Na véspera do aniversário de um ano da morte de Paulo Gustavo, o viúvo Thales Bretas participou do Mais Você desta terça-feira (3) para relembrar os últimos momentos do ator, que morreu aos 42 anos em decorrência da covid-19.

— Toda semana a gente testava, ele ficou positivo, ficamos muito tensos. Ele falava que não podia pegar de jeito nenhum. Parecia que o Paulo tinha uma premonição — contou.

Paulo foi interado no dia do aniversário do marido, 13 de março. Durante os quases dois meses em que permaneceu hospitalizado, a família acreditou que ele se recuperaria.

— Ele tinha muito medo e lucidez, ao mesmo tempo, ele tinha uma calma muito forte — lembrou Bretas.

Segundo ele, Paulo Gustavo tinha consciência da gravidade de seu caso e chegou a questionar se iria morrer.

— (Eu disse:) "claro que você vai sair (do hospital), morrer todo mundo pode a qualquer momento, mas isso não vai acontecer com você".

Por ser da área da saúde em um momento em que o acesso aos pacientes era mais restrito, Thales pôde estar no hospital. Ele destacou, porém, que não gosta nem de pensar nesses dias. 

— Foram os mais terríveis da minha vida.

Reação dos filhos

Paulo Gustavo era pai de Gael e Romeu, hoje com dois anos e 8 meses, junto com Thales. De acordo com o viúvo, os pequenos ainda não entendem a morte do pai.

— Eu introduzo (a figura do Paulo), tento mostrar vídeo, foto, mas sinto que é uma coisa que ainda não tá clara pra eles — comentou. — O Romeu era muito apegado no Paulo. O Paulo passava, Romeu começava a chorar querendo ir pro colo dele. Sinto que quando eu comento do papai Paulo e falo que agora ele tá no céu e é uma estrelinha olhando pra gente, ele muda de assunto, sai de perto, sinto que ele se incomoda de alguma forma. 

Apesar disso, ele explicou que tenta manter a memória do ex-marido viva:

— Acho que um dia eles vão entender que o pai sempre foi uma estrela e agora está no céu, brilhando, por eles e pela gente.

Início do relacionamento

Thales também recordou sobre como conheceu Paulo. Os dois foram apresentados por um amigo em comum em uma festa.

— Na época eu fiquei com medo porque ele já era famoso e tava crescendo na carreira, os amigos conheciam. Eu fiquei com medo de me aproximar e dar errado (...) Essa coisa de assumir publicamente, de se relacionar com uma pessoa pública.

No entanto, o receio passou quando Paulo viajou para Tóquio. 

— De lá ele ficou me ligando direto. Eu pensei "realmente ele está a fim". Eu achei lindo e isso foi me motivando.

O casamento ocorreu em dezembro de 2015, após um ano e 11 meses de namoro. Logo depois, vieram Gael e Romeu, frutos de barrigas de aluguel.

— A gente sempre teve vontade de ter filhos. Eles são demais. Fomos morar juntos com seis meses de namoro e ele falava que queria ter filhos. A gente não tinha como ter filho naquele momento, pedi para esperar me formar, casar e solidificar nossa relação. Assim foi.

Memória e luto

Outro assunto da conversa no Mais Você foi a representatividade do casal. Thales contou que já recebeu pacientes gays em seu consultório que falaram que ele e Paulo foram um exemplo de família. Apesar de ficar feliz, ele falou que esses episódios o fazem lembrar do marido.

— Eu tento maquiar (a dor) um pouco com o trabalho, com esse dia a dia puxado, com a rotina que a gente tem. O tempo vai passando com isso: trabalho, estudo, filhos...

Thales explicou que, nesse período, tem buscado apoio nos amigos e na família. Ele disse que mantém proximidade dos pais e irmãos do ex-marido.

— A família é o que não te abandona, saber sua origem. Espero ser isso pra eles (família do Paulo), que a gente sempre se cuide.