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Retorno aos palcos

Osmar Prado fala sobre sucesso teatral que traz ao RS e a carreira: "Ao relembrar Tião Galinha, vou me emocionar sempre"

Ator contracena com Maurício Machado em "O Veneno do Teatro", que terá sessão em Porto Alegre nesta quinta e vai a outras cidades

17/07/2025 - 11h14min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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Priscila Prade/Divulgação
Osmar Prado circula pelo RS com a peça "O Veneno do Teatro".

— Existe um triângulo santíssimo que eu considero na arte de interpretar e na arte de chegar ao público: o texto, a direção e a atuação.

Osmar Prado fala com a propriedade de quem, aos 77 anos de vida e mais de 60 de carreira, já passou por televisão, cinema e teatro, colecionando prêmios por sua atuação, além do carinho do público e elogios da crítica.

De origem humilde, o ator relembra que sua estreia, ainda na infância, ocorreu na novela infantil David Copperfield (1958), na extinta TV Paulista. A televisão ao vivo, na época, foi uma preparação fundamental para a longeva trajetória do artista no teatro. E é nos palcos que ele se reencontra com sua essência, após um hiato de 10 anos.

A peça O Veneno do Teatro, com sessão nesta quinta-feira (17) em Porto Alegre, às 19h, no Teatro do Sesc Alberto Bins (Av. Alberto Bins, 665), marca o retorno do ator ao palco. O trabalho foi apresentado em Gravataí na terça-feira (15) e, depois da Capital, seguirá para outras cidades gaúchas (veja datas ao final).

— Acho que O Veneno do Teatro é um dos mais belos textos da dramaturgia universal contemporânea. É um texto que, quando li, enlouqueci — conta, lembrando que o convite para a peça aconteceu no mesmo dia em que disse "não" para Guerreiros do Sol, novela do Globoplay.

Para além dos desacertos com a proposta da TV Globo, pesou a favor de O Veneno do Teatro o fascínio com o texto do dramaturgo espanhol Rodolf Sirera.

Jogo psicológico

Priscila Prade/Divulgação
Maurício Machado (E) e Osmar Prado (D) contracenam na peça "O Veneno do Teatro".

Com direção de Eduardo Figueiredo, O Veneno do Teatro se passa na década de 1920, em Paris. Prado interpreta um excêntrico marquês ao lado do ator Maurício Machado, que dá vida a Gabriel de Beaumont, um ambicioso e famoso ator. A relação dos dois começa com um convite do marquês para Gabriel interpretar uma peça teatral de sua autoria.

Por meio de um jogo psicológico, o marquês passa a controlar o ator, em um experimento onde os limites de realidade e ficção se confundem. O texto já foi encenado em 62 países. A montagem atual tem sido um sucesso, com sessões lotadas.

— Temos com o público uma relação quase religiosa de condução, de esclarecimento, de estímulo e ampliação do conhecimento do mundo e do ser humano — ressalta Prado.

Um ator visceral

Priscila Prade/Divulgação
Osmar Prado pretende se dedicar ao teatro e à vida pessoal.

Osmar Prado é o tipo de ator que se costuma chamar de visceral. Sua entrega em cena vai além do texto: passa por gestos, olhares e uma emoção que transcende a tela. Não à toa, se perpetuam na memória afetiva do público personagens como Tião Galinha, em Renascer (1993) e o Velho do Rio no remake de Pantanal (2022).

Sequências que emocionaram o público também levam o próprio Prado às lágrimas, como aconteceu recentemente no programa É de Casa, ao recordar Tião Galinha.

— Acho que a emoção é necessária na interpretação, mas ela não pode sobrepujar os demais componentes de uma interpretação — destaca o artista, lembrando que Marlon Brando (1924-2004) ganhou o Oscar por seu trabalho em O Poderoso Chefão (1972) sem precisar derramar uma lágrima.

— Ao relembrar Tião, vou me emocionar sempre. Porque aquela cena em que o personagem do (Antonio) Fagundes pede um filho do Tião em troca do diabinho, e ele tendo dois, ele dá um... Imagine você a dor desse homem entregando um filho para o diabo para poder ter um diabinho para "enricar". Ali havia (emoção), mas não rolou uma lágrima sequer.

Teatro e vida pessoal

Após encerrar o contrato fixo com a TV Globo, Prado chegou a ser convidado para algumas produções, mas no momento pretende se dedicar ao teatro e à vida pessoal. No entanto, não descarta a possibilidade de voltar à teledramaturgia.

A convergência de linguagens — cinematográfica, teatral, televisiva — faz da arte algo cada vez mais plural, opina Prado. Inovações à parte, o objetivo sempre será o mesmo: tocar o coração do público.

— O cinema invadiu o palco, o palco invade o cinema, a televisão foi invadida pelo cinema, e tudo se faz de uma forma moderna, contemporânea, que atinge o ser humano, o espectador, em cheio. Essa é a nossa procura e essa é a nossa vitória — finaliza.

"O Veneno do Teatro" em turnê no RS

Ingressos para todas as cidades à venda nas unidades Sesc e no site por valores entre R$ 25 e R$ 40, dependendo do local.

Porto Alegre

  • Nesta quinta-feira (17), às 19h
  • Teatro do Sesc Alberto Bins (Av. Alberto Bins, 665)

Camaquã

  • Neste sábado (19), às 20h
  • Teatro do Sesc Camaquã (Rua Marcírio Dias Longaray, 01)

Pelotas

  • Dia 21/7, às 20h
  • Theatro Guarany (Rua Lôbo da Costa, 849)

Canoas

  • Dia 23/7, às 20h
  • Teatro do Sesc Canoas (Av. Guilherme Schell, 5.340)

Taquara

  • Dia 25/7, às 20h
  • Centro de Eventos Faccat (Avenida Oscar Martins Rangel, 4.500)

Rio Grande

  • Dia 28/7, às 20h
  • FURG/CIDEC - SUL (Campus Carreiros - Av. Itália, km 8)

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