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Estrelas da Periferia

Podcast "Favela Pod" dá espaço para artistas das comunidades

Gabi Pacheko e Deo Original criaram podcast para dar espaço aos novos talentos do funk do Sul do país. 

13/02/2024 - 11h54min

Atualizada em: 13/02/2024 - 12h13min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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Funk Favela / Arquivo Pessoal
Dupla driblou perrengues para seguir com o programa

Com o intuito de dar oportunidade aos que eles chamam de "diamantes" das comunidades do Rio Grande do Sul, surgiu o projeto Estúdio Funk Favela. Formado por Paulo Gabriel Pacheco de Oliveira, mais conhecido como Gabi Pacheko, e por Douglas Rosa, o MC Deo Original, o projeto é uma produtora e organizadora de eventos que busca lapidar novos talentos do funk. 

Gabriel sabe das dificuldades existentes no caminho de quem sonha em viver da música. Ele mesmo, que já foi MC e tocava em festas, relata:

– Na época que era MC, só eu sei a falta de oportunidade que tinha, pra gravar uma música era quase impossível sem verba.

Cria da Vila Monte Cristo, zona sul da Capital, Gabi tenta ajudar como pode a comunidade, principalmente com eventos de rua para a gurizada, como festa junina, Natal e Dia da Criança.

Em um estúdio improvisado em uma peça na antiga lavagem de carros que tinha, Gabriel e Deo resolveram amplificar suas vozes – literalmente. Ao verem o surgimento de podcasts (espécie de programa de rádio sobre assuntos específicos, disponíveis nas plataformas digitais), os amigos criaram o Favela Pod, que nasceu para dar espaço aos artistas periféricos carentes de espaço. Os criadores contam que passaram a dar voz, mostrar as histórias de vida e luta de quem batalha para conquistar seu lugar ao sol através da arte.

– A gente estava vindo para dar voz para quem não tinha voz, para ajudar nosso povo mesmo – diz Gabriel.

O primeiro episódio foi disponibilizado no YouTube, no dia 30 de março de 2021, e logo na estreia a resposta foi positiva, garantem eles. Entretanto, Gabi lembra que não foi fácil conseguir convidados para os programas. Era meio de pandemia e, além disso, mesmo quem aceitava participar, muitas vezes não tinha condições de se deslocar até o estúdio.

Dificuldades

Esse início foi conturbado também na parte técnica. Sem conhecimento de como se colocava o programa no ar, os guris passaram trabalho.

– A gente começou sem saber muito, quase nada. Botou uma câmera ali, ligou dois microfones numa caixa... Ficou muito ruim o áudio, porque a gente ligou a câmera do celular a gravar e botamos uma caixa de som, com mesa de som, e ficou horrível. Até o quarto programa era assim – lembra Gabi, que conta ter aprendido tudo na prática:

– Depois a gente foi estudando, foi se aperfeiçoando, daí botamos um notebook pra tirar pelo menos a voz, pra sair limpa. Mas a gente gravava com o telefone.

Se existe uma palavra que define o começo do Favela Pod, é “perrengue”. Para conseguir gravar com o celular, eles precisavam limpar o aparelho, em busca de mais espaço na memória, para poderem subir os vídeos. Tudo isso duas vezes por semana, já que gravavam às terças e quintas. 

Com quase três anos de história, a dupla conta que a situação hoje em dia é bem mais favorável.

– Hoje a gente está com mais estrutura, muito boa. Live, microfone bom, mesa de som, cortes de cena, corte de convidado, câmera geral, corte no apresentador. Hoje a gente tem alguns apoios também, de algumas marcas que acreditaram no projeto.

Consolidado como o podcast de funk do Sul do país, o programa segue dando chance para novos talentos, alguns dos quais já passaram por aqui pela coluna. Há também a presença de convidados ilustres, como DJ Mart e DJ Cabeção, Fala Dornelles e Rafadélico.

Colaboração: Camila Mendes


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