Música
"Há espaço para todas", diz Claudia Leitte, que celebra 20 anos de carreira
Artista comemora duas décadas de estrada com novo disco, repleto de participações especiais
Aos 42 anos, Claudia Leitte já viveu tanta coisa em sua carreira que parece ter bem mais de 20 anos de estrada, celebrados neste ano. Já foi vocalista do Babado Novo, um dos grupos de maior destaque nos carnavais do país, tem 14 anos de uma bem-sucedida carreira solo, foi técnica por anos das edições adulta e infantil do The Voice, da Globo, fez parcerias com astros internacionais e passou por um dos grandes momentos na trajetória de qualquer artista: foi uma das vozes da música oficial da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, com direito a apresentação na cerimônia de abertura.
Para destacar o marco profissional, ela lança um disco especial: Ao Vivo na Prainha da Claudinha, projeto audiovisual, disponível nas plataformas digitais, repleto de participações, como Thiaguinho e Juliette Freire. Em entrevista exclusiva ao Diário Gaúcho, a cantora afirma que espera muito mais de sua carreira e, principalmente, se fixa como inspiração para o surgimento de novas mulheres na música nacional, em um momento no qual elas, cada vez mais, ocupam seus devidos espaços no cenário da cultura brasileira. Além disso, relembre os principais momentos da carreira da musa.
Gravação intimista
Para celebrar 20 anos de carreira, Claudia lança o álbum Ao Vivo na Prainha da Claudinha (disponível nas plataformas digitais), com 14 faixas, sendo o principal destaque a canção Vixe, gravada em parceria com o pagodeiro Thiaguinho.
O show intimista foi registrado no interior de São Paulo, em um condomínio de luxo, com as participações de Thiaguinho, Juliette Freire e Lucy Alves (com as duas, gravou a faixa Meu Dengo).
- Esse álbum está sendo muito especial para mim. Esse ano tem sido um marco muito celebrado na minha vida e quero que todo mundo veja nesse projeto que estou lançando agora um pouco mais da minha história - afirma a cantora em entrevista por e-mail.
Baiana de coração
Embora muitos achem que Claudia nasceu na Bahia, por ter sido criada lá, ter sido vocalista do Babado Novo, manter um trio elétrico e ter ganho projeção a partir da música baiana, ela é carioca, de São Gonçalo. Seus primeiros anos de carreira foram à frente do Babado Novo, banda de destaque no cenário carnavalesco nordestino. No Babado, lançou dois álbuns de estúdio, três ao vivo e dois DVDs e marcou época interpretando sucessos como Amor Perfeito, Eu Fico e Safado, Cachorro, Sem-vergonha.
Em 2008, deixou a banda para seguir carreira solo com o lançamento do single Extravasa, presente em seu primeiro álbum solo: Ao Vivo em Copacabana.
Copa foi um dos grandes momentos
Em 2010, já de olho na carreira internacional, lançou seu primeiro álbum de estúdio, As Máscaras, produzido pelo DJ Deeplick , tendo um dueto com o norte-americano Travie McCoy, na faixa Famo$a. Fez ainda dueto com Rick Martin, em Samba, até que chegou a um dos momentos de maior repercussão em sua carreira, em 2014, quando foi uma das vozes da música oficial da Copa do Mundo daquele ano, realizada no Brasil.
Ao lado dos norte-americanos Pitbull e Jennifer Lopez, gravou We Are One (Ole Ola) e se apresentou na cerimônia de abertura da Copa.
Técnica nas três versões
Na telinha, Claudia foi uma das estrelas, como técnica, do The Voice Brasil, The Voice Kids e The Voice+. Na versão tradicional da atração, ela foi jurada de 2012 a 2016. No Kids, de 2018 a 2020. Em 2021, esteve no The Voice+. Em entrevista ao Diário Gaúcho, em 2019, na estreia da edição daquele ano do The Voice Kids, Claudinha falou sobre a experiência:
– Quando era criança, meus sonhos eram maiores do que eu e, hoje, ainda continuam grandes. Mas isso é maior do que podia imaginar lá trás. Sempre fui muito feliz em participar do programa.
Entrevista com Claudia Leitte
“Tenho muito orgulho de toda essa trajetória e sede de mais!”
Hoje, com 20 anos de carreira, como enxerga a Claudia lá do começo? Como avalia sua evolução em um meio tão competitivo, como o da música?
Via como uma jovem entusiasmada e maravilhada com tudo que poderia alcançar. Olhando atualmente, me sinto grata, com muito orgulho de ter alcançado coisas que sonhei e presentes tão grandes de Deus que eu nunca nem ousei sonhar (risos). Ter passado por tantas coisas nesses anos me fez crescer muito! Tenho muito orgulho de toda essa trajetória e sede de mais! Quero mais!
Agosto, mês em que lançou o novo álbum, é também o mês da conscientização e prevenção da violência contra a mulher. O que mulheres com apelo na mídia, como você, podem fazer para que outras se sintam encorajadas a denunciar casos como esses?
Um papel de muita importância, já que é um absurdo que inúmeras mulheres sofram com tanta violência até hoje e que muitos casos não vêm a público. Nós, mulheres que temos espaço na mídia, que temos a nossa voz ouvida, precisamos enaltecer e fazer com que todas as vozes sejam ouvidas também.
É inegável que desde o seu surgimento, o número de mulheres de destaque na música nacional aumentou. Como enxerga isso?
Vejo como uma evolução gradativa da sociedade como um todo. Mulheres tiveram suas formas de se expressar censuradas por muito tempo e, hoje, poder compartilhar palcos, shows, festas e trios com tantas mulheres incríveis me enche de felicidade e ânimo! Que surjam cada vez mais. Nós pertencemos a todos espaços, há espaço para todas!
Como foi o processo para criar o álbum Ao Vivo na Prainha da Claudinha?
Foi muito prazeroso poder revisitar músicas consagradas da minha carreira, poder juntar com músicas novas e compartilhar isso de uma forma mais próxima do público, em um formato diferente do que estou acostumada a fazer. Essa proposta de fazer uma apresentação mais calma, em um lugar lindo, tranquilo, com os pés na areia, foi uma troca surreal. Realmente, um marco nesta celebração dos 20 anos.
Apesar de carioca, você ganhou destaque na música baiana, na banda Babado Novo. Hoje, é uma cantora nacional. Como avalia o seu início? Sente saudade daquela fase?
Amo e tenho muito orgulho de ter nascido em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, mas o fato de ter sido criada desde recém-nascida no centro histórico de Salvador me faz também, com muito amor e orgulho, baiana. Nunca morei em outro lugar na minha criação que não fosse na Bahia, então toda a questão cultural, musical está na minha veia. O Babado Novo foi uma escola! Presente de Deus mesmo! Cada vez que paro e olho para esse início, desde a minha criação até agora, tudo faz muito sentido para mim, para entender quem eu sou hoje. Eu sinto muita gratidão! De verdade!
Com tanta coisa conquistada, o que uma artista consagrada como você ainda almeja?
Mais 20 anos de carreira, no mínimo (risos). Almejo poder estar no palco, conectada com meu público, levando amor e alegria por todos os lugares e seguir fazendo o que eu mais gosto de fazer, que é cantar. Almejo fazer isso o máximo possível e seguirei plenamente feliz enquanto estiver cantando, dançando e festejando mundo afora enquanto Deus permitir. Tenho muitos sonhos e estou mais do que pronta para realizar todos!