“Eles estão nas telas, mas são anônimos”, assim Claudia Souto define o importante trabalho dos dublês na ficção. Fascinada pelo tema, a autora decidiu mostrar um pouco desse universo repleto de saltos, explosões, escaladas e muita adrenalina em Cara e Coragem, que estreia hoje. Pela primeira vez na teledramaturgia, o público verá os bastidores das cenas de ação que, quando prontas e editadas, parecem mágica. Mas não, pelo contrário. O que vemos na telinha é o resultado de um trabalho árduo e, diversas vezes, perigoso – para os dublês. Os atores só entram em cena na hora do "gravando", enquanto quem se arrisca mesmo, nunca aparece.

Paolla Oliveira já viveu muitas cenas tensas nas novelas. Mas, desta vez, ela teve que ir à luta e suar a camisa de verdade, como a dublê Pat da nova novela das 19h.

– A gente fez um pequeno workshop com dublês da Globo. Já havia trabalhado com eles, mas, agora, não só eles estão fazendo no nosso lugar, mas a gente está aprendendo algumas técnicas. A gente rolou escada, pulou caixa de papelão, fez a parte de cabeamento para lidar  em cena. 

Ao lado de Marcelo Serrado, que interpreta Moa, Paolla venceu o medo e se jogou – em todos os sentidos. Porém, em sequências mais arriscadas, quem assumiu a bronca foi o "dublê do dublê".

– A gente está fazendo a cena em conjunto. A gente faz até onde tem segurança, mas tem  dublê. É o dublê do dublê, para executar cenas que a gente não consegue fazer. Eles assumem dali pra frente – conta a atriz.

Dona de um bom preparo físico, Paolla conta que não teve dificuldade na maioria das cenas de ação. Com exceção de uma modalidade que, segundo ela, foi mais desafiadora:

– O que apareceu de novidade para mim foi a dança aérea, que é lindíssima, mas é uma das coisas mais difíceis que já fiz, sem dúvida nenhuma. Ela exige do corpo um esforço  totalmente diferente. Não sou ‘expert’, dou uma enganada, porque eu acho que deveria estar fazendo com mais frequência as aulas.

Gata e rato

Ao longo dos capítulos, a química entre Pat e Moa irá ultrapassar a barreira profissional. Casada e feliz com Alfredo (Carmo Dalla Vecchia), mãe de dois filhos, a moça terá vários impedimentos para viver essa nova paixão. Marcelo Serrado acredita que, apesar de tudo, o público torcerá pelo casal de dublês:

– Eles são divertidos, mas tem uma coisa ali, esse amor, que está colocado num lugar muito bacana e delicado. E eu acho que isso é que pode pegar o público. A Pat é mãe de família, tem um casamento estruturado, o Moa não. Mas acho que a gente se encontra nesse impasse, talvez nessa falta de coragem de se reestruturar, de ter essa mudança na vida deles para viverem o que querem e o que estão sentindo. 

Mais do que a coragem de se arriscar no trabalho, a trama deve abordar o frio na barriga antes de mergulhar de cabeça em uma história de amor. Marcelo destaca que isso pode ser mais difícil do que se jogar de um prédio sem rede:

– Essa relação vai da emoção à adrenalina, que aliás eu acho que é um diferencial para essa novela e os personagens, que é uma ação bem feita, de verdade. E tem todo esse drama que me agrada, a delicadeza entre a coragem física e a coragem de viver isso.

Duas vidas

Quem também tem uma dublê, ou melhor, uma sósia na trama, é a personagem de Taís Araujo. Clarice Gusmão é uma bem-sucedida empresária, presidente da siderúrgica de sua família. Mas tanto poder atiça a inveja de alguns inimigos, inclusive do irmão da moça, Leonardo (Ícaro Silva). E é por isso que ela sofre um "acidente" e morre no início da história. É quando Anita entra em cena.

– Clarice e Anita se conhecem, têm uma relação. E para estar com as duas em cena eu tenho uma dublê – explica Taís.

Clarice ou Anita: com qual delas Taís se identificou mais? A atriz esclarece:

– São mulheres de origens diferentes e que, por isso, poderão causar identificação em milhares de pessoas. Só que eu não me identifico com nenhuma delas – diverte-se Taís.