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Caso de 2024

Ana Paula Minerato é indiciada por racismo contra cantora Ananda

Caso foi encaminhado para o Ministério Público do Estado, que decidirá se a modelo será denunciada à Justiça

22/05/2025 - 11h13min


Zero Hora
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@apminerato / @anandacantora/Instagram / Reprodução
Ana Paula Minerato proferiu xingamentos racistas contra Ananda em um áudio de 2024 que repercutiu na internet.

A modelo Ana Paula Minerato foi indiciada por racismo contra a cantora Ananda, do grupo Melanina Carioca. A ação partiu da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

O próximo passo será a análise do caso pelo Ministério Público do Rio, que decidirá se a apresentadora será denunciada à Justiça. Ana Paula foi enquadrada no art. 2º da Lei 7716/89, que prevê pena de 2 a 5 anos de reclusão para crimes de preconceito de raça e cor.

Em novembro do ano passado, um áudio enviado pela modelo ao ex-namorado, contendo falas racistas, vazou na internet. Ana Paula chegou a ser desligada da escola de samba Gaviões da Fiel e demitida da rádio Band FM.

Na gravação, a apresentadora se referiu à Ananda como "empregada de cabelo duro" e "neguinha". O caso ganhou grande repercussão na época.

— Empregada do cabelo duro. Você gosta de cabelo duro? Não sabia que você gostava de mina com cabelo duro. Você gosta de mina com cabelo duro? Cabelo duro, você gosta? — questionou Ana Paula ao ex, o rapper KT Gomez — Você gosta de mina de cabelo duro, de neguinha? Você gosta de neguinha? Porque isso aí é neguinha, né. Alguém ali, o pai ou a mãe, veio da África.

Após a investigação, a delegada do Decradi Rita Salim afirmou que as falas da indiciada reforçam estereótipos racistas.

— Considerando que, no caso em questão, as palavras e expressões utilizadas pela autora reforçam estereótipos negativos, ofensivos e ainda perpetuam desigualdades e injustiças com base nesses fatores, restaram evidenciadas as ofensas de cunho racista — destacou a policial, conforme o g1.

Relembre o caso

No fim de novembro, uma gravação atribuída à Ana Paula Minerato circulou nas redes sociais. O áudio seria um trecho de uma conversa da ex-panicat com o cantor KT Gomez, com quem teve um relacionamento. Após o vazamento, a modelo foi demitida da rádio onde trabalhava e desligada da escola de samba que representava.

Dias depois, a apresentadora assumiu a autoria das ofensas, e pediu desculpas à Ananda. Por meio de um vídeo publicado no Instagram, a ex-musa da Gaviões da Fiel apareceu na rede social sem maquiagem e vestindo um roupão branco, manifestando arrependimento por suas ações e pedindo perdão. 

Estou muito mal, gente. Muito mal. Eu sei que o que resultou isso, foi algo horrível. Quero pedir desculpas para todo mundo que se sentiu atingido ou ofendido, porque realmente foi uma ofensa a uma pessoa que eu nem conheço. Quero muito pedir desculpas para todo mundo, para a Ananda. Desculpa, de verdade, queria deixar registrado meu pedido de perdão — declarou.

Denúncia e repercussões

Ana Paula também afirmou ter vivido um relacionamento abusivo com KT Gomez. O músico, por sua vez, se defendeu e disse não ter vazado a gravação da conversa, que teria acontecido dois meses antes. Ele também falou que repudia "qualquer manifestação de cunho racista".

A denúncia de racismo foi registrada na Decradi por Ananda.

— Acabei de fazer esse registro de ocorrência. Logo eu vou voltar para fazer o meu pronunciamento, mas eu precisava desse tempo para poder digerir o que está acontecendo na minha vida nesse momento e tudo que vou precisar falar. Obrigada por vocês estarem tendo essa paciência — afirmou a cantora, na época, nos stories do Instagram.

No dia seguinte, a artista se pronunciou relembrando as ofensas, e afirmou que está "muito chateada por ter sido cutucada e exposta":

— Fui vítima disso por conta dos meus traços de africanidade, onde ela fala sobre minha família, fala sobre meus pais, fala sobre minhas tias, fala sobre meu grupo, meus colegas de trabalho — disse, no Instagram — E eu estou muito chateada de ter sido cutucada e exposta dessa forma. Eu sou bem reservada, bem na minha, embora vocês todos conheçam uma música potente, forte.

A irmã de Ana Paula, a rainha de bateria Tati Minerato, também comentou o caso. Elas já estavam afastadas por desentendimentos pessoais desde 2019. Tati divulgou uma nota, por meio de sua assessoria de imprensa, repudiando as falas racistas da irmã:

"Preciso dizer que, por mais que o amor pela minha família seja inegável, não posso e não devo ser associada a atitudes que não condizem com aquilo em que acredito. Lamento profundamente o episódio e reitero que jamais apoiei ou apoiarei qualquer atitude que desrespeite ou agrida outra pessoa", pontuou.

Tati também reforçou que criou sua carreira no meio do samba.

"Minha trajetória sempre esteve profundamente conectada ao samba, um universo rico, vibrante e que tem na cultura negra sua essência mais valiosa. Foi nesse espaço que cresci, aprendi e me desenvolvi como pessoa, cercada por uma diversidade que só engrandece", manifestou.


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