Mais do que entreter, novela também pode ser instrumento de crítica social ou até mesmo de alerta a respeito de questões fundamentais da realidade. Apesar das críticas a Dona de Mim e a sua autora, Rosane Svartman, de que a trama apresenta temas pesados demais para o horário, acredito que não existe classificação indicativa que impeça determinadas abordagens.

Nesta semana, o drama vivido por Kami (Giovanna Lancellotti) deixou os telespectadores impactados. Perseguido por um homem que, até então, só a assediava nas redes sociais, a moça foi atacada por ele na vida real e sofreu um estupro. A dor da personagem, que oscilava entre a vergonha, a culpa, o nojo e tantos sentimentos conflitantes, bateu fundo em quem assistiu. Giovanna brilhou, entregou a carga emocional necessária às sequências, e foi merecidamente elogiada pelo público e pela crítica.

Houve quem criticasse o sofrimento imposto à personagem, ainda mais em um horário que é conhecido por histórias mais leves. Mas tenho uma coisa a contar pra vocês: a vida não é leve, muito pelo contrário.

Alerta

Vivemos em um país onde, a cada seis minutos, uma mulher é estuprada. Esse número, que já é assustador, deve ser ainda maior, já que muitas vítimas têm medo ou vergonha de denunciar seus agressores. Ao mostrar todo o processo doloroso vivido por Kami após a violência, a novela faz um alerta fundamental sobre o assunto, além de servir de reflexão para toda a sociedade machista em que vivemos.