Noveleiros
Michele Vaz Pradella: gostar do remake é "trair" a novela original?
Nova versão de "Renascer" vem dividindo opiniões entre os telespectadores
Toda vez que uma nova versão de alguma novela de sucesso entra no ar, começa um inevitável exercício de comparação. Quem assistiu à versão original se divide entre rejeitar as mudanças ou abraçar o remake com o mesmo amor que dedicou à novela anterior.
Renascer (1993) é uma novela que marcou minha infância, tem um lugar especial na minha memória afetiva. Por isso, fiquei um pouco receosa quando anunciaram uma releitura da história, como se isso fosse "estragar" o clássico de Benedito Ruy Barbosa. No entanto, logo nas primeiras cenas da trama que estreou dia 22 de janeiro, percebi que é possível, sim, aplaudir a nova versão sem a sensação de estar "traindo" aquela novela da minha infância. Bruno Luperi tem se mantido fiel à saga criada por seu avô, mas aproveita para fazer mudanças pontuais — e necessárias _ quando é preciso.
Por exemplo, na cena do primeiro beijo de José Inocêncio e Maria Santa, houve uma alteração importante. Se há 30 anos Leonardo Vieira e Patrícia França tiveram um embate físico, com direito à mocinha jogada no chão e beijada à força, desta vez, o romantismo prevaleceu. Humberto Carrão e Duda Santos protagonizaram um beijo consentido, daqueles que faz o público suspirar do outro lado da tela. Se o casal anterior começou sua história com um assédio, o novo par esteve envolto em afeto, como um romance deve ser.
Obras distintas
Com duas semanas de novela no ar, percebi que não se deve comparar a trama de 1993 com a de agora, como se uma fosse melhor que a outra, ou vice-versa. São obras diferentes, cada uma com as características de sua época. No meu coração, há lugar de sobra para as duas, afinal, noveleira que se preze é assim, quanto mais tramas impactantes, melhor.