De volta para casa
Com supervisão da EPTC e escolta do MTG, Laçador será recolocado nesta terça-feira
Monumento será transportado deitado em um caminhão-guincho, em operação que deve iniciar às 15h
Removido em setembro para ser restaurado, o Monumento ao Laçador volta para seu tradicional sítio nesta terça-feira (11). Deitado, o portento de bronze sairá do galpão onde recebeu os reparos, na Avenida Severo Dullius, 1.994, para fazer uma viagem de cerca de meia hora até a Avenida dos Estados. Lá, vai precisar esperar a liberação da Infraero para ser recolocado, em horário entre as 16h e 17h.
A operação do translado será iniciada por volta das 15h, com previsão de chegada para as 15h30min. Enquanto o processo é monitorado pela EPTC, a escolta fica por conta da cavalaria do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Como o Laçador será transportado em um caminhão-guincho, aberto, quem passar pelo local no horário pode até ter a chance de avistar o monumento quase totalmente restaurado.
É por conta desse "quase", inclusive, que não haverá uma reinauguração oficial. Durante a próxima semana, a estátua ainda deve receber mais algumas intervenções finais, que precisam ser avaliadas diante da luz solar. Apesar disso, o trabalho não deve demorar — ainda neste mês de janeiro, o Laçador deve estar totalmente pronto.
Conforme a Secretaria Municipal da Cultura (SMC), nesta terça-feira, estarão presentes os secretários da cultura municipal, Gunter Axt, e estadual, Beatriz Araújo. Ainda deve haver uma cerimônia para marcar a volta da estátua, mas a data não foi definida.
Entre erros e fissuras
Os problemas no monumento criado por Antônio Caringi, tombado como patrimônio histórico de Porto Alegre em 2001, são conhecidos desde 2016. Mas foi em março de 2017 que uma pesquisa preliminar deu o ultimato: era necessário que os reparos fossem realizados dentro de uma década, antes que a estátua inspirada pelo folclorista Paixão Côrtes corresse o risco de desabar. Participaram da análise a engenheira metalúrgica Virginia Costa e o restaurador francês Antoine Amarger, autoridade mundial no assunto.
Em 2021, finalmente a ideia saiu do papel. Viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul, a proposta de restauro faz parte da plataforma Resgate do Patrimônio Histórico, criada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS). Segundo a prefeitura, há investimento privado de R$ 803 mil por meio do mecanismo cultural, além de um aporte do executivo da Capital de cerca de R$ 90 mil.
Responsável técnica pelo projeto, Verônica Di Benedetti afirma que as rachaduras que infligiam o monumento foram consequência de um erro: em 2007, quando a estátua deixou o cenário da Avenida Farrapos com a Avenida Ceará e passou a integrar a Avenida dos Estados, obreiros teriam colocado argamassa de cimento com resto de tijolo dentro do monumento, até a altura da bombacha. Exposto em área externa, o material foi trabalhando ao longo dos anos e, em dado momento, começou a se romper.
Para resolver o problema, o Laçador foi aberto para que restauradores retirassem o cimento de dentro dele. Além disso, o monumento ganhou uma estrutura de aço inoxidável para reforçar sua sustentação, teve suas fissuras fechadas com soldas e recebeu uma pátina para conservação.