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Como era o Brasil em 1958, época em que se passa "Garota do Momento"?

Relembre alguns fatos históricos da época

29/11/2024 - 15h56min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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Fábio Rocha / TV Globo/Divulgação
Pegue carona nesse bonde rumo ao passado

Autor do livro Feliz 1958 – O Ano que Não Devia Terminar (Record, R$ 42), o jornalista Joaquim Ferreira dos Santos afirma que “foi o ano em que tudo deu certo para o Brasil”. Do futebol à música, da política à economia, vários fatores fazem deste um ano marcante. E é neste período que se passa Garota do Momento, trama das 18h escrita por Alessandra Poggi. Quem acompanha a novela se sente imerso em um clima de muito rock and roll, saias rodadas e heroínas românticas. Embarque conosco nesse bonde rumo a 1958!


A taça é nossa!

Ver Descrição / Agencia RBS
Equipe canarinho conquistou o primeiro mundial

Foi em 1958 que a Seleção Brasileira conquistou sua primeira Copa do Mundo de futebol. No mundial realizado na Suécia, o elenco imbatível formado por Bellini (1930-2014), Didi (1928-2001), Garrincha (1933-1983) e Zagallo (1931-2024) trouxe o caneco pra casa o primeiro de cinco títulos que conquistaram ao todo. A Copa de 1958 também apresentou ao mundo um jovem de 17 anos que se tornaria o Rei do Futebol: Pelé (1940-2022). De Norte a Sul, o povo cantava, emocionado: “A taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa...”


Nasce uma Capital

Arquivo Público DF / Reprodução
A futura capital começava a ser construída

Sob o governo de Juscelino Kubitschek (1902-1976), Brasília começava a tomar forma. A ideia de construir a Capital Federal no centro do país finalmente sai do papel e, com Oscar Niemeyer liderando o projeto, são inaugurados os primeiros prédios, como o Palácio da Alvorada. Brasília só ficaria pronta dois anos depois, em 1960.


Publicidade

Biblioteca Nacional / Reprodução
Propaganda de fortificante para mulheres grávidas

As propagandas refletem muito do espírito de cada época. Na década de 1950, as mulheres eram retratadas como rainhas do lar, os homens como provedores, e alguns produtos bem peculiares eram anunciados em jornais e revistas. Era comum encontrar anúncios de vermífugo (“o mais moderno e poderoso medicamento contra lombrigas”), vitaminas para mulheres grávidas (“Gravidina contribui para um parto feliz”), produto para ondular o cabelo das crianças (“encanto e graça à beleza de sua filhinha”) e até laxante (“toda a família feliz”). 

Os reclames também anunciavam os televisores mais modernos do mercado, buscando popularizar o aparelho, que na época era uma enorme caixa que ocupava boa parte da sala. E sem controle remoto, é claro. 


Na telona

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James Stewart e Kim Novak estrelaram "Um Corpo que Cai"

O cinema nacional foi marcado pela estreia de Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos (1928-2018). O longa é considerado o marco inaugural do Cinema Novo, movimento que se destacou por mostrar as desigualdades sociais e raciais do país. Entre as produções internacionais, o grande sucesso era Um Corpo que Cai, um dos filmes mais aclamados do mestre do suspense, Alfred Hitchcock (1899-1980).


Na telinha

Divulgação / Agencia RBS
Flávio Cavalcanti dominava a TV na época

Nesta época, existiam apenas duas emissoras de TV: a pioneira Tupi e a Record. A Globo só entraria no ar em 1965.

Estreou em 1958, Éramos Seis, a primeira de cinco versões da obra de Maria José Dupré (1898-1984). Exibida ao vivo – ainda não havia o videotape – pela Record, a novela tinha dois capítulos semanais e foi a trama mais assistida do ano. No elenco, estavam Gessy Fonseca (1924-2018) como Lola, e Gilberto Chagas, como Júlio.

Bem antes de Hebe Camargo e Ana Maria Braga fazerem história como apresentadoras de TV, Maria Thereza Gregori (1926-2013) apresentava o Revista Feminina, na extinta TV Tupi. Considerado o precursor das atrações voltadas para as mulheres, trazia temas como moda, culinária, medicina, saúde, arte e a divulgação de eventos.

Citado na novela das seis por Alfredo Honório (Eduardo Sterblitch), Flávio Cavalcanti (1923-1986) era o ícone da televisão na época, à frente do programa Um Instante, Maestro!, na TV Tupi.


Música

Ver Descrição / Agencia RBS
João Gilberto tocou os primeiros acordes da bossa nova

A juventude dos anos 1950 dançava ao som de rock and roll, com canções de Elvis Presley (1935-1977) e Chuck Berry (1926-2017), que não à toa, dominam a trilha sonora de Garota do Momento. Para os mais românticos, a pedida eram as músicas “de fossa” na voz de Cauby Peixoto (1931-2016), Nelson Gonçalves (1919-1998), Angela Maria (1929-2018) e Emilinha Borba (1923-2005).

O ano de 1958 marcou o surgimento de um novo estilo musical: a bossa nova. Foi neste ano que João Gilberto (1931-2019) lançou Chega de Saudade, canção que marca o início do movimento que misturava samba e música erudita.


Miss Brasil

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Adalgisa Colombo, a Miss Brasil 1958

Em Garota do Momento, Beatriz (Duda Santos) sonha com o dia em que uma negra receberia o título de Miss Brasil. Isso só foi acontecer em 1986, quando a gaúcha Deise Nunes recebeu a faixa. Em 1958, a mulher mais bela do Brasil foi a carioca Adalgisa Colombo (1940-2013).


Literatura 

Reprodução / Reprodução
Primeira edição do clássico de Jorge Amado

Jorge Amado (1912-2001) já era um autor consagrado após a publicação de obras como Mar Morto e Capitães da Areia, mas foi em 1958 que ele criou uma das grandes personagens femininas da literatura brasileira: Gabriela, Cravo e Canela. Mesmo quem não leu o livro conhece bem a história, que ganhou versões para o cinema, em 1983, com Sônia Braga, e duas adaptações para a televisão: em 1975, também com Sônia Braga, e 2012, com Juliana Paes no papel principal. “Quando eu vim para este mundo, eu não atinava em nada, hoje eu sou Gabriela...”

Nos Estados Unidos, era lançado por Truman Capote (1924-1984) o livro Breakfast at Tiffany’s, que alguns anos depois foi adaptado para o cinema como Bonequinha de Luxo, com Audrey Hepburn (1929-1993).


Sociedade

Fábio Rocha / TV Globo/Divulgação
Clarice (E) é dona da Magnifique, Escola para Moças

Quem acompanha a trama das seis deve ter estranhado quando Juliano (Fábio Assunção) disse a Clarice (Carol Castro) que era um ótimo marido por deixá-la trabalhar fora. Pois é, naquela época, as mulheres só exerciam ocupações fora de casa com autorização do pai ou do marido. A legislação só mudou em 1962, com o Estatuto da Mulher Casada, que possibilitava às mulheres também receber herança, comprar ou vender imóveis, assinar documentos e viajar.

Eram comuns também, como mostra a novela, escolas para moças, instituições que ensinavam às jovens regras de etiqueta e comportamento, tudo visando a arrumar um bom casamento.


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