Depois de futebol, Carnaval, novela e Big Brother Brasil, se tem uma coisa da qual o brasileiro gosta é reality culinário. Não à toa, a oferta de programas do gênero é enorme no país. Há opções tanto na televisão quanto no streaming, nos mais diversos formatos, reunindo cozinheiros profissionais, amadores, chefs que são estrelas da gastronomia e até artistas. É um nicho bem-sucedido, que ganha um novo membro na tarde deste domingo (29), às 14h25min, na Globo, com a estreia de Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua. E o título já entrega o que torna este um reality culinário diferente de todos os outros da lista. 

Em vez de apostar na alta gastronomia, que é o carro-chefe da maioria dos programas do gênero, o novato coloca holofotes sobre uma culinária caseira e familiar. A cada semana, três duplas de mães e filhos famosos competem entre si em duas provas. A ideia é que a receita da mãe seja desenvolvida pelo filho, sem que ela precise colocar a mão na massa. Caso a situação fique crítica demais, as mães podem entrar na cozinha para tentar salvar a receita; porém, como consequência, o tempo passa a correr duas vezes mais rápido. 

O resultado final dos pratos será avaliado por uma dupla renomada e cheia de tempero: a argentina Paola Carosella, conhecida do público por ter sido jurada do Masterchef, e João Diamante, chef que tem passagens por programas como o Cozinheiros em Ação, do GNT, e o Mestre do Sabor, da Globo.  A apresentação fica a cargo do ator e humorista Leandro Hassum. 

A cada domingo, uma única dupla sai campeã, enquanto as outras duas são eliminadas. Mas é uma eliminação com gosto de comida de mãe, cheia de afeto, sem nenhum dos puxões de orelha já tradicionais nos realitys gastronômicos. Paola, que ficou com fama de durona por conta das avaliações exigentes e dos comentários ácidos no programa anterior, adianta que o público conhecerá uma outra versão sua a partir de domingo. 

—  Eu era mais durona porque o Masterchef exigia isso, mas são programas diferentes, com propostas diferentes — explica a chef. — Eu não queria mais esse papel de durona, por isso aceitei fazer o Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua. É outro programa, que não demanda "essa Paola", mas sim uma bem mais parecida com o que sou no dia a dia. Adorei fazer um formato mais leve e entrar em contato com a Paola de casa, a mãe, a que ama comer comida simples, não a chef de cozinha. 

João Diamante explica que o reality, ao reunir mães e filhos na cozinha, faz com que não só as avaliações sejam mais afetuosas, mas a comida também. O jurado acredita que o maior diferencial do programa é levar para a televisão uma culinária que conversa com a realidade das famílias brasileiras, sem ingredientes caríssimos, mas rica em afeto. Comida de mãe. 

— A culinária afetiva aproxima 80% da população brasileira. Quando você fala de alta gastronomia, as pessoas não se veem ali. Elas acham legal e divertido, mas muitas vezes não sabem nem o sabor daquele ingrediente. Mas quando você fala de comida caseira, afetiva, isso aproxima o público, porque ele tem referência para julgar — opina Diamante.

Para o jurado, as presença das mães também é um ingrediente mais que especial na receita do programa. Seja pela curiosidade que os espectadores têm em conhecer as mães dos famosos, pela identificação que podem causar no público ou pelo simples fato de a mãe não estar nem aí para nada — inclusive na hora de dar broncas nos filhos —, elas são a sensação do reality show. 

—  Mãe tem que ser estudada. Ela não se importa se tem 30 câmeras viradas para ela, ela vai seguir sem filtro nenhum (risos) — brinca Diamante. — É muito louco que há várias técnicas caseiras que aprendi com as mães que eu não sabia. É uma troca muito rica que acontece no programa, essa troca de sabores populares. Às vezes, sem querer, acabo dando uma dica que elas também não sabiam. Isso é muito gostoso.   

Conscientização

Os dois jurados apostam que o programa levará muita diversão às tardes de domingo da Globo, promovendo risadas, comparações em família e, é claro, truques e receitinhas para mãe nenhuma botar defeito. Além da capacidade de entreter, os dois enxergam no Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua o potencial de ser um agente de conscientização. 

O programa culinário estreia em um dos momentos mais críticos do país em relação à insegurança alimentar. Em 2022, o Brasil voltou ao Mapa da Fome da ONU e teve cerca de 33 milhões de brasileiros sem o que comer diariamente, conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. 

Não é fácil falar de comida na televisão diante de um cenário como esse, os jurados concordam, mas é também uma oportunidade para lembrar que comida no prato é um direito de todos. 

—  O programa contempla a comida do ponto de vista do afeto, do compartilhar, do cozinhar em casa. Ao falar da importância de cozinhar, estamos lembrando o quanto todo brasileiro precisa ter acesso a comida e alimentos bons e frescos na mesa — afirma Paola.

Diamante completa:

— O programa pode, deve e vai ser um instrumento de conscientização. Em todos os aspectos: conscientização social, de aproveitamento integral dos alimentos, de preparo, de educação alimentar e da cultura de cada região do Brasil.  

Além das bandeiras levantadas pelos jurados, o prêmio que a dupla vencedora de cada domingo recebe é revertido em doação para instituições parceiras do projeto Para quem Doar.  Já os alimentos que não são utilizados nas gravações são doados para ONGs ligadas ao combate à insegurança alimentar.