DELAS
Grupo doa roupas plus size para pessoas gordas que foram afetadas pela enchente
Colunista Giordana Cunha escreve sobre o universo feminino todas as quintas-feiras
A partir de relatos de mulheres que foram obrigadas a usar cobertores ou lençóis para se proteger do frio após não conseguirem roupas de seu tamanho em locais de doação, a empreendedora de 44 anos Viviane Lemos se mobilizou para ajudar o público feminino gordo gaúcho que foi atingido pela enchente. Ela, que é idealizadora da feira BPSPOA de Moda Plus Size, realizada em Porto Alegre corriqueiramente, conta que as primeiras doações saíram do seu próprio guarda-roupa.
– Os primeiros dias foram desesperadores. Todo mundo me procurava para ter informações sobre doações de roupas plus. Mobilizei toda a família para doar. Eu fiquei com meia dúzia de peças no armário – diz.
Os pedidos não pararam. Muito pelo contrário, aumentaram. Diante disso, ela transformou o site que tinha da feira em um ambiente digital para solicitação e entrega de doações. Atualmente, já são mais de 4 mil pedidos, sendo que cada um destes tem, em média, cinco solicitantes. Ou seja, são mais de 20 mil kits individuais demandados por meio da plataforma desde o dia 4 de maio. Deste número, um pouco mais da metade já foi atendida.
Porém, Viviane alerta:
– O número que recebemos de pedidos é muito maior do que o que temos de roupas. A conta não fecha. Por isso, é importante que as doações não parem. É uma demanda que vai permanecer por um tempo, porque a gente está mandando um pouquinho, um início. Ela não vai conseguir refazer o guarda-roupa ou sair para um compromisso com essas peças do kit.
Cada kit feminino é composto por duas calcinhas, uma calça, duas blusas e um casaco. A doação é entregue por um voluntário no endereço informado no momento da solicitação, gratuitamente.
Desamparada
Rosana Rosabella teve sua casa, em Guaíba, invadida pela enchente e precisou sair às pressas do local. Na hora do desespero, só conseguiu pegar uma muda de roupa de verão. Precisando de peças de inverno em tamanhos grandes, passou por cerca de 10 pontos de doação de roupas e nenhum deles supriu a necessidade da técnica em enfermagem.
– É uma sensação de impotência, de não ter aquela coisa básica de vestir a tua roupa. Eu acho que eu fiquei dias usando um top porque eu não tinha sutiã, e arrumar um sutiã (número) 54 é muito difícil, né?
A partir daí, as redes sociais foram a ponte entre ela e a solidariedade.
– Já acompanhava a Vivi nas redes sociais, mas ela não tinha como me enviar o kit porque não estava dando para entrar na cidade. Foi uma blogueira de São Paulo que me ajudou neste primeiro momento, fazendo um Pix que possibilitou a compra de abrigos para mim e para meu filho – relata.
Hoje, ela passou a ser voluntária e ajuda Vivi na entrega das doações direcionadas à cidade de Guaíba.