Estrelas da Periferia
Funk em forma de arte: conheça o designer gráfico Castilhos
Artista da Restinga cria identidade visual de clipes e divulgação de artistas do mundo do funk
Lucas Castilhos, 24 anos, trabalha com funk e tem um canal de sucesso no YouTube. Mas o negócio dele não é pegar o microfone e fazer um som, tampouco se dedica a comandar as picapes em festas. O negócio de Castilhos é fazer arte, literalmente. Nos vídeos que publica, dá identidade visual a hits de sucesso, em parceria com artistas como Kevin O Cris e MC Meno K. A repercussão é impressionante, com publicações que chegam a passar de 2 milhões de visualizações.
Nascido em Porto Alegre, o designer gráfico viveu alguns anos em Gramado, na serra gaúcha, mas acabou retornando à Capital e fixando residência na Restinga. Foi da vivência na periferia e do contato com artistas do funk que surgiram as primeiras oportunidades de mostrar seu trabalho.
– Trabalho como designer gráfico e youtuber. O artista me procura pra criar o material dele como logomarca, flyers e vídeos. Automaticamente, já me pede para postar suas músicas de trabalho no meu canal no YouTube.
Reconhecimento
Não é exagero dizer que, na plataforma de vídeos, Castilhos atinge toda a torcida do Flamengo. Afinal, um dos hits postados, Camisa do Flamengo, do DJ 2L da Rocinha e MC Meno K, tem mais de 2 milhões e 400 mil views. Nada mal para o guri que faz arte desde os 13 anos, aprendeu tudo na prática e batalhou muito para chegar até aqui.
– No início (o pior foi) condições financeiras, em questão de conseguir comprar um computador, em ter acesso à internet, foi bem difícil – lembra ele.
Aos poucos, os tempos difíceis vão ficando no passado. Atualmente, o trabalho do artista tem o reconhecimento de nomes como MC Ryan e MC Daniel. Ao postar sua arte no Instagram, Castilhos marca o artista, que curte, compartilha e, em alguns casos, entra em contato para novos projetos. Além de ferramenta de trabalho, a internet é também fonte de aprendizado, já que ele conta nunca ter feito cursos na área. É autodidata mesmo.
– (Aprendi) tudo através do Instagram, onde via inspirações de artistas pela internet, e então decidir criar as minhas.
Das curtidas aos compartilhamentos, a arte de Castilhos acaba chegando a funkeiros de renome nacional. No Instagram, as postagens são apenas uma forma de homenagem sem reconhecimento financeiro.
– Os famosos, não sou pago, eles apenas compartilham em forma de agradecimento e, assim, me dando visibilidade e clientes – conta ele, que almeja, em um futuro nem tão distante, trabalhar para seus ídolos:
– Meu maior sonho é meu trabalho ser reconhecido nacionalmente e poder trabalhar com eles.
O jovem se mostra orgulhoso em dizer que sempre conseguiu viver de seu trabalho. A renda vem da criação do material artístico de funkeiros, principalmente da divulgação de vídeos. A monetização (pagamento pela veiculação de anúncios nos vídeos do YouTube) é dividida entre Castilhos e o artista que o contratou.
Sobre o ano que acaba de se despedir, Castilhos diz:
– Foi um ano de muitas conquistas e visibilidade no meu trabalho, apesar de ser um ano em que acabei perdendo uma pessoa muito importante na minha vida, que também fez parte disso e sempre me apoiou, minha avó, Alice.
Sobre o ano novinho que chegou, projeta:
– Os planos e sonhos para 2024 são, primeiramente meu trabalho ser conhecido nacionalmente. E conseguir comprar uma casa pra minha mãe através da minha arte.
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