Ele se foi, mas ficará para sempre marcado em nossos corações. Seu carisma e jeito sonhador farão falta. O Brasil está de luto por ele: Rubens Acioly. Sim, estou de luto pela morte de um personagem de ficção, mas não estou sozinha nessa dor. Nas redes sociais, muita gente lamentou o falecimento de Rubinho e, principalmente, exaltou o talento de seu intérprete, Julio Andrade. 

Nascido em Porto Alegre, Julio não é ator de novelas, a não ser por breves participações. Talvez por isso, parte do público não o conhecesse antes de Vale Tudo. Novela é um produto feito quase em escala industrial, e talvez por isso o gaúcho tenha aparecido em poucas produções do gênero. Julio Andrade é um ator visceral, artista de composição, de profundidade, características que combinam mais com séries e filmes. 

Impressionou como o protagonista Betinho, dando vida, corpo e alma a um dos maiores brasileiros de todos os tempos, Herbert de Souza. A entrega física, expressão corporal e muito talento levaram Julio Andrade a ser indicado ao Emmy, o maior prêmio da televisão mundial. 

Nas cinco temporadas de Sob Pressão, o ator teve a difícil missão de interpretar o médico Evandro, um homem todo errado e capaz de decisões discutíveis, mas igualmente adorável. Vê-lo em cena com Marjorie Estiano era teste para cardíacos, tamanho talento junto em cena.

Mas falando de Rubinho, personagem que se despediu de Vale Tudo nesta terça-feira (23), havia uma verdadeira campanha internet pedindo que Manuela Dias não matasse o querido. Infelizmente, muita coisa que vai acontecer na trama daqui para a frente depende do fim trágico de Rubinho (sim, a saga da mala ainda vai longe). Julio Andrade ficou apenas 20 capítulos na novela, mas fez história. Se na primeira versão, quando Daniel Filho era um mero coadjuvante, Rubinho passou em brancas nuvens, desta vez foi bem diferente. Julio roubou a cena desde o flashback exibido no primeiro capítulo, uma sequência complexa ao lado de Taís Araujo, com direito a tapa na cara. Já na despedida do músico, Raquel estava presente com outro estado de espírito. A dor por ver o ex-marido falecer antes de realizar seu grande sonho se misturava a uma pontinha de esperança de que ele fosse se recuperar. "Foi quase", como bem disse Rubinho em suas últimas palavras.

Julio Andrade nos deu orgulho nessa curta passagem pelo horário nobre. Ver um artista gaúcho desse calibre ser reconhecido no país inteiro é lindo demais. Foi pouco tempo, mas como o próprio Rubinho disse a Ivan (Renato Góes) em uma cena, dias atrás, o tempo do artista é diferente do tempo normal. E o verdadeiro talento transcende o tempo.