Medo!
Alexandre, de "A Viagem" e outros traumas causados pelas novelas
Personagem de Guilherme Fontes assombrou os pesadelos de muita gente


Ele vai voltar! Quem temia o espírito maléfico Alexandre (Guilherme Fontes) pode se preparar. A TV Globo anunciou o retorno de A Viagem (1994), que deve substituir Tieta (1989) a partir de maio. Crianças dos anos 1990 ou dos anos 2000 _ já que a novela foi reprisada em 2006 _ provavelmente consideram Alexandre seu monstro de infância. Não é para menos. Cada vez que o fantasma se materializava em cena, a música assustadora aumentava ainda mais o tom de terror das sequências. Terríveis também foram os momentos do vilão no Umbral, uma espécie de ante-sala do inferno, onde almas atormentadas pagavam seus pecados. A Viagem tinha ainda outro personagem sinistro, o Mascarado, ou Adonai (Breno Moroni), que mostrou seu rosto desfigurado no final da trama.

E por falar em traumas de infância, Tieta também tinha uma personagem de arrepiar. A Mulher de Branco, que mais tarde se revelou como sendo Laura (Cláudia Alencar), esposa do Comandante Dário (Flávio Galvão). Ela se fantasiava de noiva para atacar os homens desavisados nas ruas de Santana do Agreste.

Outro personagem assustador que saiu da mente de Aguinaldo Silva foi o Cadeirudo. em A Indomada (1997). De sobrenatural, não tinha nada, mas as cenas que mostravam a "entidade" saindo de costas, com seu andar peculiar, davam arrepios. No fim das contas, tratava-se apenas da beata Lurdes Maria (Sonia de Paula), que assustava os moradores nas noites de Greenville em defesa da moral e dos bons costumes. Ainda nesta novela, o final da vilã Altiva (Eva Wilma) traumatizou muitos telespectadores. Isso porque, após morrer queimada, a megera pairou sobre os céus da cidade anunciando: "Eu voltarei!".

Renascer traumatizou noveleiros dos anos 1990 e, no remake do ano passado, algumas cenas tiveram o mesmo efeito. Logo no primeiro capítulo, a fortíssima sequência de José Inocêncio (Leonardo Vieira em 1993, Humberto Carrão em 2023) tendo sua pele arrancada e depois costurada foi chocante. Mas o pior da trama, nas duas versões, era o cramulhãozinho na garrafa. O "personagem" causou mais impacto na primeira versão da história, mas também deu seus sustos em 2024.

Dentes afiados, olhos assustadores e sede de sangue. Os vampiros já tomaram conta da telinha da Globo em duas ocasiões. Primeiro, na clássica Vamp (1991), com Vlad (Ney Latorraca, 1944-2024) e Natasha (Claudia Ohana). Anos depois, o mesmo autor, Antonio Calmon, apresentou O Beijo do Vampiro (2002), com ninguém menos que Tarcísio Meira como o vampirão cruel Bóris. A propósito, Ney Latorraca participou da segunda trama, mas como Nosferatu.

Havia algo de sobrenatural na protagonista vivida por Mel Lisboa em Presença de Anita (2001). Em meio a uma atmosfera sedutora, o que causava medo era a boneca Conchita, que no final teve uma cena perturbadora (sem spoilers!).

Em Pedra sobre Pedra (1992), o personagem Sérgio Cabeleira era um cara do bem e querido por todos, mas algo sinistro o rondava. Nas noites de lua cheia, o astro parecia chamá-lo, até que finalmente, Sérgio seguiu seu destino e flutuou em direção ao céu. Apavorante!

Mistérios da meia-noite... Personagens estranhos que viravam uma criatura assustadora já apareceram em três novelas. Na primeira versão de Saramandaia, de 1976, Ary Fontoura era Aristóbulo, professor de dia e lobisomem nas noites de lua cheia. No remake, em 2013, o papel coube a Gabriel Braga Nunes. Com a evolução tecnológica entre uma versão e outra, a transformação do personagem ficou ainda mais apavorante. Roque Santeiro (1985) também tinha seu homem-lobo, o professor Astromar (Rui Resende).
