Entretenimento



No sábado

Sorriso Maroto promete nostalgia e emoção no Planeta Atlântida: "Até quem não está sofrendo sofre com as antigas do grupo"

Um dos maiores nomes do pagode no Brasil se apresenta no dia 1º de fevereiro, na sede campestre da Saba, em Atlântida 

28/01/2025 - 11h28min


William Mansque
Enviar E-mail
Washington Possato / Divulgação
Sorriso Maroto volta ao Planeta Atlântida na 28ª edição do evento.

Não há muitos shows no Brasil em que o vocalista pode perguntar “Vocês estão preparados para sofrer?”, e a plateia vibrar respondendo “sim”, como se comemorasse um gol. Essa experiência poderá ser conferida no show do Sorriso Maroto, um dos maiores nomes do pagode no Brasil, que se apresenta na 28ª edição do Planeta Atlântida, no dia 1º de fevereiro. 

Voltando ao evento após oito anos — as anteriores foram em 2013 e 2017 — o Sorriso Maroto promete uma apresentação para o público cantar junto do início ao fim. Haverá novidades, mas não faltarão as antigas — aquelas que batem diferente em muitos fãs. Que machucam.

— O mix de público é uma característica bem latente no festival. Lembro de dividir palco de Racionais MCs a Luan Santana. De tocar O Rappa e Ivete Sangalo, com o Sorriso no meio  — recorda o vocalista Bruno Cardoso. — Isso é genial. Mostra o quanto o gaúcho é eclético e democrático musicalmente.

Além de Bruno, o grupo é composto por Sérgio Jr. (violão), Cris Oliveira  (percussão), Vinícius Augusto (teclado e piano) e Fred Araújo (percussão).

Segundo o vocalista, o show no Planeta contará com os clássicos da banda, além de novidades, o que inclui a música 80 Anos, que faz parte do álbum Sorriso Eu Gosto No Pagode — Volume 2. Não será o show As Antigas, mas haverá canções desse repertório, como ele garante.

Desde 2022, o grupo circula pelo país com a turnê Sorriso Maroto — As Antigas, em que celebra 25 anos de carreira. O espetáculo é um sucesso de público, enchendo espaços com dezenas de milhares de fãs por onde passa. Para se ter ideia, o show levou 60 mil pessoas ao Maracanã, no Rio de Janeiro, no final do ano passado.

Embora a turnê repasse toda a trajetória do grupo, há um carinho especial pelo repertório dos anos 2000. Há um meme que há anos circula nas redes sociais indicando que “as antigas do Sorriso Maroto machucam”. O grupo assimilou essa brincadeira ao mote da turnê, com slogans do tipo “a gente tá maluco para sofrer com você” e incluindo até no merchandising — por exemplo, há uma bermuda com os dizeres “Fazendo você chorar since (desde) 1997”.

Sobre esse repertório mais antigo e os memes, Bruno destaca que falar de amor é atemporal. Além disso, mexer nas emoções das pessoas é o que move o grupo.

— Até quem não está sofrendo, sofre com as antigas do Sorriso — diverte-se. — Tratamos de temas sensíveis da vida das pessoas. Por exemplo, os términos, a dor da separação, a saudade, que são temas recorrentes no repertório. Assim como a reconciliação e a comemoração dos casais. O que tem em comum neles? A emoção que nos toca.

Homenagens e ciclos

Em dezembro, o grupo lançou a parte 2 de Sorriso Eu Gosto — No Pagode. A ideia do projeto é apresentar músicas de outros artistas, como Exaltasamba e Soweto, como o Sorriso fazia no começo da carreira. O clima é de roda de samba.

Bruno observa que esse projeto é um mimo para o grupo:

— É uma história cantada de antes de gravarmos o nosso primeiro CD na época. Fomos uma banda que cantava músicas de outros artistas para vivermos. Isso poucas pessoas viram ou sabiam. E é sobre isso que esse projeto fala. Homenageamos os nossos herois, aqueles artistas que serviram de inspiração para sermos quem somos hoje.

O vocalista acrescenta que, para 2025, o grupo deve lançar ainda mais volumes desse projeto, além das músicas inéditas que vem de bônus nos álbuns. Ainda, o Sorriso deve trabalhar a expansão da turnê As Antigas, com o lançamento do navio Sorriso As Antigas. Além disso, a banda deve voltar a trabalhar em músicas inéditas.

— Vivemos muitos momentos, fases e até mesmo “auges”. A música é um movimento cíclico e com quase 30 anos de carreira ficou nítido esse movimento. Voltarmos ao Planeta comprova esse mundo cíclico de música, que já é uma grande realização, pois sinaliza que 2025 será um ano grandioso no campo dos feitos — conclui Bruno.

Confira, a seguir, Bruno Cardoso falando mais sobre a carreira do Sorriso Maroto, a evolução musical e as marcas culturais da banda. 

Em 2025, o clássico DVD Por Você completa 20 anos. Depois de duas décadas, como esse trabalho soa hoje em dia? Na sua opinião, por que esse trabalho virou um marco para o pagode?

Além do musical, esse trabalho marcou uma fase importante na indústria por conta do acesso ao DVD como mídia. Era novidade no mercado, o aparelho DVD estava substituindo as fitas VHS, e o Sorriso era uma das primeiras bandas a ter já um DVD nas lojas.

A música tocando bem no rádio, com a banda fazendo muitos shows, ajudou para que isso acontecesse. Daí vieram músicas como Ainda Gosto de Você e Me Olha nos Olhos, que fizeram mitificar a blusa verde que hoje é símbolo de uma geração, marca carimbada no show As Antigas.

Aliás, muitos fãs apontam que a blusa verde da Everlast é um símbolo cultural da geração do pagode dos anos 2000. O que você acha dessa afirmação? Como surgiu esse look? E como tem sido promover esse resgate?

É incrível. Essa blusa realmente tem esse poder de nos levar a esse lugar de origem. O mais curioso é que nada disso foi planejado. Nem o PHD em marketing prepararia um enredo tão perfeito quanto esse. Até porque se fosse seguir os passos corretos da indústria, eu não usaria essa roupa. O meu figurino era outro, mas não estava feliz.

Então sugeri essa blusa, mas ela tem uma marca estampada no peito e, na época, o Sorriso não tinha nenhum vínculo com a Everlast e a gravadora não queria. Isso tudo aconteceu minutos antes de começarmos a gravação. Entrei no palco com ela e o fim da história vocês já sabem. Hoje essa blusa é licenciada pela banda, é uma collab oficial. Aí faz todo sentido usá-la.

Sorriso Maroto está em atividade há quase 30 anos e, ao longo desse tempo, passou por várias transformações na música brasileira. Muita coisa surgiu e muita coisa se perdeu pelo caminho. Enquanto isso, o pagode segue vivo e agregando artistas novos, ao mesmo tempo que o Sorriso se apresenta para multidões. Como você vê posicionado o pagode no atual momento da indústria musical brasileira?

Acredito no movimento cíclico. Ao longo desse giro, algumas músicas, bandas, sensações e tendências ficaram pelo caminho. A tecnologia foi o que mais mudou para nós nesse percurso. A música sempre será música, mas a forma de consumir, não. O pagode demorou para se digitalizar e esse processo não se faz da noite pro dia.

A pandemia foi importante para o segmento entender esse processo. Nesse período, nós, como criadores fomentadores de conteúdo, entendemos o que o público queria de nós, ao mesmo tempo que eles também passaram a consumir pelas plataformas. Na pandemia surgiram os movimentos nostálgicos, como o Sorriso As Antigas, com umas das 10 maiores audiências em lives naquele período. Aliás, nosso primeiro show do projeto foi lá. Ali surgiu toda base da apresentação que fazemos hoje.

Desse mesmo período surge o Menos é Mais, que é uma banda mega jovem e de Brasília (DF). Daí você percebe que um novo momento vem se desenhando para o segmento. Hoje você tem uma cena mega oxigenada e em crescente no digital, com números incríveis no pagode com Ferrugem e Dilsinho, que também vêm da safra dos novos artistas.

Na área dos shows, você tem o Thiaguinho, com o Tardezinha com números incríveis. Ainda tem Belo e Péricles com um público médio absurdo. Tem muita gente trabalhando tanto no digital quanto na rua e o resultado está pouco a pouco aparecendo. Acredito muito que estamos numa crescente e que 2025 será um ano incrível para o samba.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias