Reviravolta
Gritos, palmas e até pulos: final de "Vale Tudo" emociona e faz público vibrar em exibição especial em Porto Alegre
Em frente ao telão montado pela RBS TV na Casa do Gaúcho, centenas de pessoas aguardavam a cena mais esperada do folhetim


O clima de suspense tomou conta da Casa do Gaúcho, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, na noite desta sexta-feira (17). Reunidas em frente ao telão montado no local pela RBS TV, centenas de pessoas aguardavam a cena mais esperada do capítulo final de Vale Tudo: o desfecho do assassinato de Odete Roitman.
Quando o mistério foi finalmente revelado, o público foi ao delírio. A cena decisiva revelou que Marco Aurélio atirou na dona da TCA, mas o crime não se consumou. Com a ajuda de Freitas, a empresária sobreviveu.
A reviravolta provocou gritos, palmas e até pulos da plateia, em uma verdadeira catarse coletiva. A sequência final da novela, marcada pela frase "Odete Roitman sempre volta", foi aplaudida calorosamente no auditório.
Responsável pelo remake, Manuela Dias alterou o desfecho da trama original de Vale Tudo, em que a vilã de fato morre. No entanto, ao manter o tiro disparado por Marco Aurélio, a autora prestou uma homenagem aos criadores da novela, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.
Em 1988, o trio havia definido que o vice-presidente da TCA seria o verdadeiro culpado, mas o final precisou ser alterado porque a informação vazou antes da veiculação do capítulo. Com isso, o crime acabou sendo atribuído a Leila.
A versão atual recuperou esse plano, mas apresentou uma virada que brincou com o imaginário coletivo e deixou o público de queixo caído reunido na Casa do Gaúcho. A funcionária pública Laura Santana, 25 anos, saiu da exibição com um misto de surpresa e empolgação.
— Eu estava contando que seria a Maria de Fátima. A reviravolta de ter sido o Marco Aurélio me surpreendeu, mas o que me pegou desprevenida mesmo foi Odete estar viva. Gostei, porque trabalhou com uma ideia que o público não esperava. Agora, estou esperando até a terceira temporada da novela — disse Laura.
Entre os que também aprovaram a virada estavam a tradutora Débora Bueno, 29 anos, e o arquiteto Pietro Rodrigues, 28. Noveleiros assumidos, eles acompanharam cada detalhe da trama e vinham especulando sobre o desfecho desde o início.
— Eu gostei do desfecho. Preferia que ela tivesse morrido, mas não pelas mãos do Marco Aurélio. Quando vi que seria ele o assassino, pensei: "É melhor que ela esteja viva" — contou Pietro.
Já Débora destacou o efeito de "surpresa dentro da surpresa":
— Eu adorei a sensação de achar que era o Marco Aurélio e, de repente, descobrir que não foi bem assim, porque Odete Roitman não morreu. Isso foi muito divertido.
Clima de descontração
Antes mesmo de a novela começar, o zum-zum-zum no local do evento seguia a mesma temática: quem matou Odete Roitman? Entre trocas de palpites e teorias, o público se acomodou nas cadeiras para aproveitar o melhor da experiência de assistir ao último capítulo da novela em um telão de proporção cinematográfica.
No início do evento, a babá Mari Kuionha, 41 anos, apostava em Heleninha como autora do crime.
— Ela tinha muitos motivos, tudo o que a mãe já fez para ela. Ainda por cima, estava bêbada — justificou.
A moradora do Belém Velho não assistiu a novela em sua primeira versão, mas sempre ouviu falar dela. Por isso, fez questão de acompanhar o remake.
— Foi uma das melhores novelas dos últimos tempos — completou.
Selaine Barth, 61 anos, técnica de enfermagem aposentada, acertou parcialmente o final da trama: ela apostava suas fichas em Marco Aurélio, alegando que o empresário teria muito a ganhar com a morte de Odete Roitman.
A aposentada contou que, na época da versão original, não conseguiu acompanhar a novela por causa do trabalho. Quando o remake foi anunciado, decidiu que, dessa vez, não perderia a chance.
— O Brasil inteiro parou para saber quem matou Odete Roitman, e eu fiquei de fora. Nem sou tão fã de novelas, mas eu precisava descobrir quem era esse assassino (risos) — divertiu-se.
O palpite mais certeiro veio das colegas de trabalho Rosemara Fernandes, 56 anos, e Thieli Borges, 32, ambas educadoras sociais. As duas apostaram que Odete Roitman terminaria a novela viva e bem acompanhada.
— Ela vai aparecer curtindo, com um boy magia até melhor que o Cauã Reymond — apostou Rosemara.
Momento de concentração
Quando o telão exibiu o fim do Jornal Nacional, que antecede a novela na grade da TV Globo, o público se animou. Quem estava em pé correu para achar um lugar nas cadeiras; quem já estava sentado, ajeitou-se em busca da posição mais confortável. Ninguém queria perder nada do capítulo derradeiro.
Assim que a novela começou, o barulho deu lugar à concentração. Nos intervalos, o que se via era gente literalmente correndo para ir ao banheiro ou garantir um saquinho de pipoca, como se cada segundo longe do telão significasse o risco de perder a resposta de um mistério que atravessou gerações.
Em meio ao suspense, também houve espaço para celebração: o público vibrou quando a protagonista Raquel surgiu vestida de noiva, prestes a se casar com Ivan. E quando o filho de Maria de Fátima apareceu nos braços de Bruno levando as alianças para o casal de mocinhos, o “fofurômetro” explodiu na Casa do Gaúcho. No beijo final de Raquel e Ivan, vieram os aplausos.

O público também celebrou com palmas calorosas o beijo entre as personagens Laís e Cecília, que se casaram no último capítulo. Já as cenas de humor renderam boas gargalhadas: Marco Aurélio e Leila carregando tornozeleiras eletrônicas e o reencontro atrapalhado entre Maria de Fátima e César provocaram risos coletivos.
A cada avanço da trama, o público também avançava em expectativa. Na hora da revelação, enquanto alguns espectadores reclamavam e outros bradavam que já sabiam desde o início, a catarse coletiva tomou conta. É o efeito Vale Tudo.