Noveleiros
Michele Vaz Pradella: Odete Roitman escancara racismo em "Vale Tudo"
Semana teve acerto de contas entre Raquel (Taís Araujo) e a vilã


Antes da estreia de Vale Tudo, muito se questionou a respeito de Odete Roitman aceitar numa boa ter uma nora negra, já que na primeira versão, era abertamente racista. Na coletiva de apresentação do remake, a autora Manuela Dias e as atrizes Debora Bloch e Bella Campos (Maria de Fátima) explicaram que não é que a vilã tenha deixado de ser preconceituosa no remake, já que usaria Fátima para cumprir seus propósitos, com uma relação de subserviência entre sogra e nora.
Apesar de ser endeusada pelo público, Odete não deixa de ser uma pessoa horrível. Para além das conquistas amorosas e tiradas sarcásticas da personagem, algumas atitudes dela são imperdoáveis. Basta vermos a forma como se refere ao filho com deficiência, Leonardo (Guilherme Magon), tratando-o como “isso aí”, o que já é, por si só, cruel demais. Aliás, só o fato de ela manter o rapaz escondido, por vergonha das sequelas que ele tem do acidente, é abominável.
Cenão
E o racismo? Enfim, dona Odete deixou cair a última das máscaras e se mostrou, sim, capaz de julgar os outros pelo tom de pele. Primeiro, torceu o nariz para Fernanda (Ramille) e ofereceu dinheiro para a garota de se afastar de Tiago (Pedro Waddington) – o que provocou a ira de Eunice (Edvana Carvalho). O auge foi o último embate da megera com Raquel (Taís Araujo), quando mandou a rival sair pelos fundos do hotel, fazendo um gesto apontando para sua própria pele e soltando um “gente como você”. Raquel desceu do salto e tascou-lhe um tapão merecido, acusando-a de “racista nojenta”. Foi muito simbólico que as duas pessoas que tiveram coragem de partir para cima de Odete foram mulheres negras, escancarando o racismo que, até agora, a vilã tinha conseguido mascarar.