Estrelas da Periferia
Iniciativa leva arte urbana a escolas de São Leopoldo que foram impactadas pela enchente de maio
A primeira etapa do Projeto Viva Perifa já beneficiou três instituições gaúchas de ensino. A ideia é de que, em breve, alguns colégios da Capital também sejam contemplados

Defendendo a criação de “galerias de arte a céu aberto”, o Projeto Viva Perifa surge com o propósito de contribuir para a ressignificação de escolas públicas do Rio Grande do Sul após a enchente que atingiu o Estado em 2024. A técnica escolhida pela iniciativa é a do grafite, de maneira a garantir cor e ludicidade ao dia a dia dos alunos.
Em sua primeira etapa, o projeto — que foi pensado inicialmente para beneficiar escolas periféricas de São Paulo — já contemplou três instituições de ensino localizadas em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre. Ao todo, a iniciativa prevê contemplar um total de 10 escolas.
— O Projeto Viva Perifa foi criado para levar arte urbana às comunidades das periferias de São Paulo — explica Andrea Moreira, idealizadora do Viva Perifa e CEO da Yabá Consultoria, que continua:
— No entanto, frente aos desafios das enchentes de 2024, no Rio Grande do Sul, nos fez muito sentido migrar com o projeto e trabalhar com as escolas públicas vítimas das águas.
Junto à comunidade
Conforme detalha Andrea, a escolha dos temas retratados nas pinturas é feita previamente com a comunidade escolar de cada instituição beneficiada. As artes são assinadas por um coletivo feminino de muralistas gaúchas.
— O trabalho foi feito envolvendo a comunidade escolar e as artistas locais. Nós, então, identificamos quais seriam as memórias daquela comunidade pré-tragédia, e também como poderíamos trabalhar para projeção dos sonhos, lidando com os temas de sustentabilidade, inclusão social e diversidade — relata a idealizadora.
Além da valorização do trabalho de artistas da região, o Viva Perifa visa gerar ocupação e renda para comerciantes e equipes envolvidas na execução do projeto. Paralelamente às pinturas, a iniciativa pretende realizar oficinas temáticas nas escolas.
Momento marcante
Questionada quanto à recepção do público, Andrea compartilhou o momento que mais a emocionou durante o desenvolvimento do projeto até o momento:
— Sem dúvida alguma, a escola Cândido Xavier tocou bastante meu coração. Quando nós estávamos conceituando a arte mais adequada para aquela unidade, a diretora trouxe um olhar bastante sensível de que a comunidade tem uma ligação muito grande com a África e, por isso, a artista que ficou responsável (pela obra) propôs a pintura de um baobá, uma árvore linda.
Andrea destaca o simbolismo retratado no muro, que faz referência ao reconhecimento entre a comunidade e sua ancestralidade. A obra da artista Marília Drago, paralelamente, faz homenagem a um dos alunos da escola Cândido Xavier, que, uma semana antes da definição da arte, morreu afogado no Rio dos Sinos.
Futuro do projeto
Segundo sua criadora, o Viva Perifa já possui uma programação estabelecida para 2025. Contudo, ele segue aberto e disponível para captação de recursos, com apoio via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
— As empresas podem destinar parte do Imposto de Renda para que nós façamos essa iniciativa em mais escolas no Rio Grande do Sul. Nosso desejo é alcançar, de fato, o maior número de escolas e beneficiar o maior número de população infanto-juvenil — diz.
Andrea declara que, em breve, o Viva Perifa chegará às escolas de Porto Alegre. O projeto pode ser acompanhado pelas redes sociais, em @vivaperifa.
Produção: Juliana Farinati
AQUI, O ESPAÇO É TODO SEU!
/// Para participar da seção, mande um histórico de sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas, vídeos e telefone de contato para michele.pradella@diariogaucho.com.br.