Carnaval do Rio
Samba carioca vence a disputa pelo hino da Portela que fala da negritude gaúcha
Entre quatro finalistas, incluindo o Samba dos Lanceiros, de Pelotas, escola escolheu música criada por compositores do Rio para entrar na Sapucaí em 2026


Não deu. O Samba dos Lanceiros, que representou o Rio Grande do Sul na disputa final pelo hino da Portela no Carnaval 2026, realizada na madrugada deste sábado (27), no Rio de Janeiro, não foi o escolhido da escola. Pouco importa: os pelotenses fizeram bonito, e o RS vai brilhar na Sapucaí com a história do Príncipe Custódio.
A obra vencedora é uma composição assinada por sete craques: Valtinho Botafogo, Raphael Gravino, Gabriel Simões, Braga, Cacau Oliveira, Miguel Cunha e Dona Madalena.
Será a primeira vez na história que a figura de um homem negro que viveu em Porto Alegre — chamado Custódio Joaquim de Almeida, conhecido como Príncipe Custódio — ganhará visibilidade nacional na avenida, assim como a gente preta do RS. Esse feito, por si só, merece ser celebrado.
Pelotenses chegaram quase lá
Mesmo antes do resultado final, os pelotenses já se consideravam vencedores.
Daiane Molet, Anderson Xilico, Chico Professor, Fagner Presidente, Fred Feijó, Marcéle Salles e Maninho Veiga escreveram seus nomes na história da Portela ao avançar à final, desbancando figuras tradicionais do samba no Rio.
Eles incluíram o som da gaita (algo incomum) e uma série de expressões regionais na criação. Além de tudo, superaram preconceitos e dificuldades financeiras para participar do concurso, após toda a polêmica envolvendo possível apoio financeiro do governo do Estado.
Ao todo, o concurso teve 36 obras no páreo. Foram quatro etapas de classificação, incluindo a chave de disputa no RS, em agosto. A final da competição reuniu milhares de pessoas na quadra da escola. Foi uma grande festa.
Vai, Portela!
Em 2026, a Portela será a terceira escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval.
Na ocasião, a agremiação fará a homenagem ao Príncipe Custódio, figura histórica e espiritual de origem africana que marcou a cultura afro gaúcha no século 19.
O desfile terá assinatura do carnavalesco André Rodrigues.