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Cheia histórica

Como estão as instituições culturais do centro de Porto Alegre após a inundação do Guaíba

Água avançou sobre a Praça da Alfândega e atingiu espaços como o Margs, o Memorial do Rio Grande do Sul e o Farol Santander; Casa de Cultura Mario Quintana, na Rua dos Andradas, também foi atingida

08/05/2024 - 11h25min


William Mansque
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Camila Bengo
Camila Bengo
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Por conta da maior enchente da história de Porto Alegre, superando a marca de 1941, a água atingiu instituições culturais localizadas no Centro Histórico. Espaços que são referência para a arte e o turismo da cidade se encontram inundados desde o último final de semana, quando o nível do Guaíba superou os 5 metros. Consequentemente, seguirão fechados por tempo indeterminado.

Os danos ainda estão sendo contabilizados nas instituições culturais da região, que trabalharam para garantir a preservação de seus acervos. Ainda no começo da semana passada, com os alertas meteorológicos, a equipe do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), começou a operar um protocolo de realocação das obras de arte para locais seguros.

Parte do acervo, que ficava no subsolo do prédio na Praça da Alfândega, agora inundada, foi transferida para andares superiores antes do avanço da água. As aberturas do prédio também foram vedadas, como detalha Francisco Dalcol, diretor do Margs:

— Já vínhamos movimentando obras e tomando medidas preventivas nos dias anteriores, e esse trabalho ficou mais intenso a partir da previsão da cheia histórica. Iniciamos então o protocolo de maior gravidade do nosso plano de gerenciamento de riscos, que trazia como pior cenário uma grande inundação na Praça da Alfândega. A operação de remover obras de arte é difícil e demorada, mas montamos uma força-tarefa emergencial, que trabalhou até o último minuto possível e conseguiu levar as peças para os andares de cima antes de a água chegar na Praça.

Prestes a completar 70 anos em 27 de julho, o principal museu de arte do Estado está recebendo a exposição Margs 70 — Percursos de um Acervo, que privilegia sua valiosa coleção artística. Conforme Dalcol, o acervo está seguro e preservado. Uma vistoria foi realizada nesta terça (7) e constatou que o andar térreo ainda tem "água na altura do peito", mas sem danos às obras alocadas nos andares superiores.

No último domingo (5), uma comitiva da Sedac já havia passado pelo Margs e outras instituições culturais do Estado. De bote, a secretária Beatriz Araújo e outras autoridades da pasta vistoriaram o Memorial do Rio Grande do Sul, o Museu de Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom) e a Biblioteca Pública do Estado (BPE). A visita constatou que os acervos dessas instituições estavam preservados.

CCMQ e livraria Taverna tomados pela água

Uma vistoria à Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) estava prevista para ocorrer na segunda-feira (6), mas não foi realizada por conta das condições de segurança do local, que permanece tomado pela água. Contudo, conforme a diretora da instituição, Germana Konrath, parte do acervo também foi realocado.

— Assim como em outros espaços da Sedac, a gente fez na CCMQ uma força-tarefa para minimizar danos, levando tudo o que era possível para o piso superior, mas os efeitos reais só vamos conhecer quando a água baixar. A programação de maio da Casa está temporariamente suspensa — diz a gestora.

A livraria Taverna, que opera no térreo da CCMQ, foi completamente invadida pela água. Em um vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira (7), Ederson Lopes, proprietário do estabelecimento, mostrou imagens de como estava a situação do local na segunda-feira (6). Livros foram erguidos sobre estantes e outros móveis na tentativa de evitar mais prejuízos, mas, conforme o livreiro, a umidade elevada já danificou obras de material sensível. O mobiliário do interior da livraria, em material MDF, também deve ser totalmente perdido.

Com a previsão de permanecer fechada por pelo menos mais 15 dias, a Taverna pede doações através da chave Pix livrariataverna@gmail.com. A prioridade, conforme publicado pela livraria, é garantir a manutenção da folha de pagamento dos funcionários, que também enfrentam dificuldades relacionadas à enchente.

Também localizado na praça da Alfândega, o Farol Santander sofre com a entrada de água no subsolo do edifício desde o final da semana passada. Em nota, a instituição informou que "foram adotadas todas as medidas necessárias para preservar o acervo". Os itens que estavam nos andares inferiores foram acomodados em uma parte mais alta do edifício, de acordo com o comunicado, e a rede elétrica foi preventivamente desligada.

Desde o dia 20 de março, a instituição recebe a mostra Vinicius de Moraes: Por Toda a Minha Vida, que reúne mais de 350 itens, incluindo manuscritos originais do poeta e músico. O prédio também sediava, desde 10 de abril, a exposição Artefatos do Sul: Legados da Imigração Alemã e Italiana. O Farol Santander confirmou à reportagem de GZH que estará fechado por tempo indeterminado.

Apoio ao setor

Em nota enviada nesta terça, a Sedac destacou que estuda possibilidades de auxílio ao setor cultural. "A Secretaria da Cultura atua para tomar providências em relação aos projetos culturais contemplados por editais em municípios afetados pela tragédia climática. A pasta também está atenta aos editais em andamento e busca executar ações de adequação à realidade que se apresenta. As definições serão informadas em momento oportuno no site e nas redes sociais da Sedac. A Secretaria estuda, oportunamente, lançar edital de apoio, mas em concomitância com as deliberações e decisões do Estado, já que todos os esforços do governo, neste momento, estão concentrados em salvar e preservar vidas", diz o comunicado.

A pasta ainda informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está realizando o acompanhamento da situação dos estabelecimentos comerciais sediados nas instituições culturais de sua administração e que "prestará suporte aos empreendedores".


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