Estrelas da Periferia
Nos palcos e por trás das câmeras: de Alvorada, Rapper Dogg tem uma trajetória de cinema
Com uma carreira que teve início ainda nos anos 1980, artista se prepara para o lançamento de seu novo álbum, "#F51"


Daniel Oliveira, conhecido pelo nome artístico Rapper Dogg, está na ativa desde a década de 1980, quando surgiu à frente do grupo Dynamic Rappers, no município de Alvorada. Hoje solo, Daniel possui uma carreira consolidada tanto na música quanto no cinema, e prepara-se para o lançamento do seu projeto mais recente, o álbum #F51, previsto para o início de agosto.
Produzido por beatmakers do Rio de Janeiro em parceria com produtores de funk e trap da produtora paulista LoveFunk, o trabalho inédito de Rapper Dogg chega com uma nova proposta: uma estética diferenciada dentro do mercado do gênero.
— Estamos vivendo um novo momento na música — observa o MC, acrescentando:
— Criei uma nova estética dentro desse novo mercado do funk e do trap, com flows diferenciados, beats com mais arranjos e melodias com muita musicalidade. Acabei unindo a minha experiência de vida ao que estou vivendo atualmente. Trouxe a vivência das ruas e “o melhor das pistas”.
Agente transformador
Rapper Dogg conta que teve uma infância dura, tendo passado parte de sua adolescência e juventude no sistema prisional. Segundo o MC, a cultura hip hop foi um instrumento fundamental para o seu processo de reinclusão social:
— Logo que saí do sistema, foi um pouco difícil, mas, graças a Deus, deu tudo certo. A família conhecia alguns empresários em Alvorada que investiram no primeiro álbum, Zona Leste. Mas nunca imaginei que um dia iria surgir um produtor musical, o DJ Kri, de São Paulo, que iria acreditar e investir no meu trabalho.
Em 2001, Daniel viajou até São Paulo para gravar seu segundo álbum, Entre Linhas da Vida, em parceria com o grupo Dynamic Rappers. De volta a Porto Alegre, chegou a cogitar o início de uma carreira solo, mas acabou adiando essa decisão para o ano seguinte.
Trabalho com cinema
Com destaque nas rádios locais e também em grandes emissoras paulistas, como a 105 FM, Rapper Dogg expandiu sua atuação criativa e passou a se dedicar ao cinema. Um de seus trabalhos mais reconhecidos é o documentário A Maldição da Pedra (2008), que lhe rendeu o prêmio de Melhor Vídeo Independente, na categoria Gramado Cine Vídeo do Festival de Cinema de Gramado, escolhido pelo júri popular.
— Há 22 anos surgia um fenômeno conhecido como “pedra” (crack) pela população de rua – relembra Daniel, concluindo:
— Foi ao presenciar inúmeras cenas de pessoas vendendo tudo o que tinham para consumir a droga e afastando suas companheiras que decidi criar esse documentário.
No ano seguinte, o artista foi novamente surpreendido ao ver seu videoclipe Som das Ruas também receber o troféu na mesma categoria do festival.
Projetos mais recentes
A trajetória de Rapper Dogg também se reflete em sua atuação em projetos sociais. Um exemplo é o Descanse o Gatilho, iniciativa inspirada no documentário homônimo, lançado em 2016, que retrata a guerra do tráfico em Porto Alegre. Por meio do projeto, Daniel leva atividades culturais a diversas comunidades da Capital, com o objetivo de democratizar o acesso à arte.
Na música, o trabalho que antecede #F51, é o álbum Implacável (2023). Com sete faixas ao todo, o disco une a sonoridade do trap, R&B, funk e ritmos de pista. Além disso, conta com as participações de Lil Sete e R.Star.
Produção: Juliana Farinati
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