Dia do Orgulho LGBT+
Confira personagens que representam as principais cores do arco-íris da diversidade
Por trás de cada letra da sigla LGBTQIA+, há histórias de luta, busca por respeito e dignidade


Utilizada até a década de 1980, a sigla GLS há muito tempo deixou de representar a diversidade sexual. Afinal, há um leque de possibilidades para além de gays, lésbicas e simpatizantes. Nos últimos anos, passou-se a usar LGBT para designar uma comunidade que, aos poucos, vem buscando novos espaços.
No Brasil, o Governo Federal vem adotando LGBTQIA+ em comunicações oficiais, com o + deixando em aberto novas formas de se definir, sentir e se relacionar com os outros. Por trás de cada letra da sigla, há histórias de luta, busca por respeito e dignidade. No Dia do Orgulho, celebramos o direito de ser e amar como bem entender. A ficção, a passos lentos, tem mostrado que é possível abrir caminhos para um mundo cada vez mais diverso. Pelo menos na teledramaturgia, finais felizes são possíveis.

Em Vale Tudo, Cecília (Maeve Jenkings) e Laís (Lorena Lima) são casadas há 10 anos, mas ainda enfrentam a resistência de Marco Aurélio (Alexandre Nero), irmão de Cecília. O casal do remake evoluiu bastante da primeira versão para esta, afinal, em 1988, o casamento homoafetivo ainda era uma realidade muito distante, que só foi conquistada em 2013.

Se hoje em dia ainda há preconceito de parte da sociedade, imaginem o cenário em 1958. Em Garota do Momento, Guto (Pedro Goifman) passou por um angustiante processo de autodescoberta ao perceber que sentia atração por meninos. Na ficção, o rapaz recebeu acolhimento da família e dos amigos, mas a realidade dessa época era bem diferente. Foi somente em 1990 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). Não foram poucos os casos de pessoas internadas à força em clínicas psiquiátricas apenas por não corresponderem aos valores heteronormativos.

Pessoas que sentem atração por mais de um gênero ainda são, até hoje, taxadas de “indecisas” ou “confusas” e, não à toa, existe a Semana da Visibilidade Bi, para tentar mostrar que a letra B da sigla existe e merece respeito. Ganhou destaque na ficção o personagem Érico, vivido por Carmo Dalla Vecchia em Amor Perfeito (2023). O advogado viveu um romance com Romeu (Domingos de Alcântara), mas ao longo da trama, se envolveu com Verônica (Ana Cecília Costa), com quem teve uma filha e terminou casado e feliz.

Pessoas transgênero são aquelas que não se identificam com o sexo que lhes foi determinado no nascimento. É o caso de Buba (Gabriela Medeiros), em Renascer (2024). Mulher trans, ela sofreu preconceito ao começar a se relacionar com José Venâncio (Rodrigo Simas), já que o rapaz demorou a assumi-la ao descobrir a verdade. Ao contrário da primeira versão, no remake Buba ganhou mais espaço na trama, com um passado e dramas familiares. Vale lembrar que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis: segundo o dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), foram 122 assassinatos em 2024. O Brasil lidera, pelo 16º ano consecutivo, os índices globais de assassinatos contra essa população. A maioria das vítimas são mulheres trans, jovens, negras e nordestinas, com crimes marcados por extrema violência. Ainda bem que, ao menos na ficção, é possível ter um final feliz, como foi o caso de Buba, que formou uma família com José Augusto (Renan Monteiro).

No guarda-chuva da diversidade, este é considerado o termo mais abrangente. São pessoas cujas identidades de gênero ou orientações sexuais não se enquadram nas normas cis-heteronormativas tradicionais. Segundo Leonardo Vaz, vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), é o caso de drag queens como Verônica Queen, a personagem encarnada por Érico (Silvero Pereira) no palco, em Garota do Momento. Ele chegou a se casar com Marlene (Ana Flavia Cavalcanti) e teve um filho, Carlito (Caio Cabral). Na realidade, a primeira drag brasileira foi Miss Biá, que se apresentava em São Paulo desde 1958 – época em que também se passa a novela das seis.
Pessoas intersexo nascem com características sexuais – incluindo genitais, padrões cromossômicos e glândulas, como testículos e ovários – que não se encaixam nas noções binárias típicas de corpos masculinos ou femininos. Em Renascer, o bebê de Teca (Lívia Silva) nasceu intersexo, e recebeu o nome de Cacau, já que a família optou por criá-lo livre de rótulos. Uma curiosidade é que a Buba da primeira versão de Renascer, interpretada por Maria Luísa Mendonça, era intersexo, mas na época se usava o termo hermafrodita, hoje em dia considerado pejorativo.

Assexuais não sentem atração sexual por outras pessoas, independentemente do gênero. Isso não quer dizer que não se relacionem amorosamente, apenas que não sentem falta de momentos de maior intimidade. Vale Tudo mostrou isso ao definir Poliana (Matheus Nachtergaele) como assexual, termo que nem ele mesmo conhecia. Em cenas marcantes, ele se sentiu aliviado ao entender mais sobre o assunto, já que até então achava que havia algo de errado com sua orientação sexual.
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O sinal no final da sigla engloba todas as outras identidades e orientações sexuais que não estão especificamente listadas.