Com produção de DJ Cozy, 24 anos, e versos de BR Vlec, 22, Vlorde e Arthur Gadea (AG), ambos de 24, a mensagem do QVS é clara: o rap do Sul tem força para dominar o Brasil. Cada integrante do grupo, criado em fevereiro de 2019, traz influências da região onde mora para as músicas produzidas.  

– Precisamos marcar nacionalmente a presença da cena do Sul, é possível. Temos a capacidade de, unidos, levar as produções aqui do Estado para o país inteiro – expressa Arthur Gadea, cantor e produtor do grupo. 

Cada integrante é de uma região diferente. Vlorde e Vlec são da zona sul de Porto Alegre, enquanto AG é da zona norte da Capital. Cozy é natural de Canoas, mas, hoje, vive em São Paulo, buscando visibilidade para o grupo.  

– QVS é um pouco de cada pedaço da cidade. Eu sou do Rubem Berta, o Vlorde mora na Ponta Grossa, o Vlec no Morro Santa Tereza, o Cozy é de Canoas – cita AG. 

O processo de criação das músicas dentro da banda QVS é dinâmico e espontâneo, rendendo, pelo menos, uma faixa por sessão em estúdio, segundo o quarteto. 

– A gente não disfarça o sotaque, usamos gírias do Sul, nosso jeito de falar, para fazer as músicas. Isso dá uma sonoridade bem específica. Nossa própria identidade é um diferencial que pode nos destacar no cenário nacional – conta Vlorde. 

 Inspirados em artistas norte-americanos, como Young Thug, Young Dolph (1985 – 2021) e Big Scarr (2000 – 2022), os guris sonham em viver só da música e tocar em festivais como o Planeta Atlântida, Rock in Rio e, novamente, no Rap in Cena, onde se apresentaram em 2022.  

– Vamos poder produzir e entregar muito mais do que já fizemos. Hoje, nosso trabalho é orgânico, com pouco investimento – relata AG.

Luta

A luta pela valorização dos artistas gaúchos é uma forma de embate à falta de oportunidades. Assim como outros rappers do Estado, o grupo perde espaço de shows para atrações de outras partes do país.  

– Tem uma cena bem desenvolvida aqui no Rio Grande do Sul, mas os contratantes, na maioria das vezes, preferem trazer artistas de fora. Essa cultura acaba tirando o espaço dos artistas daqui – expressa AG.  

Para Cozy, é preciso estourar a “bolha de Porto Alegre” para que o público de fora comece a consumir as músicas dos artistas locais:   

– Vários estúdios lotados, todos os dias, com pessoas fazendo rap! Tem muita coisa boa acontecendo em Porto Alegre, mas é difícil alguém do Sul estourar para o Brasil. Ninguém dá espaço.

Projetos

Apesar das dificuldades, QVS projeta um ano com diversos lançamentos. No dia 31 de março, o grupo lançou a música e o videoclipe de Bling Bling, que conta com a participação especial de Astroboy.

Nos próximos meses, a banda lançará uma mixtape colaborativa entre AG e Vlorde. O projeto, mixado por Marck, em São Paulo, traz rimas ácidas e uma reflexão sobre a inveja. 

Após a mixtape, o grupo revela que deve trabalhar com singles, para ter mais alcance em suas produções.

– Somos artistas de “álbum” (risos), mas entendemos que precisamos ser mais práticos hoje. É muito difícil alguém parar e escutar um álbum inteiro, né? Vamos jogar o jogo e lançar singles, temos muitas músicas prontas – revela AG.  

Além dos projetos da banda, cada integrante prepara suas produções, sempre com apoio dos colegas. AG deve lançar um disco solo no fim do ano.

BR Vlec afirma que planos individuais não atrapalham as produções coletivas e promete “muito trampo na rua” neste ano. 

Para finalizar, a QVS fez um apelo aos artistas, produtores e investidores locais: 

– A união faz a força, todos temos que focar no objetivo maior, a vitória de um pode ser a vitória de todos! 

Pitaco de Quem Entende

O produtor musical Diego Garcia avalia o trabalho do grupo:

– QVS surfa na onda do momento, porém se desafia em compor músicas com feats interessantes. 

AQUI, O ESPAÇO É TODO SEU!

/ Para participar da seção, mande um histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas, vídeos e um telefone de contato para lucas.oliveira@diariogaucho.com.br.

/// Para falar com o grupo, ligue para (51) 98555-2714.

*Produção: Lucas de Oliveira