Se “até de manhã vai rolar o Fuzuê” na música de Michel Teló, a trama de Gustavo Reiz chega ao fim mesmo hoje à noite. Sem grandes mistérios nessa última semana, a não ser sobre a punição dos vilões, o último capítulo ficará mais focado nos finais felizes dos mocinhos Miguel (Nicolas Prattes) e Luna (Giovana Cordeiro). O casal protagonista terá sua felicidade ainda maior com a chegada de uma bebê, este sim o grande tesouro, como dirá Luna.

O autor da novela chegou a comentar em entrevistas que o final mais difícil de escrever foi o de Preciosa (Marina Ruy Barbosa). Apesar de tudo o que aprontou, a ruiva vai se dar bem nos momentos derradeiros. Ao lado de Heitor (Felipe Simas), ela partirá em um cruzeiro luxuoso, usufruindo da fortuna que rouba de Pascoal (Juliano Cazarré). E por falar no pilantra, o desfecho dele será trágico. Ele e César (Leopoldo Pacheco) terão um último embate e ambos morrerão.

Essa família é muito unida...

Dono da loja que dá título à novela, Nero (Edson Celulari) e seus filhos tiveram momentos divertidos ao longo da trama. O ator veterano viveu um tipo carismático e generoso, que adorava ver a família toda sob suas asas. Outro grande acerto foi unir Nero a Bebel (Lilia Cabral), seu amor do passado. 

Enquanto Francisco (Michel Joelsas) implicava com meio mundo e Miguel vivia às voltas com as confusões de Luna, quem roubou a cena foi a filha mais velha dos Braga e Silva. Fernanda Rodrigues interpretou Alícia, uma maluquete adorável, mas que emocionava quando o assunto era sério e herdou do pai o apego aos laços familiares. Popular e engraçada, foi uma das personagens mais queridas da novela.

Rivalidade

O jogo de gato e rato entre as irmãs Luna e Preciosa tinha potencial para ser o grande trunfo da novela, afinal, as atrizes se saíram muito bem em seus papéis. Giovana Cordeiro deu vida a uma mocinha determinada, que tinha tudo para cair na chatice pelo excesso de “bom mocismo”, mas graças ao carisma e talento de sua intérprete, foi um baita acerto. Já Marina, que há tempos merecia uma vilã de alto quilate, entregou maldade, ironia e tiradas divertidas, tornando Preciosa nossa malvada favorita. Tudo isso sem perder a humanidade da personagem, que em poucos momentos mostrava o quanto era frágil, quase digna de pena. O que estragou essa rivalidade feminina foi a repetição de armações. Luna se realizava profissionalmente, Preciosa ia lá e estragava tudo, e assim sucessivamente, até cansar o público. Faltou um período maior de parceria, mesmo que posteriormente tudo acabasse em barraco.

Destaques

Luna foi uma mocinha adorável, mas muito disso se deve aos amigos que a cercavam. Quem ganhou destaque, mesmo em cenas que pareciam irrelevantes, foi a espetacular Soraya Terremoto (Heslaine Vieira). Sem papas na língua e cheia de frases de efeito, ela brilhou tanto nas cenas cômicas como nas mais dramáticas. Na reta final, a história de amor com Merreca (Ruan Aguiar) deu chance para a atriz mostrar outro lado de sua personagem. Ainda do Beco do Gambá, também arrasaram os ótimos Clayton Nascimento (Caíto), Walkiria Ribeiro (Rejane) e, é claro, o veteraníssimo Ary Fontoura. Pena que seu Lampião só teve mais espaço nos últimos capítulos, com a chegada de Mercedes (Ana Lúcia Torre).

Dupla valiosa

O que sobrava de amor na casa de Nero, faltava na de Bebel. Com Preciosa obcecada por poder e dinheiro e Heitor envolvido em falcatruas políticas, sobrou para a matriarca cuidar do pequeno Bernardo (Theo Matos). A parceria de Lilia com o ator mirim encantou o público, transbordando amor para fora da telinha. Nos bastidores, a atriz mostrava todo o carinho e afinidade com seu netinho da ficção.

Nem tudo que reluz é ouro

Faltou fôlego para algumas histórias renderem como prometiam. O tesouro da Dama de Ouro chega à reta final como um reles coadjuvante, sendo que passamos vários capítulos de olho nesse mistério. Da mesma forma, a relação de Luna e Preciosa não foi além da mera rivalidade motivada por classes sociais. Esse contraponto entre o luxo idolatrado pela ruiva e o lixo transformado em arte por Luna tinha potencial para ser melhor explorado.