Estrelas da Periferia
Vini Padilha faz reggae com o ritmo do coração
Após viagem frustrada para a Inglaterra, ele decidiu transformar a música em prioridade e focar na carreira artística
Foi em 2021, aos 22 anos, que Vinícius Costa Padilha decidiu transformar a música em algo maior do que um simples hobbie. Morador do bairro Sarandi, na zona norte da Capital, o artista investiu na carreira após uma viagem frustrada à Europa.
Depois de um bom tempo juntando dinheiro para viajar, Vini acabou deportado ainda no aeroporto de Londres por não esclarecer suas reais intenções na Inglaterra. Ele ficou em uma casa de detenção por dois dias até voltar ao Brasil.
– Tudo que eu tinha planejado caiu por terra. Quando não deu certo na Inglaterra, eu voltei e pensei: “Cara, eu vou ouvir o meu coração e fazer o que eu quero” – relembra.
Na volta ao Brasil, o artista ficou fascinado ao descobrir que um de seus melhores amigos, que conheceu durante um curso técnico de Publicidade, era compositor.
– Ele nunca tinha tocado no assunto, ninguém conhecia esse lado dele. Eu colei nele para aprender. Aí, a gente fez a minha primeira música, justamente sobre esse devaneio de sair e conquistar o mundo – conta.
Mesclando a viagem frustrada e versos de amor, nasceu Deixa para Depois, sua primeira composição.
Incetivo
Foi Vitor Padilha, irmão mais velho de Vini, que o incentivou a produzir a música com Constantino Guts, profissional responsável por alavancar diversos artistas gaúchos. Veio, então, a virada de chave na carreira.
– Foi marcante. Eu saí do estúdio todo envergonhado, não tinha nem jeito de falar com eles. Uns caras monstros, eu só tinha uma letra e um sonho, pouca confiança – lembra Vinícius.
Após o primeiro lançamento, Vini viveu um momento de insegurança e focou na construção da sua imagem como artista. Ele “quebrou barreiras para confiar ainda mais em suas letras”.
– O primeiro passo foi me encontrar, entender a maneira como eu queria tocar as pessoas, criar a minha identidade. É bizarro olhar uma foto minha lá no início e hoje, mudei muito – diz.
Aos 24 anos, Vini revela que costuma compor em momentos de dificuldade ou de “extrema euforia”, como forma de externar seus sentimentos. Foi assim que nasceu Lembrar de Mim, sua segunda música, produzida por João Lentino:
– É sobre querer que a pessoa fique lembrando de ti, sobre ter vivido um momento intenso. Apesar de ser um momento particular da minha vida, eu sabia que algumas pessoas poderiam se identificar ali.
Futuro
Apaixonado pelo reggae, Vini prepara uma música com uma pegada diferente. Em fase de elaboração do videoclipe, a composição deve trazer a “mística do acaso”.
– Essa música foi gravada toda acústica, é meu primeiro projeto que não é um reggae. Nela, eu falo sobre essa coisa de quando é para ser, tudo conspira a favor. Vai fechar essa tríade, onde todas as músicas se conversam – revela.
Com Bob Marley (1945 – 1981), Armandinho e Sublime como maiores referências, o artista não descarta trazer elementos do rock, outro gênero que admira, em suas próximas composições.
– Hoje está muito mais aberto o que influencia no meu som. Além do reggae, eu gosto muito de Charlie Brown Jr., alguma coisa de Raimundos, Skank. O próprio Armandinho tem músicas que remetem mais ao rock, com uma guitarra pesada, pode ser que eu aposte nos próximos projetos – comenta.
O jovem artista aposta na conexão das suas letras, como forma de “conforto” para quem escuta. Ele também acredita que é necessário ter mais união entre todos os artistas do Estado.
– Eu passei a entender que não faço música para mim, eu penso em quem vai ouvir e como a pessoa vai absorver a letra. Tento levar uma mensagem para frente, mais calma, uma palavra de conforto – ressalta.
Com essa mensagem de amor, positividade e calma, Vini sonha em dividir composições com Armandinho e subir ao palco do Planeta Atlântida:
– Eu admiro ele desde piá, nunca vi um trampo ruim dele, seria a parceria dos sonhos. E o Planeta... Bom, é um festival gigante e que é nosso, né? Feito para a juventude, seria massa tocar lá.
Pitaco de Quem Entende
O cantor Claus, da dupla com Vanessa, comenta sobre o som do artista:
– Reggae bem raiz, letra e vibe boa, com uma voz que encaixa bem no conceito da canção.
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*Produção: Lucas de Oliveira