Literalmente
Três obras para refletir sobre o período da escravidão
A novela "Nos Tempos do Imperador" mostra um pouco sobre este triste capítulo da nossa História
A escravidão é uma ferida aberta, que sangra até hoje na alma dos brasileiros. Ler sobre o assunto pode nos ajudar a entender a extensão desse mal. Confira três obras fundamentais para tentar refletir sobre o incompreensível.
ESCRAVIDÃO (LAURENTINO GOMES)
Famoso pela trilogia 1808, 1822 e 1889, sobre o período imperial no Brasil, o historiador dedica-se a uma nova série sobre os 300 anos de escravidão, não só no Brasil, como no mundo. Os dois primeiros volumes já estão disponíveis, e o desfecho da trilogia deve sair em breve. Didático, forte, assustador e vergonhoso, mas vale passar pela overdose de sentimentos a cada página. (Globo Livros, R$ 28,10*)
UM DEFEITO DE COR (ANA MARIA GONÇALVES)
Ficção e realidade se misturam nesta obra, que relata a vida de uma africana, sequestrada, trazida para o Brasil e escravizada, lutando para sobreviver às mazelas que os cativos enfrentavam. Em vários momentos, chegamos a acreditar que o relato é sobre alguém que realmente existiu, tamanho realismo com que cada evento é contado. Não é, mas poderia ser a vida de tantas mulheres cativas, marcadas a ferro e fogo pelas mãos de seus senhores. Forte, mas essencial para conhecer um pouco o outro lado dessa história. (Record, R$ 56,96*)
TORTO ARADO (ITAMAR VIEIRA JUNIOR)
História escrita com simplicidade, mas que carrega tanta potência que é preciso ler com calma, absorvendo cada capítulo como quem degusta um remédio amargo, mas necessário à cura. Aqui, o período retratado é após a abolição, mas isso pouco importa para as famílias dos confins do Brasil, ainda atreladas a um regime análogo à escravidão, achando que devem obediência aos mesmos senhores que seguravam chicotes e, agora, os mantêm presos a promessas de um pedaço de terra. Reflexão importante para perceber que a liberdade não acontece da noite para o dia como nas cenas de filmes ou novela. (Todavia, R$ 25,90*)