Entretenimento



Estrelas da Periferia

Cocoa Mami se prepara para show no Rap In Cena

Cria da Restinga, artista apresenta versatilidade e defende a cultura negra e LGBTQIAP+

25/07/2023 - 11h10min


Letícia Dietrichkeit / Divulgação
Além de cantar, ela é idealizadora e produtora do Coletivo do Bronx

A música foi um caminho natural na vida de Clara Soares, 26 anos, conhecida como Cocoa Mami. Nascida em uma família com dotes artísticos, ela fomenta e defende a representatividade negra e LGBTQIAP+, além de expressar sentimentos e vivências em suas rimas.

– Todo mundo toca algum instrumento ou canta na minha família, que é bem grande. Lembro das reuniões e aniversários, minha tia colocava minhas primas para cantar, os tios montavam banda, meu irmão já participou da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) – relembra.

Natural da Restinga, zona sul da Capital, a artista lançou em maio sua primeira mixtape, intitulada Arquétipo, em que mostra versatilidade entre ritmos e batidas. Com oito faixas, a produção traz participações especiais de Jô, Cristal, Emersxxn e Romano.

As gravações da mixtape começaram em 2020, um ano após Cocoa Mami lançar sua primeira música. Durante a produção, a artista surfou em diferentes ritmos, além de gravar a faixa Mami sem o programa Auto-Tune (usado para disfarçar imprecisões vocais e instrumentais).

– Senti que faltava algo, uma música solo. Eu tinha como referência um beat mais hip hop dos anos 2000, rimando e não cantando. Nunca imaginei gravar sem Auto-Tune, tinha insegurança com a minha voz, mas eu gostei e, hoje, é minha música favorita – conta.

Das oito faixas, duas já possuem videoclipes lançados: Bounce, um trap melódico para dançar, e Arquétipo, que dá nome ao projeto e reforça a mensagem de persistência em ritmo de trap e rap. Em agosto, Mami também deve ganhar um videoclipe.

– Estamos em processo de roteiro, look. Vai ser uma coisa mostrando bem a minha vivência de bairro, de quebrada – revela.

Para descansar da produção da mixtape, Cocoa Mami deu uma pausa nas produções em estúdio. Apesar disso, deve lançar um funk em breve e segue atuando como produtora e DJ.

– Fiquei muito tempo neste projeto. Dei uma pausa para não criar coisas tão parecidas e ter novas inspirações. Tenho um funk pronto, até toco no meu setlist, mas ainda não lancei – comenta.

Identificação

Para criar oportunidades a artistas locais e fomentar a cultura negra e LGBTQIAP+, em 2016, Cocoa Mami criou o Coletivo Bronx. Promoter de diversos eventos na época, a artista destacou que não havia espaços voltados à cultura preta. 

– Eu já saía bastante, ia em eventos pelo Centro, Cidade Baixa.  Senti a necessidade de ter um espaço mais voltado ao protagonismo preto e LGBTQIAP+, que fosse acessível – explica.

Na visão da artista, a identificação do público com os eventos promovidos pelo Coletivo Bronx e a necessidade desse espaço de valorização para os artistas destes grupos tornou o projeto contínuo.

– Era algo que não víamos acontecendo no nosso círculo. O pessoal usava imagens de grandes artistas em divulgações, mas não tinha artistas negros no palco. O nosso foco foi priorizar e dar espaço para essa cultura – conta.

No foco do festival

Referência no incentivo de artistas locais, o Coletivo Bronx virou Palco Bronx no Rap in Cena, principal evento de hip hop do Rio Grande do Sul. A estreia ocorreu em 2022 e contou com a primeira apresentação de Cocoa Mami em um palco:

– Foi muito importante para mim, foi meu primeiro show, cantei as músicas da mixtape já. Fiz maquiagem, roupa, vídeo pro telão, chamei pessoal do balé, fiquei muito feliz e emocionada.

O convite para estar no evento surgiu da produção do festival, a partir de Keni Martins, um dos idealizadores do projeto ao lado de Guilherme Camerini. 

– Foi muito corrido, muito trabalho. Mas o Keni disse que nos chamou porque conhecia nosso trabalho no Bronx, que iríamos tirar de letra – destaca.

O Palco Bronx terá ainda mais espaço no Rap in Cena deste ano, que ocorre nos dias 28 e 29 de outubro, na Capital, e já conta com mais de 20 mil ingressos vendidos. Em breve, deve começar a segunda fase das vendas através da plataforma Sympla.

– Nosso palco e estrutura serão maiores. Estamos fazendo a curadoria, pensando nos artistas locais para participar. É incrível, um festival que não perde em nada para os outros e acontece aqui no Estado – finaliza.

Pitaco de Quem Entende

O produtor musical Rafadélico, da Usina do Beat, comentou sobre o trabalho da artista:

– Tem estilo, flow, melodia. Cocoa Mami transpira autenticidade. Já é uma das referências da música da nossa cidade, traz a estética e dedicação em cada trabalho. Escute o álbum Arquétipo, tem muita qualidade!

AQUI, O ESPAÇO É TODO SEU!

/// Para participar da seção, mande um histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas, vídeos e um telefone de contato para lucas.oliveira@diariogaucho.com.br.

/// Para falar com a artista, envie e-mail para clarasoaresmodel@gmail.com.

*Produção: Lucas de Oliveira


MAIS SOBRE

Últimas Notícias