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"Vitória": sobre o que é o filme protagonizado por Fernanda Montenegro, baseado em história real

Atriz veterana interpreta personagem inspirada em Joana da Paz, mulher que expôs o tráfico de drogas em Copacabana

14/03/2025 - 11h24min

Atualizada em: 14/03/2025 - 11h24min


Zero Hora
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Vitória, o mais novo filme estrelado por Fernanda Montenegro, chega nesta quinta-feira (13) aos cinemas brasileiros. Idealizado por Breno Silveira, que morreu em 2022, e dirigido por Andrucha Waddington (genro de Montenegro e marido de Fernanda Torres), o longa é baseado em uma história real.

Na obra, a veterana interpreta a protagonista Dona Nina, que vive em uma favela cercada de violência. Certo dia, ela decide documentar os crimes por conta própria, a partir de gravações feitas da janela de casa, na zona sul do Rio.

Vitória tem como pano de fundo o caso real envolvendo Joana da Paz, mulher que foi responsável por desmascarar uma quadrilha de traficantes e policiais corruptos. Quando a reportagem foi ao ar, em 24 de agosto de 2005, pelo jornal Extra, Joana foi rebatizada de Vitória. 

Nesse mesmo dia, ela passou a integrar um programa de proteção a testemunhas e viveu em anonimato até a sua morte, em 2023. 

O filme, que começou a ser produzido ainda em 2022, tomou uma série de precauções para preservar a identidade real da mulher, o que começou com a própria escalação de Fernanda Montenegro para o papel. 

Segundo a revista Exame, a escolha do elenco gerou uma série de discussões sobre representatividade no cinema, já que Joana era uma mulher negra e seria interpretada por uma atriz branca. A decisão, conforme a equipe, teria sido para garantir o anonimato. Pelo mesmo motivo, a produção resolveu chamar a progonista de Dona Nina.

Suzanna Terie/Divulgação
Fernanda Montenegro nas gravações de "Vitória".

Quem foi Joana da Paz

Nascida em Alagoas, Joana Zeferino da Paz faleceu em fevereiro de 2023, aos 97 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). Os últimos 17 anos foram vividos em anonimato: após expor o tráfico de drogas em Copacabana, ela precisou entrar para o programa de proteção a testemunhas.

O caso começou quando a mulher entregou à polícia carioca uma sacola com dois anos de filmagens reunidos em oito fitas VHS, que mostravam a rotina do crime na Ladeira dos Tabajaras. Joana conseguiu registrar traficantes portando armas e vendendo drogas em plena luz do dia. 

Graças ao material, que motivou uma investigação policial, foi possível prender mais de 30 homens, incluindo dois militares envolvidos na atividade criminosa.  

Em agosto de 2005, Joana virou Dona Vitória. O jornal Extra publicou uma reportagem que expunha os crimes documentados pela alagoana, que precisou deixar o Rio de Janeiro e trocar de nome para garantir a própria segurança. A história rodou o mundo e virou manchete em jornais da Argentina, França, Espanha e Inglaterra.

Quando Joana faleceu, Fábio Gusmão, o mesmo jornalista que assinou a reportagem da época, pôde revelar a verdadeira identidade da mulher em um obituário publicado no portal O Globo.


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