Quem vê Patricia Pinho como a sofrida Fátima em Além da Ilusão, deve ficar com a sensação de já ter visto a atriz em algum lugar. Por mais atento que seja o telespectador, é difícil ligar a personagem da trama das seis aos tipos cômicos vividos por ela nos extintos Zorra e Zorra Total. Acostumada a arrancar risadas do público, ela agora emociona como a mãe adotiva de Olívia (Debora Ozório), que ganhou mais destaque na novela com a revelação sobre a origem da jovem. Nos próximos capítulos, Fátima descobrirá que também foi enganada, já que Benê (Claudio Jaborandy) nunca contou à esposa que a criança adotada pelo casal é, na verdade, filha de Heloísa (Paloma Duarte). Na telinha, Patricia verterá muitas lágrimas, mas nesta entrevista ela é só alegria ao falar sobre seu primeiro papel em novelas.

Depois de ficar conhecida fazendo comédia, você estreia em novelas com um papel dramático. Como foi essa transição?

 Foi sensacional e no momento certo. O Zorra acabou, e eu não tinha nenhuma previsão profissional no fim de uma pandemia. Quando veio a oportunidade de fazer o teste, pensei: "Não vou fazer teste. Vou fazer a minha visão da personagem. Vou construir a cena do jeito que imagino". Pensei no cenário, no figurino, na maquiagem, no brinco certo. O teste foi feito em minha casa. E eu quis mostrar como é o meu trabalho. Botei meu amor neste projeto. E estou muito feliz.

Na novela, Fátima reluta em contar a Olívia sobre a adoção. O que você faria no lugar dela? Acha que a verdade deve prevalecer neste tipo de situação?

Acho humana a insegurança da Fátima. Ela ama Olívia mais do que tudo e não quer perder este amor. O que me surpreendeu nessa trama foi como ela está bem escrita, feminina, amorosa. Eu espero que o público se emocione com as cenas que virão. E, sim, definitivamente, a verdade liberta.

Como tem sido a recepção do público a esta história? Há uma torcida forte por Heloísa (Paloma Duarte), mas Fátima tem suas razões também... 

A Fátima não sabe quem é a mãe de Olívia, acredita que uma menina que deu a Benê no meio da estrada. Acreditou no que o marido disse. E se compadece com a dor de Heloísa buscando a filha a vida toda. Tem carinho e respeito enorme por ela. Foi Heloísa quem cuidou dela quando estava com malária. A trama é muito bem escrita, já falei isso? Então, vou repetir mais uma vez: pela primeira vez – que eu saiba – na dramaturgia, a gente fala sobre essa "outra mãe" que também é uma vítima desse patriarcado que acha que pode decidir e impor seu pensamento sobre a vida das mulheres.

Você acha que Fátima aceitaria ter criado a menina se soubesse da verdadeira origem dela?

Essa é a grande questão que vamos assistir no ar. Como se dá essa descoberta e como essa verdade será revelada. Asseguro que está emocionante. Eu amei fazer. Foram cenas difíceis, atuar com a Paloma e a Débora, que são duas grandes atrizes, foi sensacional.

Como será a reação da sua personagem ao descobrir a mentira do marido? O que pode adiantar para o público sobre este drama?

Posso adiantar que o Benê vai pagar o preço das próprias mentiras. E que todos somos humanos, todos erramos. Além disso, quando há amor, tudo se resolve de forma sublime. Com sabedoria e bem feminino como a Mãe é (apelido dado pelo público à autora da novela).