Veranico romântico
Show do Raça Negra coloca público para cantar seus sucessos atemporais na Redenção
Em evento gratuito, o grupo de pagode paulista mostrou que segue sendo um dos pilares do pagode no país

O veranico de maio mostrou a que veio justamente neste sábado (17), entregando um dia perfeito para sair de casa. Temperatura agradável, sem chuva. E, para fechar este combo, ainda tinha um show do Raça Negra no Parque Farroupilha, a Redenção. Pelo visto, São Pedro é um romântico e quis fazer este agrado aos porto-alegrenses.
A apresentação começou pontualmente às 19h, no Parque Farroupilha — a Redenção —, e foi aberta ao público. A expectativa dos organizadores é de que mais de 45 mil pessoas tenham ido ao local para aproveitar a apresentação, que fez parte das atrações da Semana S do Comércio, um projeto do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac e Ifep.
Antes do show, aliás, Luiz Carlos conversou com a reportagem e já se sente praticamente gaúcho — esta é a sua terceira passagem pelo Estado apenas neste mês. E o artista celebra poder estar presente em um evento aberto ao público:
— Toda cidade precisa fazer, pelo menos, duas festas como essa todos os anos. Para cuidar da alma das pessoas, do coração. As pessoas precisam se divertir e, às vezes, não têm condições de sair. Na plateia, com certeza, tem muitas pessoas que nunca tinham conseguido ir em um show do Raça Negra.
Durante a conversa, ele prometeu muitos de seus hits. E entregou. Durante uma hora e meia de show, foram enfileirados sucessos atemporais do Raça Negra, que já soma mais de 40 anos de estrada. Deus Me Livre, Sozinho e Estou Mal deram o tom da noite, que seria de viagem pelas décadas passadas.
Mas os gaúchos têm as suas preferências, com Cigana, É Tarde Demais e Ciúme de Você, que colocaram o público para cantar mais alto do que o vocalista da banda, na maior animação. Com o grande espaço que a Redenção oferece, teve o público que ficou mais próximo do palco, montado no centro do parque, depois do espelho d’água. Mas teve gente que se organizou pelo gramado, com cadeiras de praia ou panos esticados no chão.
O certo é que a estrutura conseguiu entregar a apresentação até para quem estava distante dos músicos — a banda, por sinal, afiada. Caixas de som propagavam a festa pela Redenção e um telão, próximo ao chafariz, ainda entregava a imagem, colocando todo mundo na sintonia romântica de Luiz Carlos.
Público animado
Fátima Masiero, 57 anos, técnica de enfermagem, que mora pertinho da Redenção, movimentou a família inteira para o show. Levou o marido, Nilson Santos, 68, aposentado, a filha Gabriela Barreto, 17, e aguardava amigos e parentes para aproveitarem a noite juntos. E a expectativa era alta, com direito a cooler com cerveja, refrigerante e, até mesmo, espumante.
— A gente gosta muito de curtir música e este espaço aqui. Também gostamos do Raça Negra, aí viemos aproveitar esse dia bonito aqui na Redenção.
Nilson complementou:
— Iniciativa bem importante essa de fazer um show de graça. E em um horário bom, cedo, que dá para voltar tranquilo para casa.
Já Rafael Guedes, 45 anos, pedreiro, veio da Restinga para curtir os pagodeiros ao lado da esposa Itamara Leal, 51, operadora de máquina — ela é venezuelana e chegou ao Brasil tem três anos, já sendo impactada pelo sucesso de Raça Negra.
— Na Venezuela, eu nunca tinha ouvido, mas aqui eu conheci. E gosto muito. Estou achando tudo muito bom — disse Itamara.
Rafael, de olho no palco, media o espaço que teria ao redor. A sua intenção não era ficar parado:
— Se der, vamos chamar no pé, com certeza. Cresci escutando esses caras.
A ambulante Caroline Pinnow, 27 anos, de Gravataí, estava com a sua barraquinha de pipoca cheirando bem e esperando que o público fizesse a sua parte: comprasse as guloseimas. E eles não estavam desapontando.
— Esta sendo melhor que os outros sábados. Trazer esses shows para os espaços públicos é oportunidade para quem não pode pagar para ver e, também, ajuda muito os ambulantes. Espero que tenha mais — destaca Caroline.
O encerramento foi com Cheia de Manias, colocando a Redenção para cantar "Didididiê", que ninguém sabe o que significa, mas, afinal, não é preciso entender, só sentir o clima. E esse estava ótimo.