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Entrevista

No ar como Luana Shine em "Terra e Paixão", Valéria Barcellos fala sobre seu novo espetáculo

Estreia do stand-up "Isso a TV Não Mostra" ocorre neste domingo em Porto Alegre

02/09/2023 - 09h00min

Atualizada em: 02/09/2023 - 09h00min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Em Porto Alegre, a atriz e cantora Valéria Barcellos, 43 anos, se sente em casa! Basta passar no Venezianos Pub Café, dar uma volta pelas ruas da Cidade Baixa ou curtir um som no Ocidente. Pronto, ela estará lá contagiando o ambiente com seu carisma. Foi justamente a Capital que a artista escolheu para a estreia nacional do seu show de stand-up, Isso a TV Não Mostra, neste domingo a partir das 20h, no Porto Alegre Comedy Club (Rua 24 de Outubro, 1.454) – o espetáculo será apresentado também nos dias 10, 17 e 24 de setembro, sempre no mesmo local e horário. Os ingressos custam de R$ 30 a R$ 110, disponíveis por meio do site minhaentrada.com.br (com taxa). Participam como convidados especiais ao longo da temporada: Betina Câmara (no dia 3 de setembro), Mayura Mattos (10), Nelly Coelho (17) e Thainan Andrades (24).  

No palco, Val revela de forma bem-humorada as “lendas” que circundam os bastidores da televisão brasileira e do meio artístico. Mundo esse que vem experimentado de forma intensa nos últimos meses, desde que passou a dar vida a Luana Shine na novela Terra e Paixão. Um verdadeiro marco na carreira da atriz, natural de Santo Ângelo e, hoje, sucesso no Brasil inteiro.

No meio da rotina exaustiva de gravações, Valéria fez uma pausa para contar mais sobre o novo show, o dia a dia no Rio de Janeiro e a repercussão do seu atual trabalho no folhetim do horário nobre da Globo. Confira.

Renata Xavier / Divulgação
Valéria Barcellos chega a Porto Alegre para estrear seu stand-up, “Isso a TV Não Mostra”

A ideia de fazer o Isso a TV Não Mostra surgiu a partir das suas vivências em Terra e Paixão?
Também veio disso, mas acho que veio mais da vontade de atiçar a curiosidade das pessoas em saber aquilo que a TV não mostra. Um tempo atrás, a emissora tinha um quadro que era o Isso a Globo Não Mostra, e eu achava esse nome fantástico, porque era exatamente isso que a gente queria saber: o que acontece por trás das câmeras? Vai ter tanta coisa que eu vou contar. Não vai dar pra saber se é tudo verdade ou se vai continuar na imaginação das pessoas (risos).

O que mais tem te encantado nos Estúdios Globo?
Tem muitas coisas que me fascinam, é uma fábrica de sonhos real. Tudo é muito grande, tudo é muito real. O bar de Cândida (Susana Vieira), por exemplo… Todas as vezes que vamos gravar lá, a gente quase sempre encontra um detalhe que não viu ainda. É um trabalho muito bonito e minucioso da arte. Eu fico muito impressionada também com as pessoas nas portarias, esperando a gente pra tirar fotos. Algo antigo que perdura até hoje, eles ali, vendo os artistas chegando para trabalhar ou saindo para suas casas.

Instagram / Reprodução
Tem passado bastante tempo nos Estúdios Globo

De que forma as suas bagagens do teatro e da música ajudaram na televisão?
Completamente. Essas vivências ajudam a perceber, saber e imaginar o que o público vai gostar – de uma certa forma – quando você não está vendo ele. Os meus shows são sempre muito intimistas, com as pessoas na minha frente, vibrando comigo. Tem também os públicos de teatros, que fiz pelo Brasil, e ajudam muito nisso. Claro que é tudo muito diferente: televisão, teatro e música. Se completam, mas não são iguais. No entanto, o público é sempre o mesmo. As pessoas que estão sedentas pela sua arte são as mesmas. E para as novas, fica a tentativa de encontrar o tom para entender quem está do outro lado da tela.

Assistindo à novela, dá para perceber uma sintonia grande (apesar das brigas e confusões) entre os personagens que formam o núcleo do bar de Cândida. É assim também nos bastidores?
Existe uma sintonia gigantesca entre os personagens do bar de Cândida, com certeza. Somos todos marinheiros de primeira viagem, a gente se abraçou. A Susana (Vieira) também nos abraçou quando estava conosco. Agora, a Alexandra Richter (Nice), que também é um grande nome. Eu brinco sempre que o bar de Cândida parece a piscina do filme Cocoon (1985, de Ron Howard, no qual três velhinhos passam a sentir-se rejuvenescidos depois de entrarem em uma piscina). As pessoas vão lá para entrarem nessa fonte da juventude e saírem renovadas para o resto da novela. É tudo tão divertido, tão lúdico, tão colorido lá dentro que as pessoas acabam embebidas nisso. Por sermos pessoas de primeira novela – com exceção de algumas –, a gente cuida muito uns dos outros. Isso faz, logicamente, com que tenhamos a vontade de promover um ambiente harmônico. Tem, sim, sintonia na tela e fora dela.

O romance da Luana com o Rodrigo vem rendendo cenas muito representativas. Como tem sido a troca com o Maicon Rodrigues e a construção dessa relação entre os personagens?
Tem muita representatividade mesmo. Tivemos esse entendimento na primeira cena, quando foi revelado pra gente que seríamos um casal. É muita coisa envolvida, é desmistificar essa história de que um homem cisgênero (que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu) não pode ter uma relação de amor e de carinho com uma mulher trans. Homem cis que se envolve com mulher trans continua sendo cis, continua sendo hétero. Tentamos construir uma relação de “deixa as armas pra lá”, em que ele perde um pouco da sisudez, do “juridiquês” e da postura de advogado, e ela perde um pouco da coisa maternal, de mãezona de todas aquelas meninas e de mulher que precisa ser forte o tempo inteiro. O Maicon me escuta muito, assim como eu o escuto também. A gente tem tido uma sintonia bonita, sem muito tempo de construção, porque a novela está em um pique frenético. Mas a gente consegue, ainda assim, conversar durante a semana. Esperem cenas lindas de Rodrigo e Luana.

TV Globo / Reprodução
Romance de Luana e Rodrigo ainda vai render lindas cenas

Tem um vídeo seu no Instagram no qual aparece cercada por fãs pedindo fotos, na porta de um teatro. O assédio nas ruas está muito grande?
Eu tô adorando isso! Dia desses, eu fui no supermercado e uma pessoa começou a gritar: “Meu Deus, é a atriz da novela” (risos). Acho muito legal, a gente trabalha para isso. Eu fico muito feliz com o carinho das senhorinhas, porque são elas que têm me abraçado de maneira muito fidedigna, sabe?! Aquele dia (na porta do teatro), eram 50 senhoras de uma excursão, na peça da Alexandra (Richter) e do Rodrigo (Fagundes). É claro que tem o lado “B” disso também. Outro dia, fui interpelada por uma pessoa que disse, de uma maneira não muito delicada: “Tira uma foto aqui comigo”. Aí, a esposa, que estava perto, falou: “Que é isso? Ela tira se ela quiser”. E ele respondeu: “Ela não tem querer”. Foi um pouco chocante, pra mim, perceber que não vou receber só rosas. É o ônus e o bônus. Prefiro focar no carinho bonito que tenho recebido das senhorinhas, das pessoas trans que se sentem representadas e da comunidade negra que se sente representada também.

Por conta das gravações, se mudou para o Rio de Janeiro. Conseguiu se adaptar facilmente?
A vida aqui no Rio tem sido observar o mar pela janela. Eu saio muito cedo e volto de noite das gravações. Nos dias de folga, eu tenho vontade de fazer nada, ficar em casa meio desligada das coisas. Não tenho conseguido visitar a cidade como eu gostaria. A novela tem me tomado muito tempo, eu tenho me dedicado muito a esse projeto. A gente se adapta rápido aqui, é um calorzinho gostoso, eu consigo ver o mar da minha sacada. Ao mesmo tempo, ficamos numa relação de artistas convivendo com artistas, e a gente acaba se gerindo da gente mesmo. Sinto um pouco de falta desse calor gaúcho, de sair, encontrar conhecidos na Lima (e Silva), na República ou no Venê (Venezianos Pub Café, bar localizado na Rua Joaquim Nabuco, 397). Mas tudo é por um bem maior, então tento, de uma certa forma, conciliar.

Instagram / Reprodução
Clima de amizade durante as gravações da novela das nove


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