Atividades variadas
Rap in Cena além do palco principal: feira, esportes e espaço para mais artistas agradam público do evento
Festival que celebra a cultura hip-hop recebeu milhares de pessoas neste final de semana, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, o Harmonia
Enquanto artistas como Mano Brown, Djonga, Filipe Ret e Ja Rule passaram pelo palco World, o principal do Rap in Cena 2024, outros espaços ajudaram a compor o evento, para enaltecer todas as áreas que compõem o movimento hip hop. O evento ocorreu neste sábado (16) e domingo (17).
Dentro da Feira Multiempreendedorismo, instalada pela primeira vez no Rap in Cena, com o objetivo de fomentar o negócio de pequenos comerciantes gaúchos, estava Kenny Prates, 24, com um estande voltando para o seu negócio, o Kennya Braids. Ela, acompanhada da irmã, Tamires Guterres, 27, trançou penteados em mais ou menos 50 pessoas durante o festival.
— Ajudamos as pessoas que não conseguiram se arrumar a tempo ou, então, para quem queria mudar de visual durante o evento. E poder estar participando disso é uma baita representatividade para a nossa cultura aqui no Rio Grande do Sul, porque a gente não é tão valorizada assim. Poder estar em um festival como este, mostrando a tua arte e enaltecendo a beleza das pessoas, é muito bom — conta Kennya, que cobra entre R$ 40 e R$ 150.
Ao lado, estava Milena Makarkin, 21, que atua na área da tecnologia da informação (TI). A profissional estava tirando uma selfie com seus brincos roxos novos, que havia comprado em um dos estandes da feira:
— Acho muito importante ter um espaço como esse, porque o pessoal faz isso manualmente, é artesanato. E eu, quando vi os brincos, me apaixonei, porque eu amo a cor roxa. Então, é um movimento todo muito legal.
Nos ringues e nas pistas
A Vila Olímpica abrigou esportes durante os dois dias de evento. Por ali, rolaram momentos de breaking, competições de jiu-jitsu, basquete, skate, boxe, kickboxing e muay thai. Era música vindo dos palcos e o pessoal suando em uma grande estrutura montada em meio ao Harmonia, com pistas, quadras e ringues.
Um dos lutadores deste domingo foi Kaike Pereira, o Ligeirinho, de 18 anos, que veio de Santa Catarina para o Rap in Cena. Ele venceu uma das lutas e perdeu a outra que disputou, ambas eliminatórias para uma competição mundial. O saldo para o atleta, no entanto, é positivo, visto que ainda está entre os melhores do país dentro de sua categoria, de 63 a 65 quilos.
— Eu nunca tinha participado de um evento tão grande quanto este. É uma sensação indescritível, uma satisfação enorme. Gostei bastante e espero ter mais oportunidades — conta Ligeirinho.
Mais música
Na área musical, outros dois palcos ajudaram a movimentar a edição deste ano do festival. O primeiro foi o Tropa do Bruxo, instalado na Casa do Gaúcho, que contou com a curadoria de ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho, o ex-jogador de futebol e "rei dos rolês aleatórios". No espaço, juntaram-se nomes como Triz, Uclã, Boladin 211, Coruja, Fredi Chernobyl, Reid e Duquesa.
Já no outro palco, Olimpo, houve uma divisão: no sábado, recebeu o nome de Baile da Bronx, focado em artistas locais, negros e LGBTQIA+. No domingo, virou Golden Era, com a curadoria dos DJs Nezo e Gê Powers, que movimentavam as festas black dos anos 1980 a 2000. Por ali, várias gerações do rap desfilaram.
Gabriel Schild, conhecido como Rafiki, rapper de 20 anos e morador de Pelotas, foi até o palco Tropa do Bruxo para prestigiar o show da MC Luanna, um dos mais badalados dentre os espaços alternativos do Rap in Cena. Para ele, ter estes locais construídos para abrigar artistas como esses é positivo, pois estiveram presentes nomes que dificilmente chegam no Rio Grande do Sul.
— Curti a estrutura, pelo lugar ser mais fechadão, a acústica fica muito boa. E gostei da seleção dos artistas, mas acho que a seleção poderia ser mais diversificada ainda, com algo mais do boom bap, saindo só do nicho trap. Mas, dos que vieram, gostei — conta Rafiki, que participou pela segunda vez no Rap in Cena.