Musa do reggae
Feliz com a maternidade e 25 anos de carreira: três perguntas para Tati Portella
Cantora conta o que mudou com a chegada da pequena Aurora em sua vida e fala sobre as atuais parcerias musicais
A voz marcante da gaúcha Tati Portella, 41 anos, ficou conhecida nos anos 2000, quando foi vocalista da Chimarruts, emplacando sucessos como Versos Simples, Do Lado de Cá e Floripa. A partir de 2017, a cantora e compositora deu os primeiros passos na carreira solo, coroada com a abertura do show do Coldplay em Porto Alegre naquele ano. Em 2019, lançou seu primeiro disco solo, Impermanência. Há quatro meses, Tati virou mãe da Aurora e, cada vez mais, busca estabelecer parcerias com nomes fortes do reggae nacional. Neste bate-papo, ela fala sobre seus projetos e o que aprendeu com a maternidade.
Você faz parte de vários projetos: Som de Bob, Bloco do Caos e também com a dupla 50 Tons de Pretas. Como rolou cada uma dessas parcerias?
O som de Bob, o tributo a Bob Marley (1945 - 1981), é um projeto de Brasília. São artistas do segmento do reggae de lá. Tem muitos artistas que também trabalham no Natiruts, como o Kiko Pérez, que é o guitarrista do projeto. A banda base mesmo é a Jah Live. E eles começam a convidar vários músicos, artistas de outros Estados, para cantarem as músicas. Eu represento o Rio Grande do Sul sempre. Já faz dois anos que eu participo. O Hélio Bentes, que é da Ponto de Equilíbrio, representa o Rio de Janeiro. O Rodrigo (Piccolo), do grupo Mato Seco, representa São Paulo. Marceleza (Macena) representa a galera de Brasília, que é da Mascavo. É um projeto muito bacana, divertido, e a gente celebra a vida do Bob Marley cantando. Bloco do Caos é uma banda de São Paulo, extremamente articulada. Eles fazem projetos muito bacanas. A última música (Às Vezes, disponível nas plataformas digitais) que eu lancei foi um collab com eles. Fizeram um projeto também, chamando Todas as Cantoras do Reggae. Foi muito bonito, gravado no centro de São Paulo. 50 Tons de Pretas é uma amizade de mais de 20 anos. Eu participei de todos os momentos simbólicos delas (Grazi Pires e Dejeane Arruée), sabe? Desde a formatura, que a gente cantou juntas, na festa, os projetos sociais que fazem. Elas são musicoterapeutas também. Quando eu faço projetos sociais, elas vão junto comigo. É uma amizade que tenho muito orgulho. Nessa última vez, a gente fez um projeto com crianças com autismo, o Uma Sinfonia Diferente. Elas são extraordinárias. Para mim, é a dupla que mais vai dar o que falar no Rio Grande do Sul.
Já são 25 anos de carreira na música. Quais são os momentos mais emblemáticos?
Nestes 25 anos de carreira, foram tantos momentos, foram altos e baixos, mas a gente sempre celebra com as coisas boas, né? É o que fica na memória. O meu primeiro Planeta Atlântida, com 20 aninhos, foi uma coisa extraordinária para mim. Depois, quando eu ainda estava na Chimarruts, fiz muitos shows com artistas que eu já achava o máximo. Isso também me marcou muito, como Ziggy Marley, Shakira. E o que foi mais emblemático na carreira solo: começar a minha carreira, meus primeiros passos, abrindo o show do Coldplay em 2017. E foi uma escolha deles também, sempre preferem que bandas de mulheres abram os shows, porque sabem que é mais difícil para as mulheres na música. E isso já me tocou. Eles foram extraordinários, nos receberam no camarim, o cantor (Chris Martin) vestido de gaúcho, ele trouxe toda a família, um clima família, foi muito lindo. E, de quebra, eu ainda conhecia a Dua Lipa, que eles traziam também para abrir as turnês.
Pelas redes sociais, acompanhamos sua rotina em família, agora, com uma nova integrante: a Aurora, com quatro meses. Como é viver esse novo momento, a maternidade?
A minha rotina está de ponta-cabeça por enquanto (risos). Eu aprendi, com a maternidade, que a gente não tem controle de nada. Eu acho que, quando a gente vive uma vida mais de correria, estrada, tem a falsa ilusão de que está no controle. E a vida não é assim. É muito mais complexa, mas também muito mais cheia de cor, muito mais cheia de amor. Acho que, com a chegada da Aurora, descobri o que é um amor incondicional, de falar dela e já me emocionar. Eu tenho um porquê a mais para lutar e, principalmente, mostrar para ela, desde pequenininha, que viver da arte, da música, não é uma coisa fácil. Mas que enche o meu coração de amor. Que ela tenha muito orgulho da mãe dela, que é uma guerreira que corre atrás, que corre para dar exemplo para ela também. A maternidade ressignificou a minha relação com a minha família, todas as coisas que a minha mãe já fez por mim. A gente começa a perceber o quanto é difícil também, porque acaba mudando mais a vida da mulher, mas vai se adequando, porque tem um amor maior, uma filhota junto, do lado.