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Estrelas da Periferia

Com novo álbum, Neumann quer ditar tendência no trap

Guri do bairro Mário Quintana, na zona norte da Capital, acaba de lançar “Autodidata” e já tem sua própria gravadora

08/08/2023 - 11h23min


Kinho / Divulgação
"Toda vez que eu ligo meu microfone, estou tirando meu sustento".

Das batalhas de rap ao estúdio, aos 20 anos, Gabriel Neumann vive apenas da música hoje em dia. À frente da gravadora Pushing, o rapper toca seus projetos e agencia a carreira de outros quatro artistas.

– Toda vez que ligo meu microfone, estou tirando meu sustento. Desde pequeno, eu escrevia muito. Sempre quis ser isso – celebra. 

As primeiras lembranças de Neumann, como é conhecido, vêm da infância, de dentro da própria casa. Segundo ele, “seu ouvido gostava” quando a mãe e a tia escutavam Planet Hemp, O Rappa e Charlie Brown Jr., além de influências da novela Passione (2010), da Globo. 

– Eles (atores do elenco) falavam em italiano, eu abri o tradutor para escrever em português e italiano – relembra.

Aos 13 anos, Neumann deu os primeiros passos para virar artista, ao começar a participar de batalhas de rima. Com 14, criou a Batalha do Parcão, evento que reuniu mais de 120 pessoas na primeira edição. 

– Comecei a me inteirar mais sobre a cena e criei a minha própria batalha. Um “maninho” de 14 anos, que não era da cena, reunir 120 pessoas em uma batalha, foi único – pontua. 

Das batalhas, Neumann migrou para o estúdio e começou a estudar mais sobre a cultura hip hop e profissionalizar sua música. Em 2017, lançou sua primeira música, 02:00.

– Fui deixando as batalhas e foquei em evoluir a minha música. Eu era muito novo, andava com pessoas que me tratavam como fã/artista e não como artista para artista, fui desgostando de batalhar – revela.

Primeiro disco

Com letras motivacionais, o guri lançou seu primeiro álbum em julho: com Autodidata, almeja “ditar a tendência do trap”. A produção ultrapassou a marca de 11 mil reproduções no Spotify na semana passada. 

– É o caminho das minhas trevas até a minha autossuficiência. Da minha escuridão, do completo limbo de não saber o que fazer, até montar a minha gravadora – expressa. 

Cada uma das 11 faixas do álbum foi planejada dentro do contexto da produção, feita inteiramente por Neumann e Chrxni. 

– Eu quis fazer algo grandioso, para o pessoal ver que eu não estou de brincadeira, que mereço atenção. Pensei no disco como uma obra de arte, catando coisas que eu almejo e meus problemas – explica. 

Com sonho de tocar no Rap in Cena e outros grandes festivais, Neumann destaca que sempre pensou em estar à frente de seus próprios projetos. Se dedicou e aprendeu sobre produção sozinho. 

– Fazendo as minhas coisas, posso chegar mais próximo do resultado que espero, por mais que seja cansativo é satisfatório – comenta.

Produção a mil

ara se dedicar totalmente à música, Neumann abriu o seu próprio estúdio em 2022. À frente da Pushing, ele produz seus hits e de outros quatro artistas: Slime Cunha, Riri, Vitin493 e OG Luan. 

– Eu saí do meu trampo e abri meu CNPJ, meti a cara junto com o Vitin493. Sou 100% independente, produzo, faço beat, gravo, crio as capas. Raramente, pego mão de obra de fora – conta. 

Contra a falta de oportunidades, a Pushing realizou um evento no dia 15 de julho, reunindo todos os seus artistas. Em apresentação no bairro Cidade Baixa, Neumann também realizou a audição de seu álbum. 

– As oportunidades são direcionadas, essa é nossa maior barreira. Criamos a nossa festa, com nossos pocket shows, para levar nossos nomes – diz. 

Em novembro, o estúdio deve lançar uma mixtap “grandiosa”, nas palavras de Neumann. Singles dos artistas da  Pushing também devem ser liberados. 

– A mixtape vai ditar a nova tendência do trap. Estou focado na produção dos outros artistas agora – projeta.

Pitaco de Quem Entende

A cantora Jô, da UCLÃ e Universal Music, comenta sobre Neumann:

– Repleto de versos ousados e motivacionais. O artista tem boas letras e muito a agregar na cultura.

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*Produção: Lucas de Oliveira


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