É difícil definir o trabalho de Anay, que passeia por vários estilos em suas composições. Seja na pegada romântica de Amor Amor ou no pagode Jacinto (baseado em um personagem de novela, segundo a artista), a inspiração é a vida e o ritmo pode mudar conforme ela se sente na hora de gravar.

Ana Augusta Pereira da Rosa, 33 anos, compõe desde os 15, quando frequentava a igreja evangélica e, por conta disso, dedicava-se ao gospel. Sem condições de gravar e, posteriormente, com a saída da igreja, começou a variar seu repertório.

A partir daí, tudo virou inspiração.

– Faço todos os estilos musicais, pego uma caneta e saio escrevendo o que vem na mente – conta Anay, que completa:

– Ou vejo uma situação, até mesmo da minha vida, e começo a escrever. Conversando com você, já estou começando uma nova música.

Será que vem aí uma música sobre o DG? Já estamos ansiosos!

Eclética

Os diversos estilos cantados por Anay têm muito a ver com seu gosto musical, que vai de Luan Santana e Maiara & Maraisa, passando por MC Willian e até artistas tradicionalistas, como Mano Lima.

Moradora do bairro Mathias Velho, em Canoas, a cantora recebeu a ajuda que mudou sua vida: do conterrâneo Josué Cruz, produtor musical. Foi graças a ele que, há cerca de um ano, Anay conseguiu gravar seu trabalho, por um preço que caberia em seu orçamento. Essa força foi fundamental para que a artista tivesse suas músicas disponíveis em todas as plataformas digitais. 

Enquanto não emplaca na carreira musical, Ana vende roupas e perfumes para reforçar o orçamento doméstico. Além disso, conta com o Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência (BPC-Loas), já que seu filho caçula, Miguel, sete anos, tem deficiência física: 

– Em um pé, ele tem três dedos. No outro pé, tem quatro dedos. Na mão, tem quatro dedos e são grudados. Fui saber quando ele nasceu, não apareceu na ecografia. Os médicos disseram que ele não iria caminhar, mas graças a Deus, mesmo faltando um osso no pé, caminha.

E é principalmente pelos filhos – além de Miguel, é mãe de Vitória, Gabrieli e Samuel – que ela luta para se tornar conhecida e viver só da música.

– Quero dar o melhor pros meus filhos, já que eu não tive quando criança – planeja Anay, que também quer dar melhores condições ao pai, que tem 87 anos e é deficiente visual.

Anay sonha alto, seja com planos de melhorar a vida da família ou, até mesmo, ajudar as pessoas mais necessitadas na África. Pois é, não há limites geográficos para a vontade de fazer o bem que existe dentro dela:

– Quero realizar o sonho de ter outra casa, com melhor padrão e ambiente, pagar faculdade para os meus filhos, comprar outras casas para alugar, ter um bom dinheiro na conta para ajudar quem precisa, principalmente pessoas com deficiência física, e ajudar a África. 

Pitaco de Quem Entende 

Amanda Souza, comunicadora da rádio 92 (92.1 FM), comenta sobre o som da cantora e compositora:

– Anay é mais uma entre tantas guerreiras que vivem nas periferias do nosso Estado. Fico feliz que tenha encontrado apoio dentro de sua própria comunidade para gravar o trabalho autoral, sinal de que está no caminho certo para realizar seus sonhos.

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