Entretenimento



Estreia

Nova novela original Globoplay, "Guerreiros do Sol" tem o Sertão como protagonista

Elenco e equipe contam o que esperar da nova trama, que também será exibida no canal Globoplay Novelas

11/06/2025 - 06h00min

Atualizada em: 11/06/2025 - 06h01min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
Enviar E-mail
Estevam Avellar/TV Globo/Divulgação
Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Thomás Aquino): amor proibido no Sertão

— O sertão era nosso protagonista. Entramos com muito respeito, carinho. Ele recebeu a gente muito bem _ resumiu o diretor Rogério Gomes, o Papinha, na coletiva de apresentação de Guerreiros do Sol, terceira novela original Globoplay. Foi assim, pedindo licença à terra e aos espíritos ancestrais, que a equipe deu início, em 2023, às gravações nas cidades de Piranhas e Delmiro Gouveia, em Alagoas, e Canudos e Paulo Afonso, na Bahia. 

Escrita por George Moura e Sergio Goldenberg, a história se passa entre as décadas de 1920 e 1930, e tem como pano de fundo o cangaço no sertão nordestino, na época em que Lampião e Maria Bonita dividiam opiniões e deixavam sua marca por onde passavam. Personagens fictícios representam a força de homens e mulheres que desbravaram regiões inóspitas, enfrentando perigos e vivendo amores tão quentes quando o sol do sertão.

— Não é a história de Maria Bonita e Lampião. Tem a liberdade... A história da Maria Bonita, alguns livros dizem que ela nunca tinha dado um tiro, ido pra frente nas batalhas. Isso traz uma liberdade pra nossa história, que é nova — destacou Isadora Cruz, intérprete de Rosa, narradora e uma das principais personagens da novela.

Rosa nutre uma grande paixão por Josué (Thomás Aquino), mas é obrigada pela família a se casar com o coronel Elói (José de Abreu), um viúvo rico e poderoso da cidade de Santa Cruz. O veterano José de Abreu exaltou a qualidade do trabalho e a dedicação do elenco:

— Eu continuo extremamente admirado com a capacidade de trabalho dos meus colegas, a maioria nordestinos. Vocês estavam de roupas de couro, cartucheira, chapéu. Vocês vinham de uma guerra.

Estevam Avellar/TV Globo/Divulgação
José de Abreu vive o Coronel Elói

O autor George Moura — natural de Recife, Pernambuco — destacou o fato de boa parte do elenco ser da região:

— Mais de 50% do elenco é nordestino. Quando a gente traz o ator nordestino ele já vem com a prosódia (sotaque do local).

Apesar de ser mineira, Larissa Bocchino revelou que a história de sua família está intrinsecamente ligada ao cangaço:

— Toca em uma história muito profunda. Meu tataravô era do bando de Lampião. É com muito respeito que nós contamos essas histórias junto com todo mundo.

Além da paraibana Isadora Cruz e do pernambucano Thomás Aquino, a produção conta ainda com o também pernambucano Irandhir Santos, Alice Carvalho, do Rio Grande do Norte, a cearense Larissa Góes, entre outros atores que conhecem bem o povo e as lutas do Nordeste brasileiro. Ainda assim, a imersão na terra do cangaço trouxe ao elenco novas emoções e sensações.

— A gente fez uma prece. Pediu licença a essas consciências. Eu percebi que o negócio era sério. Quando a gente chegou naquele local a gente sentiu a presença, uma densidade no ar. Eu comecei a chorar. Todo mundo arrepiado — lembrou Isadora Cruz.

Heróis ou vilões?

Na pesquisa e conversas com moradores locais, a equipe percebeu a dualidade de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. 

— Lá no Sertão, algumas pessoas choravam de emoção, (diziam) que Lampião mudou a vida da família. Pra eles, era visto como herói. Já outras pessoas não queriam nem falar nele... Até hoje tem essa dualidade. Eu acho que a novela, no geral, é uma ode ao Sertão, porque retrata com tanta poesia o que o sertão e o sertanejo têm de mais lindo e as relações são aprofundadas — ressalta Isadora.

São essas ambiguidades que permeiam Guerreiros do Sol, conta George Moura:

— Ninguém é somente bom ou ruim. Há contradições. O cangaceiro às vezes é cruel, mas também gosta da aventura, da festa.

— A gente não sabe quem é a lei, porque é a lei do mais forte — completa Sérgio Goldenberg.

Os autores destacam que "o cangaceiro não é herói nem bandido". Isso ficará claro na trajetória de Josué, que entra para um bando em busca de vingança pela morte do pai. 

— Eu pude trazer muito de mim, desse Thomás que é um cara doce, feliz, alegre e colocar dentro também uma brabeza, construída através da vida que ele leva, dessa estrutura que é pesada. Josué é um cara íntegro. Ele acaba entrando em uma vingança atrás desse coronel, interpretado por José de Abreu — conta Thomás Aquino.

Em uma trajetória árida como a terra que serve de cenário, Josué não é um mocinho convencional. Expressa toda a dualidade de homens que, acima de tudo, lutavam por seus ideais.

— Mostra desde a formação do bando até o depois. Tudo isso é mostrado. A questão da justiça, o que leva o personagem Josué a entrar para o cangaço. Ele e dois irmãos entram pro cangaço, tem um que segue o caminho religioso e tem um que vira policial. O principal antagonista do Josué é policial — adianta Goldenberg.

Poder feminino

Em um universo majoritariamente masculino como o cangaço, Guerreiros do Sol volta suas luzes para as personagens femininas, como uma espécie de reparação histórica pelas mulheres invisibilizadas pela sociedade da época. Alice Carvalho, que vive Otília, celebra a presença de vários tipos de amores na trama, inclusive entre duas mulheres. Otília terá um romance com Jânia (Alinne Moraes), dando vazão a temas que certamente existiram no início do século 20, mas eram condenados pela sociedade.

(É importante) dar para o público carente da representatividade o "e se..." e se a gente falasse disso... se a gente falasse de um casal sáfico, um romance entre duas mulheres, em uma época em que as pessoas achavam até que não existia, mas existe desde que o mundo é mundo. Tivemos uma liberdade absoluta nas dinâmicas de intimidade delas duas, nos encontros, na delicadeza, no toque, na sutileza — diz Alice.

Em meio a uma atmosfera tão rude, a leveza e a força das guerreiras ganha destaque. Além de Isadora Cruz, Alice Carvalho e Larissa Bocchino, outras atrizes como Theresa Fonseca, Nathalia Dill, Marcélia Cartaxo e Carla Salle dão voz a mulheres que, na vida real, foram tão silenciadas.

— É uma história de irmãos e sua fraternidade e é uma história de mulheres fortes. Chega com um pé na tradição e com um desejo ardente e apaixonado de renovar essa narrativa —explica George Moura, que finaliza:

— Quando nos dias de hoje você olha o passado, você traz a carga dos dias de hoje. As preocupações e as pautas do dia de hoje estarão de alguma maneira retratadas e problematizadas nessa narrativa. Tem o olhar feminino. O cangaceiro não é nem um herói, nem um bandido.

No Globoplay, serão liberados cinco capítulos por semana, sempre às quartas-feiras. No canal a cabo Globoplay Novelas (antigo Viva), os capítulos serão exibidos de segunda a sexta, às 22h40min, com reapresentação do capítulo de sexta no sábado


MAIS SOBRE

Últimas Notícias