O assunto da semana foi a bombástica entrevista de Larissa Manoela ao Fantástico no domingo passado. Na conversa, a atriz e cantora revelou que não tinha controle sobre seu dinheiro, que era gerenciado por seus pais, Silvana e Gilberto. A jovem mostrou áudios nos quais pedia dinheiro à mãe até mesmo para comprar milho e água de coco na praia. Os desdobramentos desse caso estão longe de ter fim, mas, por enquanto, Lari está rompida com os pais.

Conflitos familiares – principalmente os que envolvem dinheiro – não são raros no mundo artístico. Na maioria das vezes, são astros e estrelas que começam na carreira muito cedo, ganharam milhões em pouco tempo e acabaram entrando em conflito com os genitores. Retratos da Fama relembra outros famosos que deram um novo viés ao velho ditado: "Família, família, negócios à parte".

BRITNEY SPEARS

A princesa do pop Britney Spears tinha a vida e carreira controla pelo pai, Jamie Spears, por meio de uma ordem judicial, desde 2008. A tutela legal que a cantora era submetida pode ser solicitada na Justiça por alguém da família quando a pessoa, maior de idade, é considerada incapaz de cuidar de si mesma. 

A tutela foi concedida após Britney ter sido internada em um centro psiquiátrico, em 2007, mesma época em que ela raspou a cabeça, atacou um paparazzi com um guarda-chuva e perdeu a tutela dos filhos. Depois de muitas audiências, de ser ouvida pela Justiça, e de ganhar o apoio dos fãs e da imprensa internacional, com a campanha Free Britney, em 2021, após 13 anos sob tutela, a cantora tomou o controle pessoal e comercial da sua carreira. 

Ela pretende lançar um livro contando sua trajetória na música e, também, sobre os anos sem o controle de sua vida e carreira. O lançamento está previsto para outubro. 

MACAULAY CULKIN

Quem foi criança nos anos 1990 sabe que o astro mirim Macaulay Culkin era figurinha carimbada no cinema, protagonista de filmes de sucesso como Esqueceram de Mim (1990) e Riquinho (1994). O divórcio dos pais e a disputa pela fortuna do guri o motivaram a romper com os familiares e se emancipar aos 16 anos. Aos 42 anos, Macaulay já contou em entrevistas:

– Eu falei: "Estou fora, gente, espero que vocês tenham ganhado dinheiro, porque não vai ter mais nenhum vindo de mim".

GABRIEL MEDINA

O surfista Gabriel Medina começou a carreira na infância, aos 11 anos, quando ganhou seu primeiro campeonato. Desde essa época, o dinheiro do atleta era movimentado pela família, principalmente por sua mãe, Simone Medina. O caldo entornou em 2020, quando ele começou o relacionamento com Yasmin Brunet, que não era bem vista pela sogrinha. 

A situação só piorou quando a moça incentivou Gabriel a tomar conta das próprias finanças, e ele chegou a cortar a mesada que dava à mãe. A briga foi para a Justiça, e a família acabou ficando com parte do patrimônio do surfista, mas não teve autorização para usufruir publicamente da imagem dele. O tempo passou, o mundo deu voltas e, hoje em dia, Gabriel está separado de Yasmin e fez as pazes com a família.

BEYONCÉ

Nem mesmo as divas escapam de rixas financeiras com a família. Em 2011, Beyoncé demitiu o pai e até então empresário, Mathew Knowles, após acusá-lo de desviar dinheiro da sua turnê. Ele negou todas as acusações e chegou a processar a ex-produtora da filha, a Live Nation, pelo rombo no caixa.

Anos depois, em 2016, a cantora postou uma foto ao lado do pai durante a turnê The Formation World Tour, sinalizando que haviam se acertado. Ele, no entanto, não voltou a empresariar a carreira de Beyoncé.

JOJO TODYNHO

Assim como milhares de espectadores que ficaram grudados no Fantástico, Jojo Todynho também acompanhou cada minuto da entrevista com Larissa Manoela. E ainda aproveitou para esclarecer algumas coisas sobre sua própria família.

– Minha mãe é quem me criou. Minha avó, minha tia, minha mãe Maria Helena. A minha mãe (biológica) pagava R$ 120 de pensão e falava na época que isso era esmola, e que bebia isso de cerveja – contou a cantora no Instagram.

Jojo revelou também ter entrado na Justiça para tirar o nome da mãe de sua certidão de nascimento. Com isso, ela pretende garantir que a genitora não tenha direito a nada de seus bens no futuro.

BRUNA MARQUEZINE

Bruna Marquezine também já falou sobre o momento em que decidiu interromper a parceria profissional com a própria mãe, Neide. Em entrevista ao podcast Quem Pode, Pod, de Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme, a atriz contou que teve muitas desavenças com a mãe ao longo da carreira e que, em determinado momento, decidiu administrá-la por conta própria.

– A gente brigava, a gente se ofendia, a gente se feria. Era muito difícil para ela, imagina, eu com 18 ou 19 anos falar que não vou fechar tal contrato, ou eu não vou fazer tal campanha, porque isso não tem a ver comigo, porque isso não tem a ver com o que eu quero para o meu futuro – disse.

Como Larissa Manoela, Bruna também começou a atuar cedo, aos cinco anos. Sua mãe era também sua empresária.

– Até os 18, 19 anos ela que tocava tudo comigo – explicou a atriz.

Depois dessa idade, Bruna "demitiu" a mãe.

PODE VIRAR LEI

O imbróglio envolvendo Larissa Manoela e seus pais motivou discussões até mesmo no campo político. Na Câmara dos Deputados, quatro projetos de lei foram propostos, com o intuito de garantir os direitos de astros e estrelas infantis.

Um dos projetos, assinado pelos deputados Pedro Campos (PSB-PE) e Duarte Júnior (PSB-MA) visa alterar dois artigos do Código Civil no que se refere ao poder familiar. A ideia é que a participação societária de jovens em suas empresas seja precedida por manifestação do Ministério Público e contenha cláusula para que os contratos sejam suspensos quando os artistas completarem 18 anos.

No projeto de Marcelo Queiroz (PP-RJ), a contratação de menores de 16 anos deveria ser condicionada à autorização do Ministério Público. O MP também nomearia os responsáveis por prestar contas dos trabalhos artísticos do jovem em questão.

Ricardo Ayres (Republicanos-TO) propõe limitar a movimentação de dinheiro proveniente do trabalho de menores a 30% do montante obtido. O restante seria administrado pelo próprio jovem após os 18 anos.

A deputada Sylvie Alves (União-GO), por sua vez, se concentra nas penalidades em caso de alienação. Para ela, crime de violência patrimonial contra crianças e adolescentes deveriam ser passíveis de pena de seis meses a dois anos de prisão e multa.