Sabe o que é maniqueísmo? É quando existe uma divisão clara entre o bem e o mal. Em novelas, acontece quando vilões são muito malvados e mocinhos são extremamente bondosos, sem defeitos. Vai na Fé faz sucesso justamente por não haver o tal do maniqueísmo. Sol (Sheron Menezzes), a protagonista, é uma pessoa comum, passível de erros. Já Theo (Emilio Dantas), o grande vilão, também tem suas fragilidades. Mas a personagem que fica no limbo entre o bem e o mal, dividindo opiniões, é Lumiar (Carolina Dieckmann).

Advogada correta, filha amorosa, professora dedicada, seria fácil torcer por ela, não fosse por um motivo: Theo. Lumiar está completamente cega com relação ao amante e cliente. Defensora do mau-caráter, ela não acredita nas acusações de abuso contra ele, utilizando no tribunal argumentos machistas para invalidar os depoimentos das vítimas. Faltou sororidade – união entre mulheres – e empatia quando o assunto são os crimes de Theo. Dá raiva vê-la em cena, ainda mais que se mostra alheia à dor de Sol, e até acusa a rival de ter armado contra o “injustiçado” Theo.

Por outro lado...

No entanto, podemos classificar Lumiar como mais uma vítima do pilantra. A manipulação de Theo, que rebate as acusações com veemência e reverte o jogo a seu favor, acabam deixando a advogada em uma posição difícil. Por estar em um relacionamento com ele, Lumiar está vulnerável, à mercê de uma espiral de abusos psicológicos. Visto dessa forma, não consigo apontar o dedo para a loira e julgá-la. Por sorte, ela começará a abrir os olhos nos próximos capítulos.