Só se fala noutra coisa!
Vinte anos de um fenômeno do humor gaúcho
Guri de Uruguaiana celebra duas décadas de carreiras com série de espetáculos especiais, a partir da próxima semana, no Theatro São Pedro
A partir da próxima semana, em quatro espetáculos diferentes, o Guri de Uruguaiana, icônico personagem do humor gaúcho, celebra 20 anos em um dos palcos mais emblemáticos da nossa cultura: o Theatro São Pedro. Lá, seu criador, Jair Kobe, apresenta Os Causos do Guri, Guri e Banda, Guri 2: a Missão e Programa do Guri, espetáculos escolhidos a dedo para representarem a trajetória do personagem e que já foram vistos por milhares de pessoas.
Relembre alguns momentos importantes da carreira do Guri, que também é colunista do DG, confira o que Jair está preparando para comemorar este momento e programe-se para assistir aos espetáculos, porque, afinal, só se fala noutra coisa, chê!
Início da trajetória
O Guri de Uruguaiana conquistou o público no teatro em 2008, no festival Porto Verão Alegre. A coroação veio naquele ano, quando chegou ao Theatro São Pedro. Os clipes, sempre parodiando o Canto Alegretense – como na versão para Thriller, de Michael Jackson (1958 - 2009), em 2009, Help, com o The Guritles, em 2010, e YMCA, com o Gurilage People, em 2011 – foram dando ares de novidade a cada temporada. Mas a história do personagem de Jair Kobe é mais antiga.
- Quando abri um restaurante, em Capão da Canoa, aproveitava alguns intervalos dos músicos que se apresentavam para levar meus personagens aos clientes. Eu agradava muito na família e naqueles momentos, mas não ganhava grana. Pensei: "Tenho que tirar algum dinheiro disto". Em 2001, ao apresentar o show Seriamente Cômico, no Teatro do Ipê (em Porto Alegre), comecei a lidar com humor mais profissionalmente, digamos. Tinha vários personagens e, entre eles, o Guri de Uruguaiana - conta Jair.
"O objetivo é fortalecer a imagem do personagem no Rio Grande do Sul"
Qual é a sua expectativa para as apresentações?
São quatro shows diferentes, oito apresentações. A pessoa que for em um pode ir nos outros. São repertórios diferentes, versões diferentes, cenários diferentes, com participações de artistas, bailarinos. O primeiro, Os Causos do Guri, baseado no primeiro DVD, ficou em cartaz de 2008 até 2016. O segundo, Guri e Banda, é um show mais musical, mais engraçado, claro, por conta do meu histórico na música (Jair foi um dos fundadores do histórico grupo Canto Livre, nos anos 1980). É uma baita banda, com grandes músicos que me acompanham há muitos anos. É um espetáculo no qual eu interpreto clássicos da música gaúcha, versões do Canto Alegretense, paródias. Tudo muito bem tocado, bem arranjado.
No terceiro, Guri 2: a Missão, que deu origem ao segundo DVD, temos quatro cenários maravilhosos, sapateadores, oito artistas de hip hop, convidados da música gaúcha. E o quarto, o Programa do Guri, é um programa de auditório com as participações de artistas no quadro Truco ou Retruco, com uma participação intensa da plateia. Tem programa de calouros, brindes. É a comemoração de 20 anos do personagem, um momento muito especial.
Em duas décadas de Guri, que momentos destacaria como icônicos?
Ah, muitos. Acredito que, entre 2010 e 2015, quando lotamos o (Theatro) São Pedro nos espetáculos, foi o auge do Guri. Em uma oportunidade, fizemos 28 shows em um mês, todos lotados. Também lotamos teatros em Curitiba na época. Outro momento importante foi em 2013, quando o Guri passou a assinar a contracapa do Diário Gaúcho, se comunicando com o público do jornal. Também as entradas no SuperSábado, na Rádio Gaúcha (93.7 FM), há cerca de cinco ou seis anos, têm sido muito prazerosas. Além disso, quando comecei a fazer pequenos dropes do Guri nas rádios do Interior, do Paraná, de Santa Catarina, são momentos importantes.
E, claro, quando participei do Domingão do Faustão (em 2020, no quadro Quem Chega Lá?): deu uma visibilidade nacional diferente. Quando estive no (canal por assinatura) Multishow (em 2018, no programa Só pra Parodiar), também deu uma visibilidade muito diferente. Ganhei uma visibilidade nacional, embora o objetivo sempre seja fortalecer o personagem aqui no Rio Grande do Sul.
Mesmo que o gaúcho seja muito ligado na sua cultura e nas suas origens, deve ser difícil manter um personagem local, como o Guri, em alta há 20 anos, não?
Manter um personagem na mídia durante 20 anos é difícil. Neste ano, completo quase 200 espetáculos no Theatro São Pedro. Isso significa um trabalho muito intenso de teatro em Porto Alegre. É necessário que eu esteja sempre me reinventando, sempre atento às redes sociais, onde tenho mais de 5 milhões de seguidores, somando todas. Estou sempre produzindo novos conteúdos, como o Mate Cast, o podcast do Guri, no qual eu converso com pessoas de diferentes segmentos artísticos. Sempre tive o cuidado de trazer para os espetáculos artistas gaúchos. E levo isso também para os vídeos. Essa troca de energia com os artistas gaúchos é uma constante no meu trabalho.
E como enxerga o cenário do humor atualmente?
Tem que estar sempre se reinventando, o público quer coisa nova. Hoje, o formato do humor está diferente, mais para o lado do stand-up, tem que ter essa linguagem. Mas parece que todos são humoristas, a internet faz isso. Por um lado, ela é muito boa, claro, pois dá mais chances para o artista que está começando uma carreira. Antes, tinha que ter gravadora, estrutura. Porém, também tem o outro lado. Tem gente virando celebridade do dia para noite, tem que ter cuidado. Um caso interessante é o do Whindersson Nunes, que começou brincando, falando bobagem no quarto ele. Mas, como ele tem fundamento, conteúdo, deu certo. Alguns viram meme, mas não se sustentam. A internet é um espaço democrático, que dá a oportunidade para o artista mostrar seu talento. Vai permanecer quem tiver conteúdo.
Qual é a expectativa para este ano, com a retomada dos shows?
A expectativa é retomar os shows em outras cidades, pois temos um espetáculo muito interessante para os aniversários de cidades, eventos, feiras. Tem muitos shows, dá para ver por esses que estamos apresentando no São Pedro. Podemos trabalhar bem em festivais de músicas, com esse show da banda. Nas cidades em que já apresentei os Causos do Guri, posso ir com Guri: a Missão ou Programa do Guri, que são formatos em que estou apostando muito e que o público tem gostado.
E também tem um novo formato, que é um show que estou levando para o Interior, neste mês, para Santa Catarina e para o Paraná, que são os novos causos do Guri, sobre o período pós-covid.
Te programa!
- O quê: shows em celebração aos 20 anos do Guri de Uruguaiana.
- Quando: nos dias 14 e 21, às 21h (Os Causos do Guri), 15 e 22, às 21h (Guri e Banda), 16 e 23, às 21h (Guri 2: a Missão), 17 e 24, às 18h (Programa do Guri).
- Onde: Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº, na Capital).
- Quanto: ingressos entre R$ 15 e R$ 90 (por sessão), à venda em sympla.com.br.