procura da família na capital carioca. Mal sabia ela que sua gêmea não era confiável e quase colocou a perder até mesmo o romance da mocinha com Daniel (Fabio Assunção).
Iguais, mas diferentes
Na novela Viver a Vida (2009), Mateus Solano se dividia entre os personagens Jorge e Miguel. Neste caso, o desafio do ator foi diferenciar cada um dos irmãos em detalhes de gestos, postura corporal ou mesmo em olhares. Não havia um "gêmeo mau" nessa história, o que tornava a interpretação de Mateus ainda mais complexa.
Jorge era mais sério, sisudo, pouco afeito a manifestações de afeto, cabelos e roupas – terno e gravata – sempre impecáveis. Já o médico Miguel acordava sorridente, era expansivo, alegre, abraçava e beijava a todos. Um era a lua, o outro era o sol. Um era o dia, o outro, a noite.
Mateus foi tão preciso na construção de cada personagem, que não precisava abrir a boca para o público saber quem era o gêmeo que estava em cena. Não à toa, ambos conquistaram o coração de Luciana (Alinne Moraes).
Ator múltiplo
Marco Nanini é especialista em viver vários personagens na mesma novela. Como Pancrácio de Êta Mundo Bom! (2016), ele já incorporava tipos bem diferentes, pois o golpista profissional virava padre, cigana ou mendigo conforme a armação em jogo. Para complicar ainda mais, quase no final da novela, surgiu Pandolfo, seu gêmeo, tornando as confusões mais divertidas.
Poucos anos depois, em A Dona do Pedaço (2019), Nanini deu vida aos gêmeos Juninho e Eusébio, que travaram uma inesperada disputa judicial pela herança do pai milionário.
Irmã ou rival?
Tudo ia bem na vida de Julia (Nathalia Dill), a mocinha de Rock Story (2016). Até que, ao embarcar para uma visita à irmã, Lorena, que vivia nos Estados Unidos, a jovem foi presa e acusada de tráfico de drogas. O que ela não poderia imaginar é que sua gêmea estava por trás de toda a armação, aliada ao bandido Alex (Caio Paduan). Com uma maninha dessas, quem precisa de inimigos?